Ibovespa fecha no azul mas com volume fraco; Dasa despenca 50%
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa teve mais uma sessão volátil nesta quarta-feira, fechando com uma alta marginal, mas com o volume no pregão novamente mais fraco, enquanto agentes financeiros continuam no aguardo de definições relacionadas ao Orçamento e medidas contra a pandemia de coronavírus.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,11%, a 117.623,58 pontos. Durante o pregão, alcançou 118.303,28 pontos no melhor momento. Na mínima, atingiu 116.747,95 pontos.
O giro financeiro somou 28,6 bilhões de reais, abaixo da média diária de 36,7 bilhões de reais no ano e de 36,9 bilhões em março. Nos primeiros pregões de abril, a média alcançava 26,2 bilhões de reais.
Na visão do analista da Terra Investimentos Régis Chinchila, tal piora decorre da cautela dos investidores que aguardam definições em pautas relevantes como Orçamento e medidas contra a pandemia do Covid-19, enquanto assuntos como as reformas administrativa e tributária ainda estão na fila. "O cenário é de muitas incertezas", afirmou.
Participantes do mercado têm atribuído a performance positiva do Ibovespa recente ao prognóstico de recuperação da economia global, puxada principalmente por Estados Unidos e China, que apoia o desempenho das ações de companhias como a Vale, com peso relevante no índice. Em abril, o Ibovespa acumula alta de 0,85%.
Nesse contexto, favorece sinalização do Federal Reserve na ata da última decisão de política monetária norte-americana, que no entendimento do analista da Terra, vê os dados econômicos dos EUA voltando a subir juntamente com a desaceleração da pandemia no país.
Apesar do ganho de tração, as autoridades do Fed avaliaram que a economia norte-americana permanece longe dos objetivos de longo prazo (do Fed) e que a trajetória à frente continua altamente incerta, reiterando o suporte da política monetária até que a recuperação esteja mais assegurada.
A ata, na visão do estrategista-chefe do banco digital modalmais, Felipe Sichel, mostra conforto com a manutenção dos parâmetros de política monetárias adotadas até agora, com a perspectiva de que qualquer alteração ainda não foi discutida pelo comitê e será comunicada com ampla antecedência.
Essa percepção ajudou o S&P 500 a fechar no azul em Nova York.
DESTAQUES
- DASA ON, que não está no Ibovespa, desabou 50,01%, após precificar oferta de ações a 58 reais por papel na véspera, abaixo da faixa indicativa estimada para o follow on entre 64,90 e 84,50 reais. A precificação também representou forte desconto ante a cotação de fechamento do papel na terça-feira, de 144,01 reais. A companhia levantou 3,3 bilhões de reais com a operação.
- BRADESCO PN perdeu 1,09% e ITAÚ UNIBANCO PN recuou 0,88%, mais uma vez pesando do lado negativo, diante de impasses relacionados ao Orçamento e receios fiscais, além de preocupações sobre eventual aumento na tributação do setor. BANCO DO BRASIL ON cedeu 0,64%.
- VALE ON avançou 2,46%, renovando máximas históricas e chegando a superar 105 reais no melhor momento. Os setores de mineração e siderurgia fecharam em alta, após os futuros de referência do minério de ferro na Ásia subirem, com preços recordes do aço na China. A Anfavea também divulgou alta na produção de veículos no Brasil em março.
- BRASKEM PNA valorizou-se 5,95%, dando continuidade ao movimento de alta recente, em meio à avaliação no mercado de que a empresa está bem posicionada para aproveitar a sólida demanda por produtos petroquímicos, com o movimento de desalavancagem e o progresso contínuo nas frentes de Alagoas e México também sendo potenciais catalisadores para a ação.
- HAPVIDA ON subiu 3,89%, tendo de pano de fundo anúncio de vem estudando eventuais captações de recursos para financiar investimentos e aquisições, assim como fortalecer sua posição de caixa, incluindo a possibilidade de uma oferta de ações. INTERMÉDICA ON, que está em processo de fusão com a Hapvida, avançou 2,57%.
- IRB BRASIL RE ON fechou em alta 2,30%, após a Superintendência de Seguros Privados (Susep) encerrar fiscalização especial sobre a companhia aberta no ano passado sobre insuficiência de ativos garantidores das provisões técnicas. Na máxima do dia, o papel subiu quase 9%.
- PETROBRAS PN cedeu 0,08%, após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que o aumento do preço do gás anunciado pela companhia nesta semana, de 39%, é "inadmissível" e que, apesar de dizer que não irá interferir na estatal, a política de preços da empresa pode mudar.
- B2W ON caiu 2,96%, em sessão de ajustes, após três altas seguidas, com os rivais MAGAZINE LUIZA ON e VIA VAREJO ON recuando 2,04% e 0,4%, respectivamente.
- CCR ON perdeu 1,82%, em sessão volátil. A companhia foi a principal vencedora do leilão para concessão à iniciativa privada de 22 aeroportos no país, assegurando 9 terminais no bloco Sul, o mais cobiçado, por 2,88 bilhões de reais e 6 no bloco Central, por 754 milhoões de reais.
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