Dólar tem leve baixa com mercado à espera de pacote fiscal robusto
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a quinta-feira em baixa ante o real, ainda que limitada, interrompendo uma sequência recente de ganhos, com investidores se apegando à possibilidade de que o pacote fiscal do governo federal atinja cifras acima do que vinha sendo esperado.
No exterior, o dólar seguiu sustentando ganhos ante boa parte das demais divisas, em mais um dia de “Trump trade”.
O dólar à vista fechou o dia em leve baixa de 0,09%, cotado a 5,7862 reais. Nesta semana encurtada pelo feriado da Proclamação da República na sexta-feira, a divisa acumulou alta de 0,85%.
Às 17h06, o dólar para dezembro -- o mais líquido atualmente no Brasil -- cedia 0,37%, aos 5,7955 reais.
No início da sessão o dólar chegou a oscilar em alta ante o real, em sintonia com o exterior, onde os agentes seguiam buscando a moeda norte-americana em meio à leitura de que as políticas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, tendem a ser inflacionárias.
Às 9h03, logo após a abertura, o dólar à vista atingiu a cotação máxima de 5,8297 reais (+0,66%).
Com as cotações acima dos 5,80 reais, alguns agentes aproveitaram para vender dólares, repetindo algo que vem ocorrendo em sessões recentes, o que enfraqueceu a moeda norte-americana.
Além disso, o mercado se apegou a notícias na imprensa -- não confirmadas oficialmente -- de que o pacote fiscal do governo Lula pode ter impacto de 70 bilhões de reais.
O número foi bem recebido, já que o mercado vinha especulando que o governo adotaria cortes mais modestos, de 30 bilhões a 50 bilhões de reais, conforme profissionais ouvidos pela Reuters nos últimos dias. Assim, o esforço de 70 bilhões de reais, se confirmado, iria emitir um sinal de compromisso do Planalto com o equilíbrio fiscal.
“Surgiu esta informação de que o pacote será robusto, então o pessoal que estava comprado (posicionado na alta do dólar) realiza um pouco”, disse durante a tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik, ao justificar a venda de dólares que conduziu as cotações para o território negativo.
Às 12h20, o dólar à vista atingiu a cotação mínima de 5,7607 reais (-0,54%).
Também no início da tarde, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou por videoconferência de dois eventos, nos quais reiterou a preocupação da autarquia com as expectativas de inflação e a necessidade de controle fiscal para que os juros caiam.
Além disso, Campos Neto reconheceu que a eleição de Trump fortaleceu o dólar nos países emergentes, mas avaliou que o Brasil será menos afetado.
“Obviamente um dólar forte afetará todos os países dos mercados emergentes, mas a minha opinião era de que o Brasil seria menos afetado”, afirmou Campos Neto. “O Brasil não vai ser tão afetado... será afetado, mas em menor grau”, acrescentou.
No restante da tarde o dólar à vista se reaproximou da estabilidade, até encerrar em leve baixa.
No exterior, às 17h22, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,39%, a 106,870.
No fim da manhã o BC vendeu todos os 15.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de janeiro de 2025.
0 comentário
Gabinete Presidencial de Taiwan faz primeira simulação de mesa sobre emergência com China
Wall Street cai sob pressão de alta dos rendimentos dos Treasuries
Rússia rejeita apelo de Trump para trégua na Ucrânia, mas está pronta para negociações
Ibovespa oscila pouco nos primeiros negócios após Natal
China revisa para cima PIB de 2023 mas vê pouco impacto no crescimento de 2024
Dólar se reaproxima dos R$6,20 com temor fiscal e exterior; BC não atua