A profecia se cumpre: seca é uma realidade iminente nos campos argentinos
Foi cumprida a profecia. Às vezes acusados de "exagerados e até escandalosos", os produtores agropecuários da Argentina tiveram razão. Há quase 50 dias, em Pergamino e Chivilcoy, localidades de Buenos Aires, as chuvas vinham sendo necessárias, já que as áreas estavam sob um calor intenso e uma temperatura de 38°C. Desta forma, os cultivos começavam a mostrar sintomas de déficit hídrico no momento em que definiam seu potencial de rendimento. Outros setores da economia olhavam com desconfiança para estes mesmos produtores que, há três meses, se queixavam das inundações no ano passado.
Passaram 47 dias desde que Marcelo Testa, produtor, em entrevista ao La Nación, repetia: "Tem que chover já!". E não ocorreu. Ou sim, mas não foi suficiente: 4mm em janeiro e 15mm em fevereiro foi o saldo de chuvas nas áreas que ele trabalha em Manuel Ocampo, a 15km de Pergamino.
Ontem, o produtor explicou: "neste momento teria que chover 90mm ou 100mm. Para o milho plantado nos primeiros dias de setembro faltaram chuvas para conferir peso ao grão. A soja de primeira etapa teve excesso de temperatura e não recebeu água, de forma que houve aborto de flores". A respeito da soja de segunda etapa, Testa acrescentou: "temos que avaliar os próximos 20 dias se devemos continuar gastando insumos ou se abandonamos a área".
Mas ocorrem também situações distintas no setor. A apenas 20km de Ocampo, na zona de Pinzón, Arbolito e Carabelas, se observam áreas de soja em todo o seu esplendor. Qual é a razão? A princípio, a disparidade de chuvas dentro do partido de Pergamino: enquanto Pinzón recebeu 70mm em dois meses, a zona onde Testa cultiva choveu quase 20mm. Em segundo lugar, a profundidade da água armazenada no solo. O produtor dessa zona, Silvio Illia, disse que se solidariza com o restante dos produtores que vivem uma situação drástica.
Nos primeiros dez dias de janeiro, alguns produtores falavam de 30% de perdas nos rendimentos de soja de primeira etapa. Testa explicou: "um mês antes da colheita, nós, que produzimos cereal em campos arrendados, estamos em uma situação complicada. Há áreas de milho de primeira etapa que vão render entre 4000kg a 5000kg por hectare e outros, 8000kg e 9000kg por hectare. Na soja, haverá campos de 2000kg por hectare e, outros, de 3500kg a 4000kg por hectare.
Além dessa situação, os produtores argentinos seguem preocupados com o aumento de tarifas, do diesel e também com a comercialização de soja, que está parada, pelo temor de não se obter colheita.
Tradução: Izadora Pimenta
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