Dólar despenca a R$5,035 após dado de inflação nos EUA reduzir apostas em Fed agressivo
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar passava a cair acentuadamente na manhã desta quarta-feira, e chegou a ir à casa dos 5,03 reais pela primeira vez em quase dois meses, após dados mostrarem estabilidade dos preços ao consumidor dos Estados Unidos no mês passado, leitura que reduziu as apostas numa postura de política monetária muito agressiva por parte do banco central do país.
Às 10:11 (de Brasília), o dólar à vista recuava 1,46%, a 5,0551 reais na venda. A moeda, que abriu a sessão com leve baixa, aprofundou as perdas imediatamente após a divulgação dos dados de inflação norte-americanos, e tocou 5,0350 reais na mínima do dia (-1,85%), nível que não era visto desde meados de junho passado.
Na B3, às 10:11 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,41%, a 5,0855 reais.
O índice de preços ao consumidor dos EUA permaneceu inalterado em julho, após avançar 1,3% em junho, disse o Departamento do Trabalho dos EUA nesta quarta-feira. Economistas consultados pela Reuters projetavam alta de 0,2% do índice em julho.
"Isso claramente joga a favor de quem aguarda um ritmo menor (de aperto monetário) na próxima reunião do banco central americano", disse Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. "Acredito que será um dia de bolsa para cima e dólar para baixo."
Cerca de meia hora após a divulgação da leitura de inflação, contratos futuros vinculados ao juro básico do Federal Reserve precificavam chance de apenas 40% de o banco central dos EUA repetir alta de 0,75 ponto percentual nos custos dos empréstimos em setembro, contra probabilidade de quase 70% vista antes dos dados. Agora, o cenário estimado pela maioria dos operadores é de elevação mais moderada dos juros, de 0,50 ponto.
Isso derrubou o dólar de forma geral, com seu índice frente a uma cesta de pares fortes despencando 1,17%, a 105,110. A divisa norte-americana também tinha perdas expressivas contra a maior parte das moedas emergentes ou sensíveis às commodities, que tendem a se beneficiar de juros mais baixos na maior economia do mundo.
Entre as principais bolsas, as ações europeias avançavam e os futuros de Wall Street aceleraram seus ganhos nesta manhã, sinal de melhora no apetite por risco. [.EUPT] [.NPT]
Apesar do alívio na inflação e da reação inicial positiva dos mercados, Cruz alertou que a estabilidade do índice de preços ao consumidor dos EUA em julho foi provocada principalmente por queda nos custos de combustíveis, com alguns outros componentes ainda apontando persistência da pressão no bolso da população.
O núcleo do índice de preços ao consumidor --que exclui componentes voláteis, como a energia, subiu 0,3% em julho, contra alta de 0,7% em junho. Em 12 meses, o núcleo aumentou 5,9%, mesmo ritmo acumulado no ano findo junho.
Os dados desta quarta-feira "podem até ajudar o Fed a reduzir o ritmo de altas de juros, mas a inflação mais resistente em alguns outros itens dificultaria a ideia de acabar (ciclo de alta da) taxa de juros em patamar abaixo de 4%", opinou Cruz.
O dólar spot fechou a terça-feira em alta de 0,32%, a 5,1299 reais, encerrando sequência de três recuos seguidos.
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