Com USDA neutro, soja tem recuo técnico e fecha em baixa na CBOT

Publicado em 11/06/2014 17:27

O mercado da soja na Bolsa de Chicago fechou a sessão desta quarta-feira (11) em campo negativo e os vencimentos mais próximos lideraram as perdas e encerraram o dia com baixas de dois dígitos. Segundo Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, o mercado se frustrou com o relatório de oferta e demanda divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que trouxe poucas novidades.

Com um boletim neutro e números que já não refletem com fidelidade a situação real dos Estados Unidos, o mercado registrou mais um pregão de movimentos técnicos e acentuou o recuo no fechamento. "O USDA não trouxe novidades, mas trouxe uma frustração para o mercado, assim, os investidores buscaram realizar lucros, liquidar parte de suas posições, para testar os próximos movimentos", explicou Brandalizze. 

Os estoques finais de soja dos Estados Unidos da safra 2013/14 foram reduzidos de 3,54 milhões de toneladas, estimadas em maio, para 3,4 milhões de toneladas. As exportações e importações norte-americanas foram mantidas e ficaram, respectivamente, em 43,5 milhões e 2,45 milhões de toneladas. Para ambos os números, o mercado apostava em uma revisão para cima, já que as vendas do país, apesar de uma demanda interna também aquecida e de uma severa escassez de produto no país, seguem acontecendo em um ritmo bastante forte.

As exportações de soja dos Estados Unidos, ou seja, o volume da oleaginosa da safra velha já comprometido, já se aproxima de 45 milhões de toneladas, superando largamente a estimativa do USDA, e os embarques efetivos estão muito próximos dessa projeção e já somam quase 93 milhões de toneladas faltando ainda 12 semanas para o encerramento do ano comercial. 

"Essa foi a maior frustração do mercado, pois são números que não são reais. Os Estados Unidos seguem negociando. Nós deveremos ver novos volumes no boletim das exportações semanais e são necessárias mais importações para que as contas fechem", disse Brandalizze. "Por isso o mercado teve esse movimento meramente técnico. Não houve nenhum número que pudesse provocar essa baixa, mas, também, nenhuma novidade para estimular novas altas", completa. 

No entanto, o consultor acredita que, com esse recuo que levou à quebra de alguns patamares de suporte como os US$ 14,60 e, em seguida os US$ 14,50 para o vencimento julho,  os preços deverão esboçar, nos próximos dias, uma correção positiva. Os atuais baixos preços da soja praticados em Chicago podem fortalecer e estimular ainda mais a demanda, que ainda não dá sinais de desaquecimento. E, com a situação ainda crítica nos Estados Unidos, preços mais altos são a única maneira de conter essas compras e nos níveis de preços vistos, isso não acontece.

Safra 2014/15

Para a safra nova, o USDA também não surpreendeu. A estimativa para a temporada 2014/15 dos Estados Unidos é de que a produção alcance as 98,93 milhões de toneladas, com uma produtividade de 51,25 sacas por hectare. As exportações norte-americanas deverão subir para 44,23 milhões de toneladas e o esmagamento chegar às 46,67 milhões de toneladas. O departamento, porém, trouxe um ligeiro recuo nos estoques finais da nova safra que passaram de 8,98 milhões de toneladas, estimadas em maio, para 8,85 milhões. 

Também diante dessa falta de novidade, o mercado exibiu perdas pouco expressivas para os contratos mais distantes. O setembro fechou o dia com 8,50 pontos de baixa, cotado a US$ 12,62, e o novembro, referência para a nova safra dos Estados Unidos, encerrou o dia US$ 12,20, perdendo 8,60 pontos. 

Mercado Interno 

As perdas registradas nesta quarta-feira em Chicago tiveram pouco impacto sobre o mercado brasileiro de soja. Os valores que mais sentiram foram os praticados nos portos, mas que ainda assim foram compensados pelo ganho do dólar frente ao real. No mercado disponível, as cotações pouco se alteraram, uma vez que os negócios aqui no Brasil continuam caminhando em ritmo mais lento e os vendedores estão mais retraídos nesse momento.

No Porto de Rio Grande, o valor da soja disponível caiu 0,57% e fechou a R$ 70,30 por saca e o da soja para maio/2015 ficou em R$ 66,80/saca, com baixa de 0,45%. Já no Porto de Paranaguá, a soja disponível recuou 0,71% e o valor final foi de R$ 70,00. Nos melhores momentos da safra para os preços, registrados em maio, esses valores chegaram a R$ 74,00. 

