Ibovespa marca mínima desde agosto com queda de B3 entre maiores pressões de baixa

Publicado em 22/10/2024 17:05 e atualizado em 22/10/2024 17:56

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Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira, quase perdendo o patamar dos 129 mil pontos no pior momento, com as ações da B3 entre as maiores pressões negativas após a empresa elevar sua previsão de alavancagem para 2024.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 0,31%, a 129.951,37 pontos, menor patamar de fechamento desde 8 de agosto, após marcar 129.094,35 pontos na mínima e 130.345,51 pontos na máxima do dia.

O volume financeiro somou apenas 18,217 bilhões de reais, de uma média diária de quase 23,6 bilhões de reais em 2024.

Na visão do responsável pela mesa de ações do BTG Pactual, Jerson Zanlorenzi, há uma leve aversão a risco internacional que pesa sobre o mercado brasileiro, enquanto a China continua decepcionando em relação aos estímulos.

"Isso, obviamente, piora um pouco o humor do investidor estrangeiro no geral para (ativos de mercados) emergentes", acrescentou.

Nos EUA, o apetite a risco tem sido moderado dada a cautela com a eleição presidencial norte-americana no próximo dia 5 de novembro, mas também expectativas de um Federal Reserve menos "dovish" após dados sugerindo que a economia norte-americana permanece robusta.

De acordo com o sócio e advisor da Blue3 Willian Queiroz, os números sobre atividade da últimas semanas aumentaram a probabilidade de o banco central dos EUA não promover dois cortes de 0,25 ponto percentual neste ano.

Operadores nos EUA estão agora precificando 42 pontos-base de cortes até o final do ano, indicando uma chance inferior a 100% de que o Fed faça cortes de 0,25 ponto em cada uma de suas duas próximas reuniões.

O S&P 500, uma das referências do mercado acionário da maior economia do mundo, fechou com variação negativa de 0,05%, com a temporada de balanços também no radar de agentes financeiros.

No Brasil, os negócios também permanecem suscetíveis a preocupações com as contas públicas.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou a busca pelo centro da meta de inflação, mas também repetiu que "é difícil imaginar" uma situação na qual o país possa viver com juros mais baixos do que hoje sem um choque fiscal positivo.

Zanlorenzi citou que investidores estão convivendo já há algum tempo com essa preocupação em relação ao quadro fiscal e o mercado "claramente não tem dado o benefício da dúvida, preferindo manter posições mais cautelosas nesse momento".

A agenda doméstica mostrou ainda que a arrecadação do governo federal teve alta real de 11,61% em setembro sobre o mesmo mês do ano anterior, somando 203,169 bilhões de reais, no melhor resultado para o mês da série histórica iniciada em 1995.

"O governo conseguiu melhorar a arrecadação em setembro, mas continua com um gasto maior do que o esperado pelo mercado", destacou Queiroz, citando que há uma expectativa "muito grande" de anúncios de cortes de despesas na próxima semana.

 

DESTAQUES

- B3 ON recuou 2,21% após o conselho de administração da empresa aprovar emissão de 1,7 bilhão de reais em debêntures para reforço de posição de caixa, resultando na revisão de sua projeção de alavancagem medida pela dívida bruta/Ebitda recorrente para este ano de 2 para 2,3 vezes.

- BANCO DO BRASIL ON fechou em baixa de 1,2%, com boa parte do setor como um todo no vermelho. ITAÚ UNIBANCO PN foi exceção e subiu 0,17%, com o noticiário incluindo anúncio pelo banco de que irá resgatar 750 milhões de dólares em notas subordinadas com vencimento previsto em 2029.

- VALE ON subiu 0,13%, revertendo perdas, a despeito da queda dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado da commodity em Dalian encerrou as negociações do dia com queda de 0,52%. A mineradora divulga na quinta-feira seu resultado do terceiro trimestre.

- PETROBRAS PN perdeu 0,39%, mesmo com a alta dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent, usado como referência pela estatal, fechou com elevação de 2,36%. PETROBRAS ON caiu 0,48%.

- HYPERA ON valorizou-se 7,45%, com analistas ainda avaliando a proposta de combinação de negócios feita pela EMS, do grupo NC, que envolve uma oferta por até 20% das ações da companhia ao preço de 30 reais o papel.

- SUZANO ON subiu 2,33%, também descolando da tendência no pregão, tendo no horizonte o balanço do terceiro trimestre na quinta-feira, após o fechamento do mercado.

- AZUL PN recuou 5,7%, conforme o mercado segue acompanhando a movimentação da empresa para melhorar seu perfil de endividamento.

- EZTEC ON caiu 4,21%, pressionada pelas perspectivas de manutenção dos juros em patamares elevados, que pesa sobre construtoras. O índice do setor imobiliário da B3 encerrou a sessão em queda de 1,74%. No mesmo contexto, MAGAZINE LUIZA ON cedeu 3,83%.

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Fonte:
Reuters

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