Importações de minério de ferro da China devem atingir novo recorde em 2025, mesmo com a queda da demanda por aço

Publicado em 02/01/2025 07:51

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PEQUIM, 2 de janeiro (Reuters) - As importações de minério de ferro da China devem atingir um novo recorde em 2025, à medida que os comerciantes estocam minério barato para o maior consumidor do mundo, apesar da prolongada crise imobiliária continuar pesando sobre a demanda chinesa por aço, disseram comerciantes e analistas.

As importações do país do principal ingrediente para a fabricação de aço provavelmente aumentarão entre 10 milhões e 40 milhões de toneladas métricas, para até 1,27 bilhão de toneladas este ano, acima do que os analistas esperam ser volumes recordes em 2024, disseram sete analistas e dois traders em uma pesquisa da Reuters.

O aumento das importações será impulsionado principalmente pela crescente oferta dos principais produtores, incluindo Austrália e Brasil, disseram eles, já que as mineradoras buscam vender minério antes que o gigantesco projeto de minério de ferro Simandou comece a produção no final deste ano e inunde o mercado com nova oferta.

A pesquisa mostrou que os preços do minério de ferro devem cair para entre US$ 75 e US$ 120 a tonelada em 2025, contra US$ 88 a US$ 144 a tonelada em 2024, de acordo com dados da consultoria Steelhome.

"Nosso cenário base pressupõe um excedente moderado em 2025 e preços em torno de US$ 95-100/t", disse Myles Allsop, chefe de mineração EMEA do UBS.

"Vemos o excedente aumentando em 2026/27, empurrando os preços para mais fundo na curva de custos."

A fraqueza no setor siderúrgico, que consome a maior parte do minério de ferro, significa que as importações provavelmente aumentarão os estoques portuários chineses para até 170 milhões de toneladas em 2025, disseram analistas. Os estoques já subiram 28,3% no ano para 146,85 milhões de toneladas em 27 de dezembro.

A China, que compra mais de dois terços das cargas marítimas globais, importou 1,124 bilhão de toneladas de minério de ferro nos primeiros 11 meses de 2024, um aumento de 4,3% em relação ao ano anterior, mesmo com sua produção de aço bruto caindo 2,7% no mesmo período.

O aumento das importações mostra que comerciantes e fornecedores ainda esperam que a demanda por minério de ferro chinês permaneça resiliente nos próximos anos, apesar da fraqueza persistente no setor imobiliário.

Em 2025, o fornecimento do maior produtor, a Austrália, crescerá em cerca de 20 milhões de toneladas graças ao aumento da produção em projetos como o da Rio Tinto (RIO.AX), Cordilheira Ocidental, Fortescue's (FMG.AX), Ponte de Ferro e Recursos Minerais (MIN.AX), Onslow, disseram analistas.

Mineradora brasileira Vale (VALE3.SA), abre uma nova abapretende produzir entre 325 milhões e 335 milhões de toneladas de minério de ferro em 2025, ante cerca de 328 milhões de toneladas em 2024.

Mas uma possível desvalorização do yuan e os esforços desesperados da China para aumentar a participação da produção de aço de fornos elétricos a arco, que consomem principalmente sucata, para 15% até 2025, podem reduzir as importações de minério de ferro neste ano, disseram quatro analistas.

DEMANDA DE AÇO EM DIMINUIÇÃO

A demanda por aço deve cair 1,5% este ano, após um declínio esperado de 4,4% na comparação anual em 2024, de acordo com o Instituto de Pesquisa e Planejamento da Indústria Metalúrgica da China (MPI), apoiado pelo Estado, já que um setor de manufatura aquecido e exportações de aço resilientes não conseguem compensar totalmente a crise imobiliária.

Pequim revelou uma série de estímulos para reanimar sua economia e espera-se que implemente mais para conter o potencial impacto dos aumentos de tarifas propostos pelo novo presidente dos EUA, Donald Trump.

Mas isso aumentará principalmente a demanda de consumidores de aço de segunda linha, como fabricantes de automóveis e eletrodomésticos, de acordo com Tomas Gutierrez, chefe de dados da consultoria Kallanish Commodities.

"Por mais positivo que isso seja, não será suficiente para neutralizar o efeito da reestruturação no setor imobiliário", acrescentou.


Reportagem de Amy Lv e Lewis Jackson em Pequim; Edição de Florence Tan e Lincoln Feast.

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Fonte:
Reuters

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