Taxas dos DIs sobem em novo dia de ajustes pós-Copom
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a sexta-feira em alta ante o real, pela segunda sessão consecutiva, com investidores ainda ajustando posições após o Banco Central sinalizar a intenção de desacelerar o ciclo de altas da Selic em maio, numa sessão marcada ainda pela alta do dólar ante o real.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 -- um dos mais líquidos no curto prazo -- estava em 14,955%, ante o ajuste de 14,874% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 14,785%, em alta de 13 pontos-base ante o ajuste de 14,652%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,68%, ante 14,563% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,7%, ante 14,602%.
Após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na quarta-feira, as taxas dos DIs já haviam registrado avanços firmes no dia seguinte, com parte dos investidores ajustando posições em meio à sinalização da autoridade monetária de que a Selic terá alta menor do que 100 pontos-base em maio.
Nesta sexta-feira os ajustes continuaram.
“Nós viemos de uma sequência boa para ativos de risco, com dólar em baixa, juros em baixa e Ibovespa em alta”, pontuou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. “Aí veio o Copom, com a sinalização de que vai reduzir o aperto (monetário). Só que isso foi de certo modo antecipado. Agora há um rebote, um ajuste”, comentou.
Na renda fixa, este ajuste se traduziu nesta sexta-feira na elevação das taxas dos DIs, em movimento favorecido ainda pela alta do dólar ante o real e pelo avanço dos rendimentos dos Treasuries durante a tarde.
Às 10h28 e em outros momentos durante a tarde a taxa do DI para janeiro de 2033 atingiu o pico de 14,76%, em alta de 16 pontos-base.
Os ajustes pós-Copom já se refletem no mercado de opções da B3. A probabilidade precificada nas opções de Copom de elevação de 50 pontos-base da Selic em maio saltou de 57% para 68% de quarta para quinta-feira. A chance de alta de 75 pontos-base foi de 8,25% para 12,00%.
Na outra ponta, a probabilidade de manutenção da Selic em maio caiu de 13,00% para 3,60%.
Na prática, o mercado caminhou para posições ainda conservadoras sobre a política monetária, considerando os alertas feitos pelo BC no comunicado da última quarta-feira. Nele, a instituição destacou fatores como a desancoragem das expectativas de inflação e a elevada incerteza para justificar a continuidade do ciclo de altas da Selic, hoje em 14,25% ao ano.
“Eu vejo dois cenários mais possíveis: o de uma alta de 50 (pontos-base) em maio, e acabou (o atual ciclo); ou o de uma alta de 50 em maio e 25 em junho”, disse Spiess, para quem as chances de elevação de 75 pontos-base em maio são menores.
Crítica contumaz da política monetária, a agora ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, adotou um tom mais diplomático ao falar sobre as próximas decisões do Copom -- hoje com Gabriel Galípolo, um indicado do atual governo, na presidência do BC.
“Eu tenho expectativa de que o BC agora... considere a realidade econômica do país, considere, enfim, a questão da inflação para ter uma política mais compatível com nossa realidade", disse em entrevista à CNN Brasil durante a tarde.
Gleisi também afirmou que a meta contínua de 3% de inflação, perseguida pelo BC, é “justa”. "Não acho que seja o caso de discussão de mudança e não acho que a inflação, mesmo estando acima da banda da meta, esteja absurdamente estourada", afirmou.
No exterior, às 16h46, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 2 pontos-base, a 4,25%.
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