Putin declara lei marcial em regiões ucranianas ocupadas
Por Pavel Polityuk e Jonathan Landay
KIEV/MIKOLAIV, Ucrânia (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, introduziu a lei marcial nesta quarta-feira em quatro regiões ucranianas que ele diz que a Rússia anexou enquanto alguns moradores da cidade ocupada de Kherson deixaram o local de barco após alertas de um ataque iminente.
As imagens de pessoas fugindo de Kherson foram transmitidas pela TV estatal russa que retratava o êxodo - da margem direita para esquerda do rio Dnipro - como uma tentativa de esvaziar a cidade de civis antes que ela se torne uma zona de combate.
Kirill Stremousov, vice-chefe da administração local apoiada pela Rússia, fez um apelo em vídeo depois que as forças russas na área foram repelidas por 20 a 30 quilômetros nas últimas semanas. Elas correm o risco de ficarem presas na margem ocidental do rio Dnipro, com 2.200 km de extensão, que corta a Ucrânia.
Em uma medida que parece destinada a ajudar a Rússia a firmar seu controle sobre as regiões ucranianas que ocupa parcialmente - incluindo Kherson - Putin disse ao Conselho de Segurança que estava introduzindo a lei marcial nelas.
Além de medidas de segurança muito mais rígidas, não estava claro qual seria o impacto imediato disso.
Kiev, que não reconhece as autodenominadas anexações de Moscou das quatro regiões, ridicularizou a medida.
"A implementação da 'lei marcial' nos territórios ocupados pela Rússia deve ser considerada apenas como uma pseudo-legalização do saque das propriedades dos ucranianos", tuitou Mykhailo Podolyak, conselheiro presidencial ucraniano.
"Isso não muda nada para a Ucrânia: continuamos a libertação e desocupação de nossos territórios."
Oito meses depois de ser invadida, a Ucrânia está processando grandes contraofensivas no leste e no sul para tentar tomar o máximo de território possível antes do inverno, depois de derrotar as forças russas em algumas áreas.
O conflito matou milhares, deslocou milhões, pulverizou cidades ucranianas, abalou a economia global e retomou fissuras geopolíticas da era da Guerra Fria.
Putin também emitiu um decreto restringindo o movimento dentro e fora de oito regiões adjacentes à Ucrânia e ordenou a criação de um conselho de coordenação especial sob o primeiro-ministro Mikhail Mishustin para intensificar o esforço de guerra.
Kherson é o maior centro populacional que Moscou conquistou e manteve desde o início de sua "operação militar especial" na Ucrânia em 24 de fevereiro.
Andriy Yermak, chefe de gabinete do presidente ucraniano, acusou a Rússia de fazer propaganda no país.
"Os russos estão tentando assustar o povo de Kherson com boletins falsos sobre bombardeio na cidade pelo nosso Exército e também organizando um show de propaganda com retirada (dos moradores)", escreveu Yermak no aplicativo de mensagens Telegram.
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