Veja os números do USDA para a SOJA:

Soja USDA

Milho: Mercado reflete números do USDA e termina pregão em queda em Chicago

Por Fernanda Custódio

Na Bolsa de Chicago (CBOT), os futuros do milho negociados terminaram a sessão desta quarta-feira (11) em campo negativo. Ao longo das negociações, as cotações até esboçaram uma leve recuperação, porém, o movimento não foi sustentado e, as principais posições da commodity encerraram o pregão com perdas entre 2,75 e 4,50 pontos. O contrato julho/14 era cotado a US$ 4,41 por bushel. 

Pelo terceiro dia consecutivo, os preços fecharam o pregão em queda. Nesta quarta-feira, o mercado refletiu os números do novo relatório de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), divulgado hoje. O órgão reportou a produção mundial, referente à safra 2014/15, em 981,12 milhões de toneladas, contra 979,08 milhões de toneladas estimadas no boletim de maio.

Consequentemente, os estoques globais também foram ajustados para cima e aumentaram de 181,73 milhões de toneladas para 182,65 milhões de toneladas. E, ao contrário das especulações dos participantes do mercado, o departamento manteve os números de produção e produtividade da safra norte-americana em 353,97 milhões de toneladas e 174,95 sacas por hectare, respectivamente.

Inclusive, o analista de mercado da Jefferies, Vinicius Ito, destaca que as previsões climáticas favoráveis para o desenvolvimento das plantações dos EUA, têm sido um dos principais fatores de pressão sobre os preços do cereal em Chicago. “Com o bom clima na hora de polinização das lavouras, poderíamos ter uma taxa melhor e isso tem pesado no mercado. Além disso, a queda no nível das exportações do país também contribui para a queda nas cotações”, ratifica o analista.

Segundo informações divulgadas pela agência internacional de notícias Bloomberg, um mix favorável de chuvas, sol e temperaturas mais quentes nas próximas duas semanas irá impulsionar o desenvolvimento das culturas do milho e da soja nos EUA, maior produtor de grãos e oleaginosas. E a expectativa é que os rendimentos das plantações de milho possam subir para um recorde de 177,27 sacas por hectare neste ano, superando a projeção do USDA, de 174,95 sacas por hectare.

Ainda durante a sessão desta quarta-feira, o vencimento dezembro/14, caiu 0,7% para US$ 4,41 por bushel, já o julho/14 alcançou o patamar de US$ 4,39 por bushel, o menor nível desde 11 de fevereiro. A agência internacional ainda indica que, o grão já caiu 20% nos últimos 12 meses frente às previsões de aumento nos estoques norte-americanos e mundiais. 

Do lado da análise gráfica, a tendência é baixista para os preços do cereal. E se as cotações do milho romperem o patamar de US$ 4,40 por bushel, os contratos poderão cair mais 10% e chegar ao nível de US$ 4,00 por bushel. 

BMF&Bovespa

As cotações do milho negociados na BMF&Bovespa trabalham do lado negativo da tabela, 0 vencimento julho/14 é cotado a R$ 25,30.. Nos últimos pregões, os preços do cereal têm acompanhado o movimento de queda em Chicago. Além disso, a proximidade da colheita da safrinha de milho também ajuda a pressionar os preços no mercado interno. No estado de MT, a área colhida até o momento é de 1,5%, conforme apontou o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia e Agropecuária).

Na região de Sinop (MT), por exemplo, as cotações do cereal baixaram de R$ 18,00 para R$ 13,00 nos últimos meses. E a expectativa das corretoras da região é de preços ainda mais baixos. Segundo o vice-presidente do Sindicato Rural do município, Antônio Galvan, a expectativa é que o Governo tenha que intervir mais uma vez no mercado. “Realmente, com esses preços será necessária à intervenção do Governo no mercado. O valor não cobre os custos de produção e está próximo do preço mínimo fixado pelo Governo, de R$ 13,56 a saca”, diz Galvan. 

Nesta terça-feira, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a safra brasileira de milho, entre primeira e segunda safra, deverá totalizar 77,9 milhões de toneladas, um aumento de 3,6% em relação à última projeção. Diante desse cenário, os analistas destacam que a produção brasileira dependerá das exportações do cereal, que, por enquanto, estão mais lentas, porém a expectativa é que ganhe ritmo a partir do segundo semestre. 

Veja abaixo as projeções do USDA para a produção de milho dos EUA e mundial:

Milho USDA - Junho

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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