Dólar sai de mínimas ante real com cautela eleitoral ofuscando expectativa de Fed mais brando
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar se recuperava em relação aos menores patamares do dia nesta quarta-feira, com a cautela de investidores na reta final da corrida presidencial brasileira compensando a fraqueza da divisa norte-americana no exterior, em meio a expectativas de eventual desaceleração do ritmo de alta de juros do Federal Reserve.
Às 10:32 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,05%, a 5,3235 reais na venda.
Na B3, às 10:32 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,11%, a 5,3265 reais.
A moeda norte-americana chegou a cair 0,76% mais cedo, a 5,2803 reais, em linha com a depreciação de 0,5% de um índice que compara o dólar a seis pares fortes, conforme crescia a esperança de que o banco central dos Estados Unidos desacelerará seu ritmo de aperto monetário a partir de dezembro.
No entanto, o clima doméstico tenso na última semana de campanha antes das eleições de 30 de outubro logo compensou o otimismo externo, tirando o dólar dos menores patamares da sessão.
"A gente está às portas do segundo turno eleitoral, então isso está pesando muito e fazendo com que o nosso mercado certas vezes opere um pouco descolado lá de fora", disse à Reuters Lucas Serra, analista da Toro Investimentos.
"A gente observa um sentimento crescente de aversão ao risco. Acho que a gente deve esperar bastante volatilidade... até o final dessa semana, até a gente ter de fato a decisão de quem que vai ser o próximo presidente."
Pesquisa Genial/Quaest divulgada mais cedo mostrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) oscilou 1 ponto percentual para cima, enquanto o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) manteve o patamar da semana passada.
Já levantamento PoderData apontou Lula com 5 pontos percentuais de vantagem sobre Bolsonaro.
A reta final da corrida eleitoral tem sido conturbada. No último domingo, o apoiador de Bolsonaro e ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) atacou policiais federais que cumpriam mandato de prisão, enquanto, na segunda-feira, o atual presidente afirmou, sem provas, que rádios do país não têm veiculado adequadamente as inserções eleitorais, supostamente favorecendo Lula.
Alguns investidores viram isso como tentativa da campanha de Bolsonaro de descredibilizar o processo eleitoral, elevando o risco de eventual questionamento do resultado do segundo turno.
Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), notou o recente descolamento do real em relação ao exterior, onde várias divisas arriscadas têm se beneficiado nos últimos dias do arrefecimento do dólar, mas disse ainda acreditar que "o Brasil é a melhor escolha para muitos investidores em mercados emergentes."
"Os mercados estão nervosos sobre uma transição ordenada de poder, não importa quem vença. Assim que conseguirmos isso, o real brasileiro vai disparar", disse em publicação no Twitter.
Investidores apontam o patamar elevado da taxa Selic como um forte atrativo do Brasil, uma vez que torna o país muito mais rentável quando comparado a economias desenvolvidas.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central encerrará sua reunião de dois dias nesta quarta-feira, após o fechamento dos mercados, e o consenso entre investidores é de que a autarquia manterá os juros básicos em 13,75% ao ano. Como praticamente não há chances de surpresas, a decisão do Copom deve ficar em segundo plano nesta semana, conforme o foco segue sobre as eleições presidenciais, disse Serra, da Toro.
Na véspera, a moeda norte-americana à vista fechou em alta de 0,37%, a 5,3206 reais na venda.
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