Dólar fecha em baixa de 0,14%, a R$ 5,7175
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar operou como montanha-russa nesta terça-feira e, depois de muito vaivém, fechou com leve queda, mas ainda acima de 5,70 reais, com problemas fiscais e políticos no Brasil reduzindo o impacto da fraqueza da moeda norte-americana no exterior após dados de inflação nos Estados Unidos.
O dólar à vista caiu 0,14%, a 5,7175 reais na venda. A cotação oscilou entre 5,7567 reais (+0,54%) e 5,6637 reais (-1,08%).
Lá fora, o índice do dólar contra uma cesta de divisas cedia 0,3%.
A cotação no Brasil iniciou o dia em alta, ainda repercutindo o noticiário sobre possível flexibilização do teto de gastos, mas virou para baixo seguindo o comportamento do câmbio no exterior após dados de inflação nos Estados Unidos não referendarem apostas de redução de estímulos pelo banco central norte-americano.
Ao longo da tarde, porém, o dólar recobrou forças, zerando boa parte das perdas, conforme operadores evitaram apostas mais arriscadas em meio ao tenso foco voltado para Brasília.
O mercado ainda se mostrou ressabiado com riscos ao regime fiscal. Na véspera, o real teve o pior desempenho global, quando o dólar fechou em alta de 0,90%, a 5,7258 reais, após informações de que o Ministério da Economia e o governo, sob pressão do Congresso, estariam estudando a criação de uma PEC que, no fim das contas, permitiria a acomodação de algumas despesas fora do teto de gastos.
"O governo, por sua vez, não dá indícios de que pretende trazer a situação fiscal novamente para o caminho da responsabilidade", disse em carta mensal a gestora SPX, de Rogério Xavier.
O dólar sobe 10,13% no ano, o que deixa a moeda brasileira "brigando" com o peso argentino pelo posto de pior desempenho do mundo em 2020. À cotação de fechamento desta terça, o dólar está a apenas 3,21% da máxima recorde de 5,9012 reais marcada há exatos dez meses.
Com tamanho prêmio de risco embutido, novamente algumas instituições começaram a apontar algum exagero nos preços.
Gustavo Arruda, chefe de pesquisa para América Latina do BNP Paribas, até acredita que a taxa de câmbio continuará vulnerável a choques no curto prazo, mas vê queda do dólar no segundo semestre à medida que a economia reabrir.
"O câmbio fica muito ruim, muito suscetível a choques e a ruídos no curto prazo. Mas, à medida que vai entrando a recuperação, outro estágio da economia, a moeda (o real) tende a performar melhor, a voltar um pouco mais para próximo de onde a gente acredita em termos de fundamento", afirmou.
O BNP projeta dólar de 5 reais ao fim do ano.
Estrategistas do Morgan Stanley avaliaram que, apesar de um "ponto de virada" ainda estar a algumas semanas de distância no Brasil, a barra para novas decepções pode estar "alta demais", conforme o prêmio de risco parece esticado e o posicionamento segue vendido --sugerindo que muita notícia ruim já está nos preços.
O Morgan Stanley entende que o real ainda não é o melhor veículo para apostas no Brasil, devido ao retorno ajustado pela volatilidade ainda muito baixo. O JPMorgan também se diz neutro em real, mas acredita que as altas de juros deverão ser positivas para os mercados à frente.
"A melhora dos diferenciais das taxas de juros deve ajudar a ancorar os mercados, especialmente com novas subidas de juros, à medida que levam a desmontes de posições vendidas em real", disseram Luis Oganes e Jonny Goulden em relatório de estratégia e cenário para mercados emergentes.
Segundo os profissionais do JPMorgan, o real é atualmente uma das moedas mais baratas do mundo emergente, de acordo com o modelo BEER (que leva em conta fundamentos) calculado pelo banco.
0 comentário
Dólar ronda estabilidade na abertura e caminha para ganho semanal com aversão ao risco
China diz estar disposta a dialogar com os EUA para impulsionar comércio bilateral
Rússia diz que ataque com míssil hipersônico na Ucrânia foi aviso ao Ocidente
Índices da China têm pior dia em seis semanas com balanços e temores por Trump
Wall Street fecha em alta, enquanto Dow Jones e S&P 500 atingem picos em uma semana
Ibovespa fecha em queda com ceticismo do mercado sobre pacote fiscal