BCE pode ter que esfriar crescimento para conter inflação, diz Lagarde
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu (BCE) pode precisar elevar tanto as taxas de juros que eles acabarão amortecendo o crescimento em meio ao combate à inflação alta, enquanto qualquer escoamento na carteira de títulos do BCE deve ser "calculado e previsível", disse a presidente do banco, Christine Lagarde, nesta sexta-feira.
O BCE elevou os juros em 200 pontos-base, algo sem precedentes, desde julho e sinalizou ainda mais aperto na política monetária por meio de novas altas, redução de sua carteira de dívida de 5 trilhões de euros e financiamento bancário mais caro.
"Esperamos aumentar ainda mais os juros - e retirar a acomodação pode não ser suficiente", disse Lagarde em discurso em uma conferência.
"Os juros são, e continuarão sendo, a principal ferramenta para ajustar nossa postura", disse ela. "Reconhecendo que os juros continuam sendo a ferramenta mais eficaz para moldar nossa postura, é apropriado que o balanço seja normalizado de maneira calculada e previsível."
As declarações sugerem que o banco central da zona do euro pretende reduzir passivamente seu Programa de Compra de Ativos de 3,3 trilhões de euros, principalmente de dívida governamental, colocando-o no piloto automático em vez de usá-lo para gerenciar ativamente a política monetária do BCE.
Em 1,5%, a taxa de depósito do BCE não está longe da chamada taxa neutra, na qual o banco não estimula nem impede o crescimento. A maioria das estimativas da taxa neutra está entre 1,5% e 2%, sugerindo que, após um aumento esperado em dezembro, a "acomodação" terá sido removida.
O problema é que a inflação, em 10,6%, está muito acima da meta de 2% do BCE e mesmo uma recessão, agora quase certa nos meses de inverno, não deve aliviar as pressões sobre preços o suficiente para permitir que o BCE desacelere seu ritmo de aperto.
Os investidores agora estão divididos em precificar uma alta de 50 ou de 75 pontos-base da taxa do BCE em dezembro, após aumentos consecutivos de 75 pontos. Eles veem a redução – conhecida como aperto quantitativo – de suas participações em títulos, principalmente emitidos por governos da zona do euro, a partir do primeiro semestre de 2023.
O BCE delineará planos para a redução do balanço em dezembro e o processo deve começar com o banco permitindo que algumas, mas não todas, detenções de títulos expirem.
(Reportagem de Balazs Koranyi e Francesco Canepa)
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