Bovespa fecha com ganho de 2,03%, em novo recorde de 2009
Passado o susto com o episódio Dubai, os investidores voltaram com ânimo às compras na jornada desta terça-feira, empurrando a Bolsa brasileira para seu maior "preço" do ano, o mais alto desde junho de 2008. O bom humor foi favorecido por uma bateria de notícias favoráveis das economias asiática, europeia e também dos EUA. A taxa de câmbio doméstica cravou R$ 1,72.
O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, subiu 2,03% no fechamento, aos 68.408 pontos. O recorde histórico da Bovespa é 73.516 pontos, registrado em 20 de maio de 2008.
"Parece que 'Dubai' realmente passou. Houve uma reação muito exagerada, mas o mercado logo percebeu que o episódio não afetou globalmente, mas sim, locamente, na Ásia e um pouco menos, na Europa. Além disso, as commodities subiram bem, o que sempre ajuda a nossa Bolsa", avalia Boris Kogan, profissional da corretora Walpires.
Kogan avalia que a Bolsa pode ter um período de instabilidade até o final de ano, mas sustenta que a tendência ainda é positiva. "É claro que nós vamos ter alguns pregões muito volatéis, mas enquanto houver fluxo, a Bolsa deve sugir", diz ele.
A Bolsa de Nova York ainda opera e registra alta de 1,29%. Na Europa, as principais Bolsas concluíram os negócios em seus maiores patamares dos últimos quatro meses.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,723, em um declínio de 1,76%. A taxa de risco-país marca 219 pontos, número 4,78% abaixo da pontuação anterior.
"O mercado andou um pouco estressado por esses dias, por conta do caso de Dubai, tanto que ontem, alguns se aproveitaram disso para influenciar a Ptax [taxa média de câmbio]. Mas hoje as Bolsas europeias fecharam lá em cima, teve a produção industrial da China, o Japão mostrou dinheiro para segurar o iene. Quer dizer, teve um conjunto de fatores que ajudou o mercado a voltar um pouco ao normal", comenta Ideaki Iha, da mesa de operações da corretora Fair.
Vários fatores contribuíram para reduzir a ansiedade sobre o episódio Dubai, visto inicialmente como um possível estopim de uma nova crise. Ontem, o banco central dos Emirados Árabes declarou que abriria uma linha de ajuda emergencial para bancos mais diretamente afetados pelo 'default'. E hoje, o pivô da crise, a empresa Dubai World, forneceu mais detalhes sobre o processo de reestruturação dos pagamentos, o que também ajudou a aliviar os mercados.
Entre as principais notícias do dia, o banco central japonês anunciou uma linha de 10 trilhões de ienes (US$ 115 bilhões) para evitar uma nova recessão. O destaque, no entanto, fica por conta da China: a empresa de pesquisa Markit, baseada em dados do banco HSBC, registrou uma expansão histórica do setor manufatureiro local. Na Europa, a taxa de desemprego na zona do euro ficou estável entre outubro e setembro (9,8%).
E nos EUA, o Departamento de Comércio registrou o primeiro avanço (0,06%) em seis meses no nível de gastos no setor de construção civil, melhor do que o esperado.
A NAR (Associação Nacional de Corretores de Imóveis, na sigla em inglês) reportou o nono mês consecutivo de aumento das vendas pendentes de imóveis, em outubro.
Ainda nos EUA, o ISM (Instituto de Gestão de Oferta, na sigla em inglês) comunicou uma desaceleração no nível de atividade do setor manufatureiro em novembro, num desempenho pior do que previsto por analistas de Wall Street.
No front doméstico, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) apontou inflação de 0,26% em novembro, pela leitura do IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor - Semanal). Em outubro, a variação foi de 0,01%.
O Ministério do Desenvolvimento registrou um superavit comercial de US$ 615 milhões no mês de novembro, resultado de exportações de US$ 12,653 bilhões e importações de US$ 12,038 bilhões neste período. Trata-se do segundo pior resultado deste ano da balança, que em janeiro foi deficitária em US$ 529 milhões.
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