Bolsonaro faz apelo a setor de abastecimento para que reduza lucro sobre produtos da cesta básica
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro fez um apelo nesta quinta-feira ao setor de abastecimento que "colabore um pouco mais" e reduza a margem de lucro sobre produtos da cesta básica.
Em viagem aos Estados Unidos para participar da Cúpula das Américas, Bolsonaro participou virtualmente do 2° Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento ABRAS - ESG.
"Então o apelo que eu faço aos senhores, para toda a cadeia produtiva, é para que os produtos da cesta básica, cada um, obtenha o menor lucro possível", disse, acrescentando saber que a margem de lucro já vem baixando, mas pedindo que seja ainda mais reduzida.
O presidente queixou-se, sem citar nomes, dos que fazem "afirmações não verdadeiras" que o colocam como o responsável pela alta da inflação.
Bolsonaro disse ainda que a reunião nesta quinta com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, será uma ocasião em que pretende mostrar a atratividade do Brasil ao norte-americano.
Também participante do evento, o ministro da Economia, Paulo Guedes, iniciou sua fala ecoando o apelo de Bolsonaro ao dizer que agora é o momento de frear a alta de preços de maneira voluntária “para o bem do Brasil”. Ele pediu que o empresariado brasileiro ajude a quebrar a cadeia inflacionária.
“Vamos dar uma trégua de preços, vamos confiar um pouco no Brasil, vamos apertar o cinto um pouquinho”, pediu Guedes aos representantes do setor de supermercados, defendendo que a tabela de preços de alimentos da cesta básica seja reajustada pelos empresários apenas em 2023.
O evento teve um momento de divergência entre Bolsonaro e o ministro da Economia, depois que Guedes afirmou que o foco da discussão deveria ser o corte de tributos porque o setor de alimentação já tem margem de lucro apertada.
"Vocês estão com a margem de lucro estreita, não é com vocês a conversa. A conversa é (reduzir) ICMS, IPI, nós reduzimos esses impostos", disse, pedindo apenas que os estabelecimentos parem de aumentar os preços.
Em seguida, Bolsonaro pediu a palavra para dizer que queria “discordar um pouquinho” de Guedes, voltando a pedir que os comerciantes baixem as margens de lucro.
"Se cada um baixar 1%, que seja, ajuda bastante a gente", afirmou.
Guedes, então, disse que quem tem voto é o presidente. "Eu estou pedindo para travar a alta, se ele está pedindo para baixar, quem tem voto é ele, vamos baixar, pessoal", afirmou.
Ao comentar as medidas para cortar tributos federais e estaduais sobre combustíveis, Guedes disse que o governo federal repassou quase meio trilhão de reais aos entes durante a pandemia e que está na hora de os governadores darem uma contribuição ao país.
“Será que eles não podem ajudar o Brasil um pouco? Dos 180 bilhões de reais em caixa que eles têm hoje, não podem adiantar um terço para a população?”, disse. “É a primeira vez que os Estados vão botar a mão no bolso, até agora eles só receberam.”
(Reportagem de Maria Carolina Marcello e Bernardo Caram)
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