Dólar cai mais de 1% após ajuste na PEC da Transição e em linha com exterior
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar teve forte queda frente ao real nesta quarta-feira, depois que investidores mostraram algum alívio com a redução da expansão do teto de gastos prevista na PEC da Transição, em dia de decisão de política monetária do Copom e de fraqueza da moeda norte-americana no exterior.
No mercado à vista, o dólar fechou em queda de 1,23%, a 5,2065 reais, patamar de encerramento mais baixo desde quinta-feira passada (5,1979).
Em seu primeiro teste no Congresso, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva garantiu uma vitória ao ver aprovada na véspera, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, a PEC da Transição prevendo uma expansão do teto de gastos em 145 bilhões de reais por dois anos para o pagamento do Bolsa Família no valor de 600 reais.
No entanto, o resultado só foi possível após o novo governo fazer uma concessão e reduzir em 30 bilhões de reais a previsão inicial de ampliar o teto de gastos em 175 bilhões de reais.
Num geral, a percepção no mercado é de que tal desenho da PEC --que estava previsto para ser votado no plenário do Senado ainda nesta quarta-feira-- evitou um "pior dos cenários", o que ajudou a sustentar o real nesta sessão.
"A desidratação da PEC da Transição, esses 30 bilhões a menos, isso gera um certo alívio nas expectativas", disse à Reuters Lucas Carvalho, analista-chefe da Toro Investimentos. "Tinha um cenário e (o valor embutido na PEC) veio abaixo do previsto... e pode ser que ainda aconteçam mais desidratações nesse texto."
Apesar do alívio pontual, Carvalho ponderou que restam "n incertezas" no radar de investidores, principalmente sobre qual será o arcabouço fiscal do Brasil sob Lula e qual será o escolhido do petista para comandar o Ministério da Fazenda.
O analista acrescentou que a fraqueza da divisa norte-americana no exterior colaborou para a valorização do real. Nesta tarde, o índice que compara o dólar a seis pares fortes cedia 0,4%.
Entre os fatores por trás dessa queda, alguns agentes do mercado citaram otimismo diante do relaxamento de restrições sanitárias na China, enquanto outros apontaram a possibilidade de que temores crescentes de recessão forcem o banco central dos Estados Unidos a frear seu ciclo de aperto monetário.
Agora, investidores devem ficar de olho na reunião do Comitê de Política Monetária do BC, que se encerrará nesta quarta-feira após o fechamento dos mercados.
"A deterioração fiscal deve ganhar mais espaço nesta comunicação, mas sem alteração na taxa Selic, que permanecerá em 13,75%", avaliou em relatório recente o BTG Pactual sobre previsões para o encontro do Copom.
No entanto, o BTG não descartou a possibilidade de a autarquia deixar a porta aberta para nova alta da Selic em fevereiro de 2023, "indicando piora no balanço de riscos domésticos e apresentando com maior clareza como a iminente deterioração fiscal pode impactar no ambiente macro", disse o credor privado no documento.
(Por Luana Maria Benedito)
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