Dólar avança após dados de inflação e relatório do BC; tarifas dos EUA seguem em foco
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista subia ante o real nesta quinta-feira, em movimento na contramão das perdas da moeda norte-americana no exterior, à medida que os investidores analisavam dados e o Relatório de Política Monetária do Banco Central, enquanto reagiam aos novos anúncios de tarifas dos Estados Unidos.
Às 10h32, o dólar à vista subia 0,51%, a R$5,7621 na venda.
Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,49%, a R$5,770 na venda.
A sessão desta quinta era marcada por uma série de variáveis relevantes no Brasil e no exterior, com investidores divididos entre fatores de alta para o dólar na cena doméstica, enquanto elementos de baixa predominavam no cenário exterior.
No mercado nacional, os ganhos da divisa dos EUA eram impulsionados pela expectativa dos operadores por altas menores na taxa Selic nos próximos meses, após a divulgação de dados de inflação abaixo do esperado e de projeções mais fracas do BC para a economia brasileira.
O IBGE divulgou mais cedo que a alta do IPCA-15 de março desacelerou mais do que o esperado na base mensal, a 0,64%, de um ganho de 1,23% em fevereiro. Economistas consultados pela Reuters projetavam um avanço de 0,70% no mês.
Em 12 meses, o IPCA-15 acelerou menos do que o esperado, registrando ganho de 5,26% em março, de alta de 4,96% no mês anterior e ante a projeção dos analistas de avanço de 5,30%.
Enquanto isso, ao divulgar seu Relatório de Política Monetária, o BC afirmou que passou a ver o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescendo menos em 2025 do que o projetado anteriormente, com expansão de 1,9% agora, ante uma alta de 2,1% na estimativa de dezembro.
As duas divulgações levavam operadores a precificar 78% de chance de uma alta de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros em maio, contra 22% de probabilidade de aumento de 0,75 ponto. Na véspera, a chance do aumento menor estava em 62%.
A curva de juros, por sua vez, também refletia a nova expectativa, com as taxas dos DIs recuando para uma série de contratos.
Juros menores no Brasil implicam um diferencial de juros menor do país em relação a seus pares, o que acaba desvalorizando a moeda brasileira ao afastar investidores estrangeiros.
Neste mês, o BC elevou a Selic em 1 ponto percentual, a 14,25% ao ano, pelo terceiro encontro consecutivo, sinalizando ainda um novo aumento de menor magnitude na próxima reunião, em maio.
"Acho que o mercado está estritamente de olho nos dados domésticos mesmo. A questão tarifária externa segue em pauta, mas como há muita indefinição ainda, o investidor resolveu parar para olhar o local aqui", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
"IPCA-15 de março pegou. Pressão veio logo na esteira da divulgação, que veio abaixo do esperado", completou.
Já no cenário externo, o dólar recuava diante das crescentes incertezas sobre os planos tarifários do presidente dos EUA, Donald Trump, um dia depois de ele anunciar a implementação de taxas de até 25% sobre as importações automotivas.
Segundo o presidente norte-americano, as novas taxas entrarão em vigor em 3 de abril, um dia depois da data em que ele vem prometendo anunciar uma série de tarifas recíprocas -- taxas que responderão às barreiras impostas por outros países sobre produtos dos EUA.
Economistas temem que as medidas comerciais possam reacender a inflação nos EUA e ainda provocar uma recessão, à medida que o país já demonstra sinais de desaceleração econômica em alguns setores.
"Lá fora, existe um clima de aversão ao risco, muito impulsionado por esse receio de novas tarifas ameaçadas pelo presidente norte-americano. Mais uma vez essa saga sem fim, que gera maior incerteza e prejudica os índices de confiança", disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,22%, a 104,410.
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