Ibovespa recua com ruídos locais antes de ata do Fed
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava nesta quarta-feira, pelo segundo dia seguido, com preocupações sobre o cenário fiscal do país ainda minando o ânimo de agentes financeiros, que também monitoram os desdobramentos de questionamento pela coligação do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre a eleição.
Às 11:39, o Ibovespa caía 0,63 %, a 108.353,14 pontos, com a grande maioria das ações no vermelho. O volume financeiro somava 4,7 bilhões de reais.
Na véspera, a coligação de Bolsonaro ingressou com uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo uma verificação extraordinária dos resultados da eleição de 2022, alegando que o suposto mau funcionamento de alguns modelos de urnas eletrônicas no segundo turno deram equivocadamente a vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em resposta imediata à petição, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, determinou que a coligação do presidente faça um aditamento ao pedido inicial para que abranja também o resultado do primeiro turno, ao destacar que as mesmas urnas eletrônicas foram usadas. Se não fizer isso em 24 horas, o pedido bolsonarista poderá ser arquivado.
Para estrategistas do Citi, o movimento de Bolsonaro adiciona ruído, mas eles veem baixa probabilidade de que esse desenvolvimento tenha mais repercussão do ponto de vista judicial.
Em paralelo, o mercado segue acompanhando movimentos relacionados à PEC da Transição, que abre espaço para mais gastos públicos a partir de 2023.
"O mercado continuará atento aos bastidores das negociações da PEC de Transição", afirmou a Guide Investimentos, destacando o prazo para manter o Bolsa Família fora do teto e a magnitude dos gastos são os pontos mais contenciosos.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou na terça-feira que ainda não há consenso, aventando a hipótese de se adotar uma solução emergencial para garantir o pagamento do Bolsa Família de 600 reais em 2023.
Ainda persiste a expectativa sobre a equipe ministerial de Lula, principalmente quem será a pessoa à frente da Fazenda, embora as indicações da equipe do petista sejam de que os nomes serão conhecidos apenas no começo do próximo mês.
No exterior, notícias sobre casos de Covid na China continuam no radar, mas, nesta sessão, também deve ocupar os holofotes a ata da última decisão de juros do banco central norte-americano, que pode ajudar a calibrar apostas para os próximos passos do Federal Reserve (Fed).
Wall Street tinha uma abertura levemente positiva na sessão, véspera de feriado do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, com agentes financeiros à espera da ata do Fed, em meio a sinalizações conflitantes - por meio de dados e discursos - sobre o ritmo de aperto monetário. O S&P 500 subia 0,2%.
DESTAQUES
- PETZ ON recuava 2,51%, a 7,38 reais, com declínio generalizado de papéis atrelados a consumo, como as varejistas AMERICANAS ON, que cedia 4,7%, e MAGAZINE LUIZA ON, que perdia 2,99%, e a empresa de educação COGNA ON, que declinava 3,48%.
- CYRELA ON caía 3,73%, a 13,68 reais, com o setor imobiliário como um todo sofrendo com a disparada recente dos juros futuros, que ainda afetava papéis como ECORODOVIAS ON, negociado em baixa de 3,15%.
- PETROBRAS PN subia 0,43%, a 23,43 reais, mesmo com o forte recuo do petróleo no exterior, embora persista suscetível a expectativas atreladas ao novo governo. Desde o desfecho da eleição, recua cerca de 18%.
- VALE ON tinha elevação de 0,2%, a 80,3 reais, oferecendo um contrapeso relevante ao Ibovespa, mesmo com o declínio dos preços do minério de ferro na China. O Deutsche Bank elevou a recomendação dos ADRs da mineradora para "compra" e o preço-alvo de 19 para 20 dólares.
- ITAÚ UNIBANCO PN cedia 0,8%, a 26,07 reais, e BRADESCO PN recuava 0,97%, a 15,29 reais, pressionando do lado de baixa, dadas as incertezas domésticas.
(Por Paula Arend Laier)
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