Brasil x Argentina da soja: a diferença na evolução do cultivo nas últimas cinco safras
Os dois principais países produtores de soja na América do Sul são vizinhos, mas enfrentam cenários diferentes quando o assunto é a produção da oleaginosa. No Brasil, a produção já passa das 100 milhões de toneladas, alcançando o maior produtor mundial, os Estados Unidos. Na Argentina, o cenário promissor é freado por condições climáticas que inviabilizam milhares de lavouras e por um imposto sobre a exportação de soja, as "retenciones", que levam a um crescimento mais expressivo da área de milho e a um baixo crescimento ou queda da área destinada à soja.
Confira as principais diferenças:
Brasil
Em 2012/13, o Brasil já desenhava seu movimento para safras cada vez mais recordes. Não houve problemas ocorridos durante a evolução do desenvolvimento vegetativo e a produtividade não teve graves comprometimentos. A região Centro-Sul registrou um aumento de 15,1% na produtividade, o que impactou na média final do país.
Na safra 2013/14, o país enfrentou problemas climáticos, que influenciaram no desenvolvimento das lavouras e também um fraco desempenho da segunda safra de soja. Mesmo com estes fatores, houve um aumento de 5,3% na produção. A Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) indicava para uma incerteza no incremento da área plantada na região Centro-Oeste, que era de 13.909,4 hectares. Em 2016/17, a estimativa do mesmo órgão é de que a região tenha plantado 15193,6 hectares.
2014/15 teve um início de plantio que coincidiu com uma redução dos preços internacionais. Além disso, um forte estresse hídrico foi sofrido nas principais regiões produtoras, sobretudo no Centro-Oeste do país. Por outro lado, a Região Sul ofereceu suporte com temperaturas adequadas e boa distribuição das chuvas ao longo do desenvolvimento das lavouras. Para 2015/16, houve um aumento da área plantada sustentado pelos preços elevados na Bolsa de Chicago (CBOT), mas um cenário de falta de chuvas e replantio de algumas áreas levou a uma queda de produtividade.
Em seu último boletim para a safra 2016/17 do Brasil, a Conab aponta para uma performance recorde da safra brasileira, com o clima ajudando no desenvolvimento das lavouras em todas as regiões do país. Para 2017/18, a área deverá ter mais um aumento, de 2%.
Argentina
Em 2012/13, mesmo com problemas com déficit hídrico e geadas no sul de Buenos Aires, a Argentina plantou uma área extensa em relação à safra anterior, que poderia ser ainda maior se não fosse a perda de 740.000 hectares. As produtividades elevadas também foram recompensadoras.
A safra 2013/14 sofreu com ambientes com umidade excessiva que provocaram a morte súbita de vários lotes, além de chuvas abundantes durante grande parte dos estados vegetativos e reprodutivos do cultivo, fator que promoveu o desenvolvimento de enfermidades fúngicas e a propagação de pragas. A perda total foi de 860.000 hectares.
O baixo crescimento durante 2015/16 e a perda de área expressiva em 2016/17 podem ser explicados pelas condições climáticas durante o desenvolvimento do cultivo. O último ano safra foi o que mais sofreu, uma vez que houve uma forte presença de inundações e alagamentos nas principais áreas produtivas do país, ocasionando em uma área perdida de 1,2 milhões de hectares do plantio até a colheita.
Os direitos de exportação sobre a soja, as chamadas "retenciones", que atualmente são de 30%, também têm prejudicado o aumento de área na Argentina. Assim que assumiu o Governo, o presidente Maurício Macri manteve a taxa para a oleaginosa, enquanto desonerou os demais produtos. Isso, de acordo com a Acsoja, associação que representa o setor no país, resultou em um crescimentode 5% a 6% na área de milho e em uma falta de interesse de plantio em áreas mais isoladas dos portos.
"Como está a situação, a área não deve crescer. Será igual ou um pouco menos do que na safra passada", indicou Rodolfo Rossi, presidente da Acsoja, ao jornal La Nación.
0 comentário
Pátria: Plantio da soja 2024/25 chega a 83,29% da área
Soja tem cenário de sustentação em Chicago agora, principalmente por força da demanda
USDA informa novas vendas de soja nesta 6ª feira, enquanto prêmios cedem no Brasil
Soja opera estável nesta 6ª em Chicago, mas com três primeiros vencimentos abaixo dos US$ 10/bu
Soja volta a perder os US$ 10 em Chicago com foco no potencial de safra da América do Sul
USDA informa nova venda de soja - para China e demaisa destinos - e farelo nesta 5ª feira