Ao lado de Guedes, Bolsonaro diz que governo fará "de tudo" para não perder confiança do mercado
O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo, ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, que o governo e a equipe farão "de tudo" para não perder a confiança do mercado, com ambos trocando elogios ao fim de uma semana em que os ativos financeiros despencaram por temores sobre os rumos da política econômica --o que gerou especulações de saída de Guedes do cargo.
"(Paulo Guedes) é uma pessoa que deposito total confiança nele. Foi excepcional o trabalho dele em 2019 e melhor ainda em 2020", disse Bolsonaro. "Nós faremos de tudo para não perder a confiança do mercado, do investidor e do cidadão de maneira geral", acrescentou.
Declaração conjunta de Bolsonaro e Guedes na sexta-feira ajudou a acalmar investidores, que experimentaram uma semana de forte turbulência com temor (posteriormente confirmado) de rompimento do teto de gastos, tido como âncora fiscal do Brasil.
O dólar negociado no mercado futuro superou 5,76 reais, e o principal índice das ações brasileiras chegou a exibir queda de 10,3% no acumulado da semana.
Neste domingo, o chefe do Executivo repetiu que ele e Guedes sairão juntos do governo. "A gente vai sair junto, fica tranquilo", respondeu Bolsonaro a um questionamento a respeito.
Em uma feira de pássaros em Brasília, ambos falaram dos efeitos da inflação em alta sobre os mais pobres e do aumento dos preços dos combustíveis, mas disseram que medidas estão sendo tomadas, como o auxílio aos caminhoneiros e os ajustes no teto de gastos para viabilizar o novo Bolsa Família turbinado. Bolsonaro negou, porém, que as ações tenham cunho eleitoreiro.
"Lamentamos a situação em que se encontra o pobre no Brasil, passando dificuldade, tanto é que estamos socorrendo essas pessoas mais pobres como socorremos no ano passado", disse o presidente a jornalistas.
"Não estamos aqui lutando por eleições de 2022. Não se toca nesse assunto, tanto é que até o momento nem partido eu tenho ainda", completou.
REÇOS DOS COMBUSTÍVEIS
Em outro momento e voltando a falar sobre os preços dos combustíveis, o ministro da Economia disse que a Petrobras, com pouca concorrência no setor, pode deixar de ser "veneno" para se tornar "vacina", enquanto Bolsonaro afirmou que o governo não interferirá na política de preços da empresa.
"Temos aí ao que tudo indica reajuste nos preços dos combustíveis", disse Bolsonaro, citando na sequência a valorização dos preços do petróleo no mercado internacional e o comportamento do dólar no Brasil.
"Eu não tenho poder de interferir nisso na Petrobras. (...) Alguns querem que a gente interfira no preço. A gente não vai interferir no preço de nada", disse Bolsonaro, acrescentando que ele e Guedes têm discutido os rumos da empresa para o futuro.
O ministro da Economia, que falou por bastante mais tempo que o presidente da República, rechaçou colegas economistas críticos ao estouro do teto de gastos e fez cobrança direta ao presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), acerca de andamento das reformas, enquanto elogiou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pelo progresso das pautas na Casa legislativa.
Guedes rebateu ainda afirmações de que Bolsonaro seria populista, defendendo que o presidente é popular e ainda assim permite que a economia seja reformista. O chefe da pasta da Economia disse que havia recebido informações neste domingo e que a Receita Federal está com recorde de arrecadação, com o país gerando 370 mil empregos formais por mês. "A economia está voltando com tudo", disse.
"Neste final de ano, o setor mais vulnerável nosso, que mais sofreu, que foi turismo, serviços, comércio, vai explodir de crescimento. O Brasil está crescendo e vai crescer. São 540 bilhões (de reais) de investimentos daqui até o fim do ano", disse, avaliando que esse valor poderia chegar a quase 1 trilhão de reais em compromissos de investimentos --segundo ele, contratos assinados.
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