Ibovespa recua pressionado por Treasuries e Vale
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O tom negativo prevalecia na bolsa paulista nesta quarta-feira, com o Ibovespa trabalhando abaixo dos 127 mil pontos, pressionado por nova alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, enquanto o avanço do petróleo no exterior fornecia suporte a petrolíferas privadas.
Às 10h56, o Ibovespa caía 0,91%, a 126.382,74 pontos. O volume financeiro somava 3,19 bilhões de reais.
Investidores estão na expectativa de discurso do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, no começo da tarde, dado o aumento de incertezas sobre os próximos passos do banco central norte-americano, particularmente quando começará a reduzir os juros na maior economia do mundo.
"Embora tenha sido apenas há alguns dias desde que Powell falou pela última vez, os comentários são os primeiros desde uma série de dados mais fortes nesta semana, que levaram o mercado a reduzir as apostas no número de cortes de taxa este ano e provocaram uma queda nos títulos globais", destacou a Guide.
Em dia de fala de Powell e de outras autoridades do Fed, dados da ADP mostraram a abertura de 184.000 vagas no setor privado dos EUA em março, acima das expectativas (148.000) e do resultado de fevereiro (revisado para 155.000), apontando continuidade da força do mercado de trabalho.
Em Wall Street, o rendimento do Treasury de 10 anos marcava 4,4213%, de 4,365% na véspera, enquanto o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, tinha variação negativa de 0,06%.
No Brasil, também está no radar a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento em São Paulo, conforme agentes continuam calibrando apostas sobre a Selic após a autoridade monetária encurtar a sua prescrição futura em relação aos cortes na taxa básica de juros.
A pauta local também conta com dados da indústria no Brasil que frustraram expectativas, uma vez que houve retração de 0,3% em fevereiro, o segundo mês seguido no vermelho. Com isso, nos dois primeiros meses do ano o setor acumula perdas de 1,8%, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE.
DESTAQUES
- VALE ON caía 1,11%, a 61,25 reais, uma vez que os futuros de minério de ferro recuaram na China, com o contrato mais negociado em Dalian fechando em queda de 2,5%. O ministro de mineração da Indonésia também disse que o desinvestimento das ações da Vale Canada e da Sumitomo Metal Mining na unidade de mineração de níquel Vale Indonesia deve ser concluído em julho.
- GRUPO SOMA ON recuava 4,97%, a 7,07 reais, e AREZZO ON perdia 4,71%, a 59,67 reais. Agentes financeiros continuam ajustando modelos de olho na fusão anunciada entre as companhias, bem como se preparando para os resultados do primeiro trimestre.
- MRV&CO ON era transacionada em baixa de 3,80%, a 7,35 reais, também pressionada pelo movimento ascendente na curva de DI, que contaminava o setor como um todo. O índice do setor imobiliário mostrava declínio de 1,92%.
- PETROBRAS PN recuava 0,54%, a 38,41 reais, com a pressão vendedora atenuada pela alta dos preços do petróleo no exterior, onde o Brent era negociado com elevação de 0,84%, a 89,67 dólares o barril. No setor, PETRORECONCAVO ON avançava 3,51%, recuperando-se do tombo da véspera, 3R PETROLEUM ON subia 0,63% e PRIO ON tinha alta de 0,49%.
- ITAÚ UNIBANCO PN cedia 0,57%, a 33,29 reais, enquanto BRADESCO PN caía 0,63%, a 14,10 reais.
- MULTIPLAN ON caía 1,62%, a 24,84 reais, após divulgar na noite da véspera que pagará 66 milhões de reais pela fatia restante no shopping center ParkJacarepaguá, na cidade do Rio de Janeiro, elevando sua participação no empreendimento para 100%.
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