Soja: À espera do início da nova safra dos EUA, mercado mantém tom conservador nesta 3ª
O mercado internacional da soja, nesta terça-feira (14), tenta segurar ligeiras altas na Bolsa de Chicago e opera em campo positivo. Por volta das 7h30 (horário de Brasília), os principais vencimentos subiam entre 2,25 e 3,50 pontos, buscando sustentar o patamar dos US$ 9,50 por bushel.
Segundo explicam analistas, nesse momento, o mercado opera mantém sua postura mais conservadora e defensiva à espera das primeiras informações da nova safra norte-americana de grãos dos Estados Unidos. O plantio do milho já se iniciou em algumas áreas e o da soja deve ter início nas próximas semanas.
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou, nesta segunda-feira, 13 de abril, seu primeiro boletim de acompanhamento de safras da temporada 2015/16. O reporte informou que, até o último domingo (12), já havia 2% da área de milho plantada nos EUA. No mesmo período do ano passado, esse índice era de 3% e a média dos últimos cinco anos é de 5%.
Assim, as atenções dos investidores se voltam, desde já, para o comportamento do clima norte-americano e o desenvolvimento das informações da temporada 2015/16.
Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira:
Soja fecha o dia estável em Chicago e com ligeira valorização nos portos do Brasil
O mercado da soja fechou essa primeira sessão da semana com ligeiras baixas na Bolsa de Chicago. Os futuros da soja fecharam o dia com baixas de 2,75 a 3,25 pontos entre os principais vencimentos, depois de um pregão com o mercado caminhando de lado e exibindo oscilações pouco expressivas.
Segundo explicou o analista de mercado Fernando Pimentel, da Agrosecurity, a falta de notícias que possam incentivar uma movimentação para qualquer direção dos preços é, nesse momento, o principal fator que justifica esse andamento mais limitado das cotações no cenário internacional, principalmente com o mercado esperando o início da nova safra norte-americana.
Dessa forma, ainda de acordo com o analista, o mercado busca se manter próximos do patamar de US$ 9,50 por bushel, o qual tem sido uma referência de piso para os preços em Chicago. E as informações que trarão uma nova configuração para os valores dos grãos no mercado internacional serão aquelas advindas da temporada 2015/16 dos EUA. "Essa resposta será dada mesmo entre julho e agosto", diz Pimentel sobre a evolução do mercado nas próximas sessões.
Segundo relatou o site internacional Farm Futures, as chuvas começam a chegar a importantes regiões produtoras e já sinalizam alguma pressão sobre as cotações. Porém, os analistas seguem afirmando que ainda é cedo para se definir uma tendência para as cotações daqui em diante.
"Chuvas benéficas começam a chegar ao Meio-Oeste e deverão beneficiar as safras que começarão a ser plantadas nos próximos dias. O plantio do milho pode começar, nas áreas mais ao leste, no final desta semana, se os campos no Corn Belt secaram um pouco. Já o plantio da soja ainda começará em uma semana ou duas", explica Bob Burgdorfer, analista de mercado do portal.
Burgdorfer diz ainda que os números neutros que vieram do boletim semanal do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sobre os embarques semanais e mais o bom desenvolvimento da colheita da soja na América do Sul também são fatores que limitam o avanço das cotações ou chegam até mesmo a exercer, também, uma pressão sobre os preços. Paralelamente, os movimentos de comercialização da safra sulamericana, principalmente Brasil e Argentina, também pesam sobre o mercado internacional, como explica Fernando Pimentel.
Na semana que terminou em 9 de abril, os embarques de soja norte-americanos somaram 450,317 mil toneladas contra 300,716 mil da semana anterior. As expectativas do mercado variavam entre 330 mil e 490 mil toneladas. Assim, os embarques acumulados no ano comercial totalizam 45.341,965 milhões de toneladas, enquanto na safra 2013/14, nesse mesmo período, o número era de 40.945,408 milhões de toneladas. O USDA projeta que, em toda a temporada atual, serão exportadas 48,72 milhões de toneladas da oleaginosa.
Mercado Interno
No Brasil, o dia também foi de pouca movimentação para as cotações. Nesta segunda-feira, o dólar registrou ligeiras altas frente ao real, recuperou o patamar dos R$ 3,10 e deu algum fôlego para as cotações nos portos brasileiros.
Em Paranaguá, o preço subiu 0,75% em relação à última sexta-feira e fechou com R$ 67,00 por saca; em Rio Grande, a soja disponível teve alta de 0,44% passando para R$ 68,00 e a com entrega maio/15 registrou ganho de 0,29% e fechando com R$ 69,00. Em Santos, o preço manteve os R$ 68,50 por saca.
"A semana começou com movimentações no câmbio, porém, as indicações (de preços) estão muito aquém do que esperam os produtores. O mercado brasileiro está muito devagar, praticamente sem negócios", explica Camilo Motter, analista de mercado e economista da Granoeste Corretora de Cereais sobre a comercialização da soja no Brasil.
"No âmbito externo, acredito mesmo que os melhores eventos para formação do preço virão do ritmo de plantio e das condições de clima no Meio Oeste americano. Portanto, teremos mais alguns dias de limbo", completa o analista.
De acordo com levantamento feito pela consultoria AgRural no final de março, as vendas da safra 2014/15 de soja no país chegaram a 53%, registrando, em um mês, uma elevação de 13 pontos percentuais. Porém, desde então, a comercialização perdeu ritmo, haja vistas a desvalorização do dólar frente ao real que, aliada às baixas consecutivas registradas em Chicago, fizeram os preços perderem os patamares atrativos para os produtores brasileiros.
"Desde o último dia 3, pouca coisa rodou (poucos negócios aconteceram), tanto da soja disponível, quanto da safra 2015/16. Já se vendeu bastante em março e os produtores estão bem capitalizados", disse Daniele Siqueira, analista da AgRural à agência Reuters.
Em março, as exportações de soja do Brasil, por outro lado, subiram em relação a janeiro e fevereiro. De acordo com informações da Secretaria de Comércio Exterior, as vendas externas do país somaram 1.78,1 milhão de toneladas, gerando um receita de US$ 694,6 milhões.
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