Ibovespa fecha em queda com NY e Vale; Eletrobras sobe
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda pelo quinto pregão seguido nesta quinta-feira, contaminado por Wall Street e com mineração e siderurgia entre os destaques negativos, enquanto Eletrobras avançou antes da precificação da oferta de ações que privatizará a maior companhia de energia elétrica da América Latina.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,18%, a 107.093,71 pontos. No mês, já acumula queda de 3,82%. O volume financeiro somou 24,9 bilhões de reais.
Em Nova York, o S&P 500 encerrou com declínio de 2,38%, refletindo cautela de agentes financeiros antes da divulgação na sexta-feira do índice de preços ao consumidor (CPI) norte-americano de maio. O indicador ajudará a calibrar apostas para os próximos passos da política monetária do banco central dos Estados Unidos.
Na visão do especialista em renda variável do escritório de investimentos Blue3 Dennis Esteves, o mercado está no aguardo dos dados de inflação dos EUA para fazer qualquer movimento em direção a ativos de risco.
A expectativa de economistas é que o CPI tenha registrado uma alta de 0,7%, com o núcleo, que exclui alimentos e energia, mostrando um aumento de 0,5% no mês. Um número mais forte pode endossar apostas de que o Federal Reserve seguirá com um ritmo agressivo no ciclo de aperto monetário nos EUA.
O dia ainda foi marcado por sinalização do Banco Central Europeu de promoção de sua primeira alta de juros desde 2011 no mês que vem. A autoridade monetária também elevou projeções de inflação, mas cortou de crescimento.
Em paralelo, persistem as preocupações com propostas de medidas para desoneração de combustíveis, que devem provocar um aumento importante nos gastos federais, adicionando preocupações com o quadro fiscal do país, o que, por sua vez, pode afetar apetite dos investidores estrangeiros por ativos brasileiros.
Nem a desaceleração mais forte do que o esperado do IPCA em maio foi suficiente para animar o mercado.
Economistas do Itaú Unibanco destacaram que o IPCA ficou abaixo do esperado, mas que os núcleos seguem pressionados. Além disso, Julia Passabom e Luciana Rabelo pontuaram, em relatório enviado a clientes, que as projeções de curto prazo contam com elevada incerteza.
DESTAQUES
- ELETROBRAS ON avançou 2,14% antes da precificação da oferta de capitalização nesta quinta-feira, com fontes afirmando à Reuters mais cedo que a demanda estava perto de 70 bilhões de reais, duas vezes o valor projetado para a oferta.
- VALE ON caiu 3,38%, acompanhando o declínio dos futuros de minério de ferro em Dalian e Cingapura, em meio a receios com lucros fracos de siderúrgicas chinesas e novos alertas de Covid-19 em Xangai e Pequim. No setor, CSN ON perdeu 6,65%.
- MAGAZINE LUIZA ON cedeu 6,52%, renovando mínimas em quatro anos, quase perdendo o patamar dos 3 reais. Na contramão, AMERICANAS ON subiu 2,04%, enquanto VIA ON caiu 3,32%. Em Nova York, MERCADO LIVRE desabou 9,24%.
- CVC BRASIL ON fechou em baixa de 2,38%, após a operadora de turismo afirmar que avalia oferta primária de ações e que engajou bancos para a potencial operação, de olho em recursos para crescer conforme vê uma gradual recuperação no setor.
- PAGSEGURO despencou 23,78% em Nova York, mesmo após a empresa de pagamentos e banco digital ter alta de 29% no lucro líquido do primeiro trimestre, com reforço da base de clientes e expansão das receitas. STONECO caiu 14,89%. No Brasil, CIELO ON cedeu 0,27%.
- HAPVIDA ON avançou 2,98%, no segundo dia de alta, devolvendo parte do declínio nos primeiros pregões do mês, que ainda acumula queda de 7,29%. Na terça-feira, a ação atingiu uma mínima intradia desde março de 2020.
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