Renda Brasil deve ter 8 milhões de pessoas a mais que Bolsa Família, diz Paulo Guedes

Publicado em 22/08/2020 20:08

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O novo programa assistencial do governo Jair Bolsonaro, batizado de Renda Brasil, deve atender 8 milhões de pessoas além dos que já são contemplados pelo Bolsa Família. O benefício médio deve ficar entre R$ 250 e R$ 300, acima dos R$ 190 pagos atualmente em média pelo programa atrelado a gestões petistas.

Desde o início do governo, a equipe econômica e a área social trabalham na criação de um novo programa de transferência de renda para criar uma marca própria do governo Bolsonaro. A ideia ganhou força após o auxílio emergencial, benefício social concedido a 66 milhões de brasileiros.

Hoje, 14,2 milhões de famílias recebem o Bolsa Família, mas 95% delas estão recebendo, desde abril, o auxílio criado para ajudar no enfrentamento da crise causada pela covid-19. A ideia é que, com o fim do auxílio, os beneficiários do Bolsa sejam contemplados no novo programa, juntamente 8 milhões de pessoas a mais (cerca de 2,5 milhões de famílias).

O Bolsa Família usa como linha de corte para a concessão do benefício a situação de cada família, classificada em extrema pobreza (rendimento de até R$ 89 por pessoa) e pobreza (até R$ 178 por pessoa). O Renda Brasil deve elevar essa linha de corte para R$ 100 e R$ 250, respectivamente.

No novo programa, está prevista a criação de um bônus para as famílias com filhos que passarem de ano e tiverem bom desempenho escolar. O prêmio será dado no fim de cada ano. As famílias que tiverem jovens fazendo curso profissionalizante também serão beneficiadas.

Beneficiários que têm um filho pequeno também vão ganhar mais. O Bolsa Família já dá um benefício para a mãe com filho recém-nascido, de zero até os seis meses, mas a ideia do Renda Brasil é estender esse benefício para crianças com até 3 anos. A ideia é que os pais usem esse voucher para matricular os filhos em creches particulares.

Recursos

Os valores e o alcance do novo programa ainda não foram definidos porque o governo vai propor ao Congresso uma revisão de programas considerados ineficientes.

Na mira estão gastos como abono salarial (benefício de um salário mínimo voltado para quem ganha até dois pisos, mas que acaba sendo recebido também por jovens de classe média em início de carreira) e seguro-defeso (pago a pescadores artesanais no período de reprodução dos peixes, quando a pesca é proibida, mas com alto índice de irregularidades), além do salário-família (pago a trabalhadores formais e autônomos que contribuem para a Previdência Social, de acordo com a quantidade de filhos).

Para acabar com o abono salarial, é preciso aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), o que exige apoio de três quintos da Câmara (308 de 513 deputados) e do Senado (49 de 81 senadores). Vários governos já tentaram sem sucesso, inclusive estava prevista uma restrição na reforma da Previdência, mas a medida foi retirada.

O seguro-defeso e o salário-família dependem da aprovação de um projeto de lei para serem extintos, o que exige apoio da maioria Mesmo assim, também não é uma tarefa fácil porque tentativas em outros governos não prosperaram.

Ao Estadão, o economista Ricardo Paes de Barros, um dos formuladores do Bolsa Família, já tinha defendido a unificação dos programas como caminho para o combate à pobreza pós-pandemia Nas contas dele, com a fusão, seria possível transferir de R$ 100 bilhões a R$ 120 bilhões à população mais vulnerável, com uma renda que vá de R$ 200 a R$ 300 por pessoa. "O Brasil tem condições de zerar a pobreza", afirmou ele, que é professor do Insper e economista-chefe do Instituto Ayrton Senna.

Para Paes de Barros, além de um programa que garanta uma renda mínima às camadas mais vulneráveis, é necessário fazer a inclusão produtiva para que o trabalhador incremente sua renda e alcance autonomia.

A ideia do governo é que o novo programa assistencial tenha uma porta de saída: os contemplados vão estar automaticamente habilitados ao novo programa de emprego, uma versão ampliada da Carteira Verde Amarela. O beneficiário vai poder sair da informalidade e ingressar no mercado formal em uma vaga com salário mais baixo e encargos reduzidos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Guedes prepara pacote de Renda, obras e 'desengessamento' do Orçamento

Num gesto político após as turbulências provocadas pelas incertezas com o futuro das contas públicas, o governo prepara para a próxima semana um pacote de medidas em diversas frentes para tentar sustentar a recuperação econômica e fazer a ponte de transição com o fim dos auxílios emergenciais concedidos durante a fase mais aguda da pandemia da covid-19.

