PF inclui mensagens trocadas entre Bolsonaro e Moro em pedido de prorrogação de inquérito

Publicado em 03/09/2020 07:38

LOGO REUTERS

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - A Polícia Federal incluiu novas trocas de mensagens entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro em pedido apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira, de prorrogação por mais de 30 dias do prazo para a conclusão do inquérito que apura acusações de Moro sobre suposta interferência política do chefe do Executivo na PF.

Em uma das mensagens, no dia 12 de abril, Bolsonaro encaminhou a Moro notícia publicada pelo jornal Valor Econômico em que o então ministro da Justiça afirmava, segundo a publicação, que a polícia poderia prender aqueles que desrespeitassem medidas de isolamento social e quarentena. O presidente, contudo, sempre foi forte crítico dessas medidas para conter a disseminação da Covid-19.

"Se esta matéria for verdadeira: Todos os ministros, caso queira contrariar o PR (presidente), pode fazê-lo, mas tenha dignidade para se demitir. Aberto para a imprensa”, escreveu Bolsonaro a Moro.

Em réplica, o então titular da Justiça, que disse não ter falado com a imprensa, citou um artigo do Código Penal no qual dispõe ser crime punível com detenção até um ano quem infringir determinação do poder público que se destina a impedir propagação de doença contagiosa.

Procurada por e-mail, a Secretaria de Comunicação da Presidência não respondeu de imediato a pedido de comentário sobre o diálogo. Bolsonaro já negou publicamente ter interferido na PF.

Moro pediu demissão ainda no mês de abril, e acusou Bolsonaro de tentar interferir na PF.

A pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, o inquérito foi aberto no final de abril pelo ministro Celso de Mello, relator do caso no Supremo.

Uma das diligências pendentes, que foi requerida pela Polícia Federal, é o depoimento de Bolsonaro no caso. A solicitação de oitiva será apreciada pelo decano após o procurador-geral da República ter se manifestado a favor do depoimento do presidente por escrito.

O inquérito sobre as acusações de Moro, ex-juiz da operação Lava Jato, já colheu uma série de depoimentos. Ao final das apurações, caberá ao procurador-geral decidir se vai denunciar Bolsonaro, arquivar as investigações ou pedir novas diligências.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário