Ibovespa fecha em queda liderada por Iguatemi após balanço
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira, após duas altas seguidas, com Iguatemi capitaneando as perdas após resultado trimestral, em sessão marcada por vários balanços corporativos e relevante noticiário macroeconômico.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,66%, a 122.202,47 pontos, abandonando o sinal positivo da primeira etapa do pregão, quando chegou a subir a 123.512,77 pontos. O volume financeiro na bolsa somou 26,8 bilhões de reais.
Mesmo após a alta do Ibovespa nos últimos dois pregões, a bolsa paulista, segundo o analista da Terra Investimentos Régis Chinchila, continua minada pelas incertezas e preocupações dos investidores com o cenário econômico e político no Brasil.
Além disso, acrescentou, a ata da última decisão de juros do Banco Central reforçou a sinalização da autoridade monetária de que a Selic precisará ser elevada neste ano acima do patamar neutro.
Os níveis historicamente baixos da Selic vinham sendo um relevante suporte para a migração de investidores e recursos para o mercado de ações.
A pauta macroeconômica ainda contou com o desempenho de julho da inflação oficial do país medida pelo IPCA ainda elevado e detalhamento pelo Ministério da Economia da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios.
O pregão brasileiro também fechou com agentes financeiros na expectativa de votação da PEC do voto impresso na Câmara dos Deputados ainda nesta terça-feira. O assunto tem causado inquietação política, com o presidente Jair Bolsonaro por diversas vezes fazendo acusações sem provas contra o sistema eleitoral do país.
Nos Estados Unidos, o Senado aprovou o projeto de infraestrutura de 1 trilhão de dólares, que pode representar o maior investimento do país em décadas em estradas, pontes, aeroportos e hidrovias.
Ainda assim, Wall Street fechou sem uma tendência única, com o Dow Jones em alta de 0,46%, mas o S&P 500 perto da estabilidade e o Nasdaq Composite em queda de 0,49%.
Investidores aguardam a divulgação do índice de preços ao consumidor norte-americano de julho, previsto para a quarta-feira, que tem sido amplamente monitorado para balizar apostas sobre os próximos passos do Federal Reserve.
DESTAQUES
- IGUATEMI ON caiu 3,74%, mesmo após salto no lucro trimestral. O aumento de receita com a gradual reabertura de shoppings da empresa foi ofuscado em parte com o efeito de descontos concedidos a lojistas.
- ITAÚ UNIBANCO PN e BRADESCO PN recuaram 1,89% e 1,43%, respectivamente, entre as maiores pressões de baixa. Mesmo BTG PACTUAL UNIT caiu 0,67% após subir mais de 4% mais cedo com resultado trimestral forte.
- PETROBRAS PN fechou em alta de apenas 0,32%, distante da máxima da sessão, quando chegou a subir 2%, mesmo com o forte avanço do petróleo no exterior.
- VALE ON avançou 0,96%, reduzindo os ganhos no pregão, mas ainda ajudando a atenuar a pressão negativa no Ibovespa. No setor, GERDAU PN subiu 2,52%, após aprovação do pacote de infraestrutura nos EUA. A empresa tem relevante porção de seus resultados sendo gerada nos EUA.
- PETRORIO ON avançou 6,48%, favorecida pela alta do petróleo e expectativas relacionadas à sua produção. Além disso, fontes afirmaram que consórcio com a empresa fez proposta por campos da Petrobras (Albacora e Albacora Leste).
- EMBRAER ON subiu 3,27%, tendo de pano de fundo conclusão da venda de 16 novos jatos E175 para a norte-americana SkyWest, com o valor do contrato, segundo preços de tabela das aeronaves, somando 798,4 milhões de dólares.
- ENEVA ON caiu 3,35%, em sessão de ajustes, após acumular até a véspera alta de mais de 5% desde o começo do mês, em período que contou com a divulgação do balanço da empresa de geração de energia.
- MINERVA ON recuou 2,03%, na esteira do declínio de 54% no lucro líquido do segundo trimestre, para 116,7 milhões de reais, embora a maior exportadora de carne bovina na América do Sul enxergue um cenário positivo.
- MOBLY ON, que não está no Ibovespa, despencou 9,73%, renovando mínimas históricas, após prejuízo de 17 milhões de reais no segundo trimestre, bem acima da perda de 7,6 milhões registrada um ano antes.
- ONCOCLÍNICAS ON caiu 3,24% em estreia na B3 após precificar IPO a 19,75 reais por ação, abaixo da faixa estimada para a oferta. Na máxima até o momento, a ação chegou a 19,62 reais. Na mínima, a 18,15 reais.
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