Soja: Mercado fecha acima dos US$ 9,80 na CBOT e pode ter novo cenário, diz consultor
Na sessão desta quarta-feira (29), as principais posições da soja fecharam a sessão com altas de dois dígitos na Bolsa de Chicago e o mercado rompeu o patamar dos US$ 9,80 por bushel nos três primeiros vencimentos. Os contratos maio e julho/15 terminaram o dia valendo US$ 9,88 e o agosto/15, US$ 9,82.
Paralelamente, o dólar também registrou alguma valorização nesta quarta-feira - fechando com alta de 0,52% a R$ 2,9574 - e permitindo alguma recuperação das cotações da soja no Brasil, principalmente nos portos. Assim, a soja em Paranaguá embarque maio terminou os negócios subindo 1,53% para R$ 66,50 por saca, enquanto em Rio Grande, alta e 1,34% para R$ 68,00 por saca. Ainda no terminal gaúcho, o indicativo de preço para a soja com entrega em maio do ano que vem ficou em R$ 72,00, subindo 1,41%.
No interior do país, altas também foram registradas, porém, ainda tímidas e insuficientes para atraírem os produtores, novamente, à ponta vendedora do mercado. Nas principais praças de comercialização, os ganhos variaram de 0,88% a 2,73%, com destaque para as praças de comercialização do Sul do Brasil, de acordo com um levantamento feito pelo Notícias Agrícolas.
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Para o consultor de mercado Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, o mercado, depois dos últimos movimentos, indica que tem mais potencial para levar as cotações a se aproximarem mais dos US$ 10,00 por bushel novamente do que levá-las para perto dos US$ 9,00. "E isso já era uma preocupação dos produtores, já que a linha dos US$ 9,00 poderia comprometer a rentabilidade da soja em grande parte das principais regiões produtoras brasileiras", explica.
Cogo explica ainda que o dólar mais desvalorizado ainda é o mais forte fator de pressão sobre os preços, os quais têm, no entanto, encontrando um fôlego na "revalorização de Chicago, que voltou a acontecer nos últimos dias, e nos prêmios, que ainda estão positivos". Entretanto, uma coisa ainda não compensou a outra. "A queda de preços no Brasil tem também outros motivos e foi mais acentuada do que a combinação de altas em Chicago e prêmios", completa.
Bolsa de Chicago
Para alguns analistas internacionais, além de uma recuperação técnica do mercado depois de baixas consecutivas e do ainda presente movimento de cobertura de posições por parte dos fundos de investimentos, as novidades vindas do quadro da demanda - com os dois anúncios de vendas feitas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no início da semana - também incentivam essa alta das cotações.
"A demanda continua firme, levando a crer que em alguma hora o USDA vai ter que aumentar seu número das exportações e reduzir as estimativas dos estoques finais norte-americanos", explica o consultor de mercado Steve Cachia, da Cerealpar. E, ao mesmo tempo, os vendedores seguem retraídos, tanto na América do Sul quanto nos Estados Unidos, e isso contribui para essa firmeza. "A comercialização está em uma fase mais devagar agora, mas dentro da realidade do mercado, nada de anormal", completa o consultor.
Paralelamente, sobre a nova safra norte-americana não há muitas novidades. Porém, ainda segundo Cachia, a melhora das condições climáticas nas principais regiões produtoras dos Estados Unidos tranquiliza um pouco o mercado, ao passo que sinaliza que não deverá haver uma transferência de área de milho para a soja por conta do tempo de plantio ainda restante como vinha sendo especulado há algumas semanas.
Além disso, outro fator que estimulou as altas da soja em Chicago foi o dólar mais baixo no mercado internacional frente às principais moedas. "Com isso, a soja fica barata em dólar para os compradores, inclusive a China. Isso não vinha acontecendo e por isso se desviava compras para a América do Sul, assim o mercado norte-americano voltou a ser atrativo", explica Carlos Cogo.
A retenção de soja no Brasil e na Argentina, com o produtor aguardando novos bons momentos para comercializar, também acaba atuando como fator de suporte para o mercado da soja, ainda de acordo com Cogo. "Até a terceira semana de abril, o Brasil havia exportado 13,1 milhões de toneladas de soja em grão, contra 17,3 milhões no mesmo período da temporada anterior, uma queda de 25% nas vendas. E isso decorre da insegurança, da incerteza em vender por parte do produtor de negociar nesses últimos meses - entre março e abril - em decorrência da volatilidade do câmbio", diz.
Veja como fecharam as cotações nesta quarta-feira e confira a íntegra da entrevista de Carlos Cogo:
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