Ibovespa sobe e fecha na máxima desde outubro orbitando 131 mil pontos
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta pelo quarto pregão seguido nesta segunda-feira, ultrapassando os 131 mil pontos no melhor momento e renovando máxima em quase cinco meses, em movimento guiado pelas blue chips Itaú, Petrobras e Vale.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa avançou 1,46%, a 130.833,96 pontos, tendo alcançado 131.313,48 pontos na máxima e 128.957,09 pontos na mínima do dia.
Foi o maior patamar de fechamento desde 28 de outubro do ano passado, quando o Ibovespa encerrou a 131.212,58 pontos.
O volume financeiro nesta segunda-feira somou R$23,1 bilhões.
As ações brasileiras vêm se beneficiando de uma rotação global de portfólios, com dados da B3 sobre a movimentação de estrangeiros na bolsa paulista mostrando entrada líquida de R$2,26 bilhões em março até o dia 13.
De acordo com os estrategistas Aline Cardoso e Guilherme Motta, do Santander no Brasil, dados de atividade econômica mais fracos recentemente no país também reforçaram a percepção de que o pico da Selic pode ser menor do que o esperado.
A equipe de macroeconomia do Santander vê a Selic chegando a 15,5% em junho, com queda para 14,5% até o fim do ano. Atualmente, a taxa básica de juros está em 13,25%.
Nesta segunda-feira, a equipe de macroeconomia do Itaú, chefiada pelo ex-diretor do Banco Central Mario Mesquita, reduziu sua projeção para a Selic ao fim deste ano para 15,25%, de 15,75% antes, após cortar expectativa para a taxa de câmbio.
Estrategistas do Bank of America reiteraram "overweight" para as ações brasileiras em seu portfólio para a América Latina, citando o efeito do ritmo da atividade na inflação.
"Nos últimos três meses, a atividade está finalmente desacelerando, o que pode ancorar as expectativas de inflação e pavimentar o caminho para cortes (na Selic) mais cedo do que o mercado espera", afirmaram em relatório a clientes.
"No entanto, o caminho para juros mais baixos será acidentado, pois taxas altas ainda pressionam os fluxos e os lucros das empresas, e há espaço para deterioração fiscal antes das eleições de 2026", ponderaram.
Mais cedo, o Banco Central informou que o IBC-Br, considerado um sinalizador do PIB, cresceu 0,9% em janeiro sobre o mês anterior, em dado dessazonalizado, acima de expectativas no mercado (+0,2%).
Apesar da surpresa, economistas ainda veem a economia desacelerando nos próximos meses, sob efeito da política monetária restritiva.
A performance no pregão brasileiro nesta sessão também encontrou apoio na trajetória positiva em Wall Street, onde o S&P 500 fechou em alta de 0,64%, com investidores buscando pechinchas após quatro semanas consecutivas de queda.
DESTAQUES
- ITAÚ UNIBANCO PN valorizou-se 3%, com os bancos do Ibovespa mostrando desempenho robusto. BANCO DO BRASIL ON subiu 2,08%; BRADESCO PN fechou em alta de 1,48% e SANTANDER BRASIL UNIT ganhou 2,25%. Ainda, BTG PACTUAL UNIT avançou 2,83%.
- PETROBRAS PN encerrou o pregão com elevação de 1,86%, beneficiada pelo avanço dos preços do petróleo no exterior. PETROBRAS ON ganhou 2,32%.
- VALE ON subiu 1,44%, apesar da queda dos futuros do minério de ferro na China. O Itaú BBA elevou o preço-alvo do ADR da mineradora de US$12 para US$13, enquanto reiterou recomendação "outperform"
- MAGAZINE LUIZA ON avançou 5,63%, ampliando os ganhos da última sexta-feira, quando saltou mais de 13% após a divulgação do balanço. A alta dos papéis encontrou apoio no alívio das taxas dos contratos de DI. O índice do setor de consumo avançou 1,04%.
- SLC AGRÍCOLA ON recuou 3,92%, tendo no radar anúncio de aquisição de mais de 47 mil hectares totais de terra na Bahia e em Minas Gerais por R$913 milhões. Analistas do Bradesco BBI reiteraram recomendação neutra para as ações, citando "triggers" limitados no curto prazo.
- B3 ON fechou em queda de 3,5%, refletindo movimento de realização de lucros após três pregões de alta, quando saltou quase 24%. No setor, fontes afirmaram à Reuters que o Mubadala busca até 10 parceiros a fim de criar um consórcio para fornecer liquidez para a nova bolsa do Rio de Janeiro.
- NATURA&CO ON caiu 3,16%, mesmo após anunciar recompra de ações, na sequência de um tombo de 30% nos papéis na sexta-feira, uma vez que permanecem dúvidas sobre o ritmo do processo de "turnaround" da companhia e seus reflexos nos resultados da fabricante de cosméticos.
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