Trump é oficializado candidato em convenção republicana; escolhe senador J.D. Vance como vice
Por Gram Slattery e Alexandra Ulmer e Steve Holland e Nathan Layne
MILWAUKEE (Reuters) - Donald Trump escolheu nesta segunda-feira o jovem senador J.D. Vance como seu companheiro de chapa, no início da convenção nacional do Partido Republicano em Milwaukee que oficializou o ex-presidente como candidato da legenda na eleição de novembro.
“Como vice-presidente, JD continuará a lutar pela nossa Constituição, estará ao lado das nossas tropas e fará tudo o que puder para me ajudar a fazer a América grande novamente", escreveu Trump na sua plataforma de rede social Truth Social.
A convenção republicana de quatro dias começou nesta segunda no Fórum Fiserv, no centro de Milwaukee, dois dias depois de Trump ter sobrevivido por pouco a uma tentativa de assassinato na Pensilvânia, e horas depois de o republicano ter garantido uma grande vitória judicial quando uma juíza federal rejeitou um dos processos criminais contra Trump.
O ex-presidente vai aceitar formalmente a nomeação do partido em um discurso no horário nobre na quinta-feira. Ele desafiará o presidente dos EUA, o democrata Joe Biden, nas eleições de 5 de novembro.
Vance, de 39 anos, é um político que já criticou o ex-presidente em termos ácidos no passado, mas que depois se tornou um de seus defensores mais ferrenhos.
Trump, de 78 anos, e Biden, de 81, travam uma revanche eleitoral da disputa de 2020, e as pesquisas de opinião mostram que a corrida será acirrada. Trump não se comprometeu a aceitar os resultados das eleições caso perca.
Após a tentativa de assassinato, Trump disse que vai rever o seu discurso na convenção republicana para enfatizar a união nacional, em vez de destacar suas diferenças com Biden. A bala da suposta tentativa de assassinato atingiu a orelha direita de Trump, mas não causou grandes ferimentos.
“Esta é uma oportunidade de reunir todo o país, até mesmo o mundo inteiro. O discurso será muito diferente, muito diferente do que teria sido há dois dias”, disse Trump ao Washington Examiner.
A decisão da juíza distrital dos EUA Aileen Cannon, nesta segunda-feira, de rejeitar acusações federais contra Trump por reter documentos confidenciais depois de deixar a Casa Branca foi a mais recente de uma série de vitórias judiciais para o ex-presidente, que, no entanto, deverá ser condenado em Nova York em setembro por ter tentado encobrir um pagamento secreto à estrela pornô Stormy Daniels nas semanas anteriores à sua vitória nas eleições de 2016.
Outras duas acusações federais em Washington e acusações estaduais na Geórgia -- ambas relacionadas aos seus esforços para reverter sua derrota eleitoral em 2020 -- estão atoladas em atrasos e podem ser significativamente limitadas depois que a Suprema Corte dos EUA decidiu em julho que ele tinha imunidade para muitos de seus atos oficiais como presidente.
“Esta rejeição da acusação de ilegalidade na Flórida deveria ser apenas o primeiro passo, seguido rapidamente pela rejeição de todas as caças às bruxas”, disse Trump na rede Truth Social nesta segunda, referindo-se também aos processos de centenas de seus apoiadores que invadiram o Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021.
VICE-PRESIDENTE
Escolhido por Trump como seu vice, Vance é autor do best-seller de memórias “Hillbilly Elegy” e pode aumentar o comparecimento dos eleitores de Trump na eleição, já que é muito popular com a base republicana.
Um rígido conservador de um Estado tradicionalmente republicano, Vance não deve trazer muitos eleitores novos para Trump; ao contrário, pode inclusive alienar alguns moderados.
Alguns eleitores de Trump haviam pedido que ele escolhesse uma mulher ou uma pessoa negra como vice para expandir sua base de apoio, que tende a ter principalmente homens brancos.
Diversos dos principais apoiadores de Trump -- incluindo o antigo conselheiro sênior Steve Bannon e o filho mais velho de Trump, Donald Trump Jr. -- já elogiaram Vance no passado por pressionar o Partido Republicano a adotar uma política externa menos intervencionista e por defender barreiras comerciais.
Vance também encantou os eleitores de Trump com a sua presença nas redes sociais, sempre disposto ao confronto, algo raro no Senado, que costuma ter parlamentares preocupados com decoro e civilidade.
Ao escolher Vance, Trump descartou outros possíveis candidatos como os senadores Marco Rubio e Tim Scott, além do governador da Dakota do Norte, Doug Burgum.
A ascensão rápida de Vance é incomum na política norte-americana. Depois de uma infância problemática e empobrecida no sul de Ohio, ele serviu na Marinha, ganhou uma bolsa para a faculdade de direito de Yale e trabalhou, depois, como um investidor em São Francisco.
Ele se tornou famoso em 2016 com o seu livro "Hillbilly Elegy", no qual discute os problemas que atingem a sua cidade natal e o ciclo de pobreza que aprisiona os norte-americanos nas montanhas dos Apalaches, a origem da sua família.
Vance foi um duro crítico de Trump antes e depois da vitória dele na eleição de 2016 contra Hillary Clinton, chamando-o de “idiota” e de “Hitler americano”. Mas, conforme ele buscava a vaga para o Senado em 2022, Vance se transformou em um dos mais consistentes defensores de Trump, oferecendo apoio mesmo quando outros senadores se negavam.
Vance minimizou o ataque de 6 de janeiro de 2021 de apoiadores de Trump ao Capitólio dos EUA, dizendo que “duvidava” que a vida de Mike Pence estivesse em perigo, apesar dos manifestantes violentos terem estado próximos do então vice-presidente enquanto os seguranças o retiravam do Capitólio.
O senador também ecoou as críticas de Trump à maneira que o Departamento de Justiça processou os manifestantes de 6 de janeiro.
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