Dólar sobe enquanto mercados analisam consequências de ataque a Trump para os ativos
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar subia frente ao real nesta segunda-feira, abrindo uma semana em que os mercados globais analisam as consequências da tentativa de assassinato do candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, no fim de semana para o resultado da disputa eleitoral norte-americana e para os ativos.
Às 9h53, o dólar à vista subia 0,82%, a 5,4751 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento avançava 0,64%, a 5,4785 reais na venda
Nesta semana, investidores de todo o mundo especulavam sobre os efeitos da tentativa de assassinato a Trump no sábado, projetando a possibilidade de aumento em sua chance de vitória na eleição de novembro e refletindo sobre as consequências de suas políticas para as decisões de investimento.
O ex-presidente foi alvo de um ataque a tiros durante um comício em Butler, no Estado da Pensilvânia. Ele foi ferido em uma orelha por uma bala que o atingiu de raspão e levado para fora do palco por agentes do Serviço Secreto logo em seguida.
Após o ataque, os investidores elevaram as apostas em uma vitória de Trump na disputa presidencial. Essa expectativa fortaleceu o dólar em um primeiro momento, pois os investidores calcularam que isso levaria a uma política fiscal mais frouxa e a tarifas comerciais adicionais em um novo mandato do republicano.
Mas os ganhos da moeda norte-americana duraram pouco, com o mercado também focado na perspectiva da política monetária do Federal Reserve, uma vez que os analistas esperam um corte de 25 pontos-base nos juros em setembro após resultados melhores que o esperado para a inflação ao consumidor na semana passada.
Quanto mais o banco central dos EUA cortar os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos interessante quando os rendimentos dos Treasuries diminuem.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,11%, a 104,170
"Exterior tende a ditar o câmbio nessa semana", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
"Em relação ao atentado, o reflexo projetado pelo mercado é que, diante do ocorrido, aumentam naturalmente as chances de vitória de Trump, o que eleva um pouco o risco fiscal", acrescentou.
No cenário nacional, especialistas consultados pelo Banco Central em sua pesquisa Focus reduziram a expectativa para a alta do IPCA ao término deste ano, após nove semanas consecutivas de aumentos nas projeções.
O índice de preços ao consumidor agora é visto fechando o ano com alta de 4,00%, ante 4,02% na semana anterior. Para 2025, no entanto, houve aumento da expectativa do IPCA, a 3,90%, de 3,88% há uma semana.
Os analistas também elevaram a projeção para a taxa de câmbio ao fim deste ano, agora em 5,22 reais, de 5,20 reais na semana anterior.
Os entrevistados têm subido suas expectativas para a divisa norte-americana em meio ao aumento das preocupações do mercado com o ajuste das contas públicas brasileiras e com a política monetária local, o que levou o dólar a tocar 5,70 reais há duas semanas.
Na sexta-feira, o dólar à vista encerrou o dia cotado a 5,4308 reais na venda, em baixa de 0,20%.
(Edição de Eduardo Simões)
0 comentário
Vendas no varejo caem 1,7% em dezembro, diz Stone
Ações da China ampliam perdas, Hong Kong cai pelo 6º dia com expectativa menor de corte nos juros dos EUA
Galípolo diz em carta que BC tem tomado providências para que inflação atinja a meta
Ibovespa fecha em queda com forte declínio de índices em NY
Dólar sobe quase 1% após dados de emprego nos EUA e termina semana acima de R$6,10
Taxas de juros longas sobem no Brasil após dados fortes do mercado de trabalho dos EUA