Soja: Dólar favorece mercado brasileiro e 4ª feira fecha com preços melhores nos portos
Nesta quarta-feira (13), o dólar voltou a subir frente ao real no Brasil e favoreceu, mesmo que de forma tímida, a formação dos preços no Brasil. No porto de Paranaguá, com a moeda norte-americana encerrando o dia com R$ 3,03, o valor da soja disponível fechou o dia estável em R$ 66,80 por saca, enquanto subiu 0,74% em Rio Grande, para R$ 68,00. E a soja da nova safra brasileira, com entrega em maio do ano que vem, terminou os negócios em R$ 72,50, com ganho de 0,69%.
Além da alta do dólar, o mercado pode contar ainda com as leves altas registradas pela oleaginosa na Bolsa de Chicago, principalmente depois das severas baixas registradas na sessão anterior. Assim, entre os principais vencimentos, as altas foram de 1,75 a 2,75 pontos, com exceção do maio/15 - que está em seus últimos dias de negociação - e encerrou a sessão subindo 8 pontos.
Completando o cenário um pouco mais favorável para os preços da soja no Brasil há ainda um avanço dos prêmios nos portos, principalmente depois das baixas da sessão desta terça (12), que se mostram em patamares bastante importantes. As principais posições de entrega, no terminal de Paranaguá, registram prêmios que variam de 60 a 90 cents de dólar sobre os preços praticados em Chicago.
Para o analista de mercado Flávio França Junior, da França Junior Consultoria, essas valorizações e a movimentação das cotações no mercado futuro americano indicam uma possibilidade de "recuperação e melhora para os preços da safra velha de soja e, consequentemente, melhores oportunidades de comercialização para o produtor brasileiro". Segundo seu levantamento, ainda há cerca de 35% da oleaginosa da temporada 2014/15 para ser comercializada.
Ainda segundo França, o último boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportado nesta terça mostrou, em linhas gerais, números mais baixistas para as cotações, principalmente nas posições mais distantes praticadas na CBOT, as quais têm como referência a safra 2015/16 dos EUA. E que, de outro lado, temos estoques finais menores nos EUA e no mundo da temporada 2014/15, além de uma demanda chinesa que segue muito forte.
"O que ficou bem claro é que já se começa a separar a safra nova da safra velha. O mercado ignorou uma redução nos estoques da safra atual, redução essa que ficou acima das expectativas. A situação da safra velha mantém os estoques (dos EUA) não exatamente apertados, mas em uma situação mais tensa. E aumenta, com isso, a importância de se ter uma nova safra cheia nos EUA", afirma França. Afinal, no mesmo boletim, o USDA trouxe uma estimativa das importações de soja da China no próximo ano de 77,5 milhões de toneladas, bem como um aumento do esmagamento da oleaginosa no país.
"Com isso, acredito que na próxima semana já poderemos ver o spread (a diferença entre os preços dos diferentes vencimentos) entre safra velha e safra nova, com a velha mais positiva e a nova mais negativa. Por isso, para o nosso produtor, esse pode ser um momento de cautela, já que os preços para a safra velha podem melhorar, bem como a taxa de câmbio mais a frente, e trazer melhores oportunidades", completa o analista.
Sobre a demanda chinesa, França afirma que os atuais preços mais baixos poderiam atrair ainda mais as compras da nação asiática. A projeção de estatais do país é de que, nos próximos meses, suas compras passem de mensais 7 milhões de toneladas. "Os chineses vão comprar mais e vão formar estoques", acredita.
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