China amplia restrições contra Covid; agitação em fábrica da Apple aumenta preocupação com economia
Por Bernard Orr
PEQUIM (Reuters) - Cidades chinesas impuseram mais restrições nesta quarta-feira para conter o aumento dos casos de coronavírus, ampliando as preocupações dos investidores com a economia, com novos distúrbios na maior fábrica de iPhone do mundo destacando o impacto social e industrial das medidas rígidas contra a Covid-19 na China.
Em Pequim, shoppings e parques foram fechados e áreas outrora movimentadas da capital pareciam locais fantasmas, já que as autoridades exortavam as pessoas a ficarem em casa. Xangai proibiu as chegadas recentes de ir a restaurantes e outros locais, e várias cidades impuseram lockdowns localizados no momento em que as infecções se aproximam dos níveis mais altos vistos em abril.
As medidas estão abalando as perspectivas para a segunda maior economia do mundo e diminuindo as esperanças de que a China afrouxe significativamente sua política atípica contra a Covid em breve.
“Embora haja pouca perspectiva de as autoridades optarem por recuar da política de Covid-zero durante o inverno, há um risco significativo de que os esforços de contenção falhem”, escreveram analistas da Capital Economics. Esse fracasso pode resultar em mais lockdowns que causariam danos sem precedentes à economia, acrescentaram os analistas.
As restrições à Covid na China, as mais rígidas do mundo, alimentaram o descontentamento generalizado e interromperam a produção de fabricantes, incluindo a Foxconn de Taiwan, o maior fornecedor de iPhone, da Apple.
Nesta quarta-feira, cenas publicadas nas redes sociais mostraram trabalhadores da Foxconn derrubando barreiras e brigando com autoridades em trajes de proteção, gritando "nos dê nosso pagamento". A agitação segue semanas de turbulência, que viram vários funcionários deixarem a fábrica por causa dos controles da Covid.
Localidades que respondem por quase um quinto do PIB total da China estão sob alguma forma de lockdown ou restrição, estimou a corretora Nomura no início desta semana, um número que excederia o PIB da economia britânica.
Embora os números de infecções sejam baixos para os padrões globais, a China manteve sua abordagem de Covid-zero, uma política do presidente Xi Jinping que, segundo autoridades, salva vidas e evita que o sistema médico seja sobrecarregado. Na terça-feira, houve 28.883 novos casos transmitidos domesticamente, mostraram dados oficiais.
O Fundo Monetário Internacional instou a China a recalibrar ainda mais sua estratégia da Covid-19 e aumentar as taxas de vacinação.
“Embora a estratégia de Covid-zero tenha se tornado mais ágil com o tempo, a combinação de variantes mais contagiosas da Covid e lacunas persistentes nas vacinas levou à necessidade de lockdowns mais frequentes, pesando sobre o consumo e o investimento privado”, disse Gita Gopinath, autoridade do FMI.
Os moradores estão cada vez mais fartos de quase três anos de restrições, e o protesto de quarta-feira na fábrica da Foxconn em Zhengzhou ocorre semanas depois que multidões atravessaram barreiras e entraram em confronto com trabalhadores vestidos com roupas de proteção na cidade de Guangzhou, no sul.
0 comentário
Ibovespa fecha na mínima desde meados do ano com reação negativa a pacote fiscal
Dólar fecha perto dos R$6,00 com desconfiança do mercado sobre pacote fiscal
Taxas disparam após decepção com pacote e precificam 10% de chance de alta de 100 pontos-base da Selic
Ações europeias se recuperam com impulso de papéis de tecnologia e antes de dados de inflação
Dólar ultrapassa R$6,00 pela 1ª vez na história com reação do mercado à reforma do IR
Ibovespa recua com mercado torcendo o nariz para anúncio de pacote fiscal