Dólar sobe ante real com tensão eleitoral, mas bom humor externo limita ganhos

Publicado em 25/10/2022 17:08 e atualizado em 25/10/2022 17:51

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Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar avançou nesta terça-feira, em meio a cenário eleitoral doméstico tenso, mas fechou bem abaixo dos maiores patamares da sessão, quando chegou a flertar com a marca de 5,36 reais, pressionado por movimento de procura por risco no exterior.

A moeda norte-americana à vista fechou em alta de 0,37%, a 5,3206 reais na venda, depois de mais cedo ter saltado até 1,08%, a 5,3587 reais. No menor patamar do dia, atingido no início da tarde, o dólar chegou a cair 0,47%, a 5,2765 reais, antes de recuperar o fôlego ao longo das últimas horas de negociação.

Na B3, às 17:06 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,36%, a 5,3260 reais.

O afastamento do dólar ante os maiores níveis do pregão refletiu apetite por risco no mercado externo, disse Jefferson Rugik, presidente-executivo da Correparti Corretora. Um índice que compara a divisa dos Estados Unidos a seis pares fortes recuava 0,9% nesta tarde, enquanto os principais índices de Wall Street fecharam em alta acentuada. [.NPT]

O mercado externo se agarrava a esperanças de que o Federal Reserve desacelerará seu ritmo de aperto monetário no final deste ano, em meio a sinais de que o banco central norte-americano está tendo sucesso em sua tentativa de esfriar a economia e conter a inflação mais alta em décadas. Dados desta terça-feira mostraram que os preços das moradias nos EUA recuaram em agosto numa base mensal, enquanto a confiança do consumidor norte-americano piorou em outubro.

Forneceu impulso adicional a ativos arriscados nesta terça-feira a redução da turbulência política no Reino Unido, um dos maiores centros financeiros do mundo, depois que Rishi Sunak se tornou o novo primeiro-ministro e reconduziu Jeremy Hunt ao cargo de ministro das Finanças.

Mas receios eleitorais domésticos impediram o dólar de fechar a sessão no vermelho frente ao real, e investidores alertavam para a perspectiva de muita volatilidade ao longo dos próximos dias.

Agravando um cenário eleitoral já tenso, a campanha à reeleição de Jair Bolsonaro (PL) afirmou, sem provas, que rádios do país não têm veiculado adequadamente as inserções eleitorais do atual presidente, supostamente favorecendo seu adversário no segundo turno da corrida pelo Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em resposta à denúncia, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, cobrou a apresentação de provas, alertando que uma falsa acusação poderá ser encarada como crime eleitoral.

"O novo episódio reforça a narrativa, já gestada por parte dos apoiadores do governo, de que as eleições seriam ilegítimas, abrindo espaço para um 'terceiro turno' a depender dos resultados do próximo domingo", disse a Levante Investimentos em relatório a clientes. "Nesse sentido, aumentam os riscos de ruídos políticos no pós-eleições, podendo prejudicar o desempenho dos ativos no curto prazo."

No domingo, o ataque do apoiador de Bolsonaro e ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) contra policiais federais já havia desencadeado uma onda de cautela no mercado local.

A essas tensões, soma-se a preocupação sobre a agenda fiscal do próximo governo. Lula, que ainda tem vantagem sobre Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto, voltou a se manifestar contra o teto de gastos e também disse que não anunciará sua equipe econômica antes de ganhar o segundo turno da eleição presidencial.

Tanto o petista quanto o atual presidente fizeram promessas de grandes gastos com programas sociais durante suas campanhas.

"Essa é uma das eleições mais conturbadas e mais acirradas da história do Brasil, então a gente não tem nenhum consenso sobre qual dos candidatos vai ganhar, e não sabe qual vai ser a postura fiscal do governo que ganhar", disse Renan Mazzo, chefe de câmbio da SVN Investimentos. Em meio à incerteza na reta final da campanha presidencial, a semana "tende a mostrar uma volatilidade muito grande", disse o especialista.

Uma medida da volatilidade implícita do real para os próximos três meses subiu nesta terça-feira para o nível mais alto desde o pregão que antecedeu o primeiro turno das eleições.

(Edição de Isabel Versiani)

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Fonte:
Reuters

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