Dólar cai ante real sob influência da ata do Copom e do exterior
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar interrompeu uma sequência de altas e encerrou a terça-feira em queda no Brasil, mas ainda acima dos R$5,70, com as cotações reagindo à divulgação da ata do último encontro do Copom e ao recuo da moeda norte-americana também no exterior.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,78%, aos R$5,7081, após ter subido nas três sessões anteriores. No ano, a divisa dos EUA acumula queda de 7,62% ante o real.
Às 17h06 na B3 o dólar para abril -- atualmente o mais líquido no Brasil -- cedia 0,88%, aos R$5,7180.
No início do dia o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou a ata do encontro da semana passada, quando o colegiado subiu a taxa Selic em 100 pontos-base, para 14,25% ao ano, sinalizando a intenção de promover novo aumento em maio -- desta vez de menor intensidade.
No documento, o BC citou a elevada incerteza e reforçou que o ciclo de alta de juros não está encerrado. A ata pontuou ainda que “o cenário de convergência da inflação à meta torna-se mais desafiador com expectativas desancoradas para prazos mais longos e exige uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado”.
Para profissionais ouvidos pela Reuters, a ata foi "hawkish" (dura com a inflação), o que contribuiu para a queda do dólar ante o real.
“A ata pegou no câmbio, porque sugeriu continuidade da alta de juros e cortes da Selic não tão breves”, pontuou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik. “O mercado desmontou posições defensivas no dólar e também houve fluxo de entrada de moeda”, acrescentou.
Na prática, uma Selic mais elevada, e por mais tempo, amplia o diferencial de juros do Brasil, o que favorece a entrada de dólares no país, pesando nas cotações.
Além do fator interno, o câmbio no Brasil era influenciado pela queda do dólar ante outras divisas no exterior.
“O DXY (índice do dólar) não caiu tão expressivamente hoje, mas caiu. De certo modo, esperávamos um cenário bem pior lá fora, mas o dólar tem sofrido forte desvalorização”, comentou Victor Furtado, head de Alocação da W1 Capital.
Neste cenário, após registrar a cotação máxima da sessão de R$5,7539 (+0,02%) às 9h01, logo após a abertura, o dólar à vista atingiu a mínima de R$5,6776 (-1,31%) às 12h06.
Durante a tarde a moeda norte-americana recuperou um pouco de força, para fechar pouco acima dos R$5,70.
Às 17h21, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,10%, a 104,200.
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