Fecombustíveis pede ao governo redução na mistura de etanol à gasolina para 18%
Por Marcelo Teixeira
NOVA YORK (Reuters) - A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) pediu ao governo federal que a mistura obrigatória de etanol à gasolina no Brasil seja reduzida, afirmando que uma menor produção diminuiu as ofertas e elevou os preços do biocombustível.
A entidade, que representa cerca de 40 mil postos de combustíveis no país, solicitou que a mistura de etanol seja reduzida dos atuais 27% para 18%, argumentando que a safra menor de cana-de-açúcar neste ano, decorrente do tempo mais seco que o normal, reduziu a produção de etanol.
O grupo disse ter recebido relatos de companhias associadas indicando que as distribuidoras de combustíveis têm enfrentado dificuldades junto às usinas para a aquisição de etanol anidro suficiente para a mistura obrigatória, causando atrasos nas entregas do combustível aos postos.
A federação citou que o preço da gasolina nas refinarias da Petrobras acumula alta de cerca de 40% neste ano, enquanto a cotação do etanol anidro medida pelo índice Cepea/Esalq marca aumento de 37,5% no período, para cerca de 3,31 reais o litro na média da usina do Estado de São Paulo, um recorde nominal (sem considerar a inflação).
"Os preços dos combustíveis são livres na ponta final dacadeia, porém, os postos dificilmente conseguirão absorver mais aumentos devido à crise econômica pelo qual o país passa, para manterem as portas abertas", afirmou a Fecombustíveis.
Procurado, o Ministério de Minas e Energia afirmou em nota que "acompanha o mercado de etanol na mesa de abastecimento", e que nesse "acompanhamento não foi identificada necessidade de reduzir o teor de etanol anidro na gasolina C."
Recentemente, o Brasil reduziu o volume obrigatório de biodiesel misturado ao diesel de 13% para 10%, devido às ofertas apertadas e aos altos preços da soja, principal matéria-prima do biocombustível no país.
Analistas já esperavam uma oferta ajustada de etanol no Brasil neste ano, diante de expectativas de que as usinas deem prioridade à produção de açúcar, já que o adoçante tem acarretado melhores resultados financeiros.
"Com a safra (de cana) no início, é de se duvidar que uma mudança pudesse ser feita agora", disse um corretor do mercado de açúcar nos Estados Unidos, acrescentando que um corte na mistura de etanol poderia representar um aumento nas importações de gasolina.
"Um plano melhor seria reduzir a tarifa de importação de 20%, o que pelo menos tornaria o etanol fora do país mais próximo da paridade de importação", afirmou.
Uma possível alternativa para a oferta de etanol seria importação dos EUA, que ficou mais cara quando o Brasil pôs fim a uma cota livre de tarifas no ano passado.
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