Dólar sobe com dado forte do varejo norte-americano e tensão geopolítica em foco
Por Luana Maria Benedito
(Reuters) - O dólar reverteu perdas iniciais e passou a subir acentuadamente frente ao real nesta segunda-feira, rondando os níveis mais altos em seis meses em meio a temores sobre a política monetária do Federal Reserve, com os mercados também de olho nas tensões crescentes no Oriente Médio.
Às 10h10 (de Brasília), o dólar à vista subia 0,69%, a 5,1567 reais na venda, rondando os patamares intradiários mais altos desde 9 de outubro do ano passado. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,54%, a 5,155 reais na venda.
A divisa norte-americana reverteu as perdas iniciais -- que operadores haviam associado a movimento de realização de lucros após salto na semana passada -- depois que dados mostraram alta bem mais intensa do que o esperado nas vendas no varejo dos Estados Unidos em março, mais uma evidência de que a economia encerrou o primeiro trimestre em terreno sólido.
As vendas no varejo norte-americano aumentaram 0,7% no mês passado. Economistas consultados pela Reuters previam avanço de 0,3%.
Jefferson Rugik, presidente-executivo da Correparti Corretora, disse que o salto do dólar acompanha "nova onda de valorização dos juros dos títulos norte-americanos de longo prazo", uma vez que os dados do varejo dos EUA sugerem uma postura "mais dura por parte do Fed para conter a inflação".
Quanto menos o Fed cortar os juros, melhor para o dólar, que se torna mais atraente para investidores estrangeiros quando os rendimentos oferecidos pelo mercado norte-americano -- já interessante por ser extremamente seguro -- seguem mais altos.
Os rendimentos dos Treasuries de dez anos, referência global para investimentos, saltaram nesta manhã para picos desde novembro do ano passado após os dados norte-americanos.
Enquanto isso, investidores buscavam controlar as preocupações depois de ataque do Irã a Israel, que envolveu mais de 300 mísseis e drones e foi a primeira investida contra Israel por outro país em mais de três décadas.
O economista-chefe da Genial Investimentos, José Marcio Camargo, disse que eventual retaliação de Israel "poderá gerar forte aumento dos preços do petróleo, pressão sobre a taxa de inflação nos Estados Unidos, fuga generalizada de investidores para o dólar, valorização da moeda americana e, na mais otimista das hipóteses, adiamento do início do processo de queda dos juros (nos EUA) ou, até mesmo, aumento e não de queda das taxas de juros".
Por enquanto, investidores encontravam algum alívio nos esforços das principais potências mundiais para esfriar as tensões no Oriente Médio e evitar uma escalada desastrosa dos conflitos na região, o que limitava o impacto dos riscos geopolíticos nos ativos de risco.
Na última sessão, a moeda norte-americana à vista avançou 0,60%, a 5,1213 reais na venda, seu maior patamar de encerramento desde 9 de outubro de 2023 (5,1315).
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