O pacote "big bang", como é chamado internamente pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em referência à teoria de criação do Universo, vai antecipar o programa Renda Brasil para este ano e combinar medidas de corte de despesas, obras públicas, estímulo ao emprego, atração dos investimentos privados e privatizações. O pacote é visto como uma espécie de "lego" que vai se encaixando ao "ritmo político" do Congresso nos próximos meses.

O programa Pró-Brasil, depois da polêmica por causa do gigantismo do montante de recursos para investimentos públicos (inicialmente estavam previstos R$ 150 bilhões), foi amplamente reformulado. A ideia agora é focar em marcos regulatórios que já estão no Congresso - gás natural, lei da falência e navegação na costa brasileira - para ampliar a participação da iniciativa privada e liberar R$ 4 bilhões do Orçamento neste ano para obras

Para garantir a manutenção do teto de gastos, a regra que atrela o crescimento das despesas à inflação, o pacote vai propor uma série de medidas que podem abrir espaço entre R$ 20 bilhões e R$ 70 bilhões. Será enviada uma lista de programas considerados ineficientes que poderão ser cortados e sugestões para que os congressistas retirem "carimbos" do Orçamento e removam a necessidade atual de conceder reajustes automaticamente.

As medidas serão inseridas numa Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do pacto federativo no Senado conjuntamente com o Orçamento da União, os dois textos tendo como relator o senador Marcio Bittar (MDB-AC).

Com a projeção de inflação deste ano em torno de 1,67%, a equipe econômica avalia que essa é uma oportunidade histórica e urgente para enfrentar os três "Ds" (desindexação, desvinculação e desobrigação) que existem hoje no Orçamento diante da encruzilhada fiscal.

Na prática, por exemplo, essa desindexação poderá valer para as despesas vinculadas ao salário mínimo (atrelado à variação da inflação do ano anterior). Hoje, cerca de 70% do Orçamento tem algum tipo de indexação. O argumento que está sendo usado é de que não se trata de deixar de ter a obrigação de corrigir, mas ter a flexibilidade de desobrigar essa correção após a decisão política. No primeiro ano, a desindexação poderia abrir um espaço de R$ 16 bilhões no rol de despesas do Orçamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Fonte:
Estadão Conteúdo

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1 comentário

  • Marcelo Henrique Zanchet Cuiabá - MT

    Sai a esquerda, entra à direita e continua o assistencialismo. Tudo pensando em reeleição. Infelizmente Isso não tem como dar certo.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Essa pauta não é de direita, ponha na conta do general Ramos e do general Braga...

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    • EDMILSON JOSE ZABOTT PALOTINA - PR

      O resultado, Sr. Marcelo, para se manter esse programa de ajuda é o fato de muitos brasileiros apoiarem o Presidente Bolsonaro somente pelas Redes Sociais . O Congresso, sabendo que nós só gritamos nas redes, desmanchou todo um programa de novas políticas públicas,com privatizaçõese, diminuição da máquina pública ... e por aí vai.

      Como muitas vezes teve de enfrentar as gangs e ongs que teimam em mamar e, para complica, ainda veio esta "encomenda" da China, quenos obrigou a gastar fortunas,o Presidente se viu obrigado a abrir mão da austeridade para bancar muitos vagabundos com o auxílio emergencial .

      Se nós tivéssemos ido para as ruas e mostrar para o Congresso e STF que somos nós quem pagamos as contas, tudo poderia ser diferente... Basta ver o Senado derrubando o veto do Presidente, querendo permitir aumentos de salários para aplacar as mágoas do funcionalismo público. E o que nós fizemos?????... Nada, só ficamos nas redes ...

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    • Leodir Vicente Sbaraine Terra Roxa - PR

      Bom dia ... Reforma Política urgente!!!, enquanto continuarmos com esse sistema podre, com reeleição e poucos anos de mandato, sempre será assim..., com 5 anos de mandato e somente uma reeleicao para o Legislativo, veríamos que oitenta por cento dos problemas do País iriam se resolver, ... com certeza acabariam os favorzinhos, podem crer..., isso sem citar o Judiciário..., enfim, os brasileiros não aguentam mais -- principalmente quem produz e não vive nas tetas do erário público...!!!

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. EDMILSON, a "rede" me disponibilizou que a "famosa" 2ª turma do STF julgou a parcialidade do ex-juiz sérgio moro no caso BANESTADO. ... Foram dois votos contrários & dois a favor. Mas, 2º a "lei" o empate beneficia o réu, no caso o ex-doleiro que entrou com a ação.... Essa é mais um "causo" que o stf julga politicamente... Com esse precedente se abre a possibilidade para que o maior ladrão do país, entre com um pedido para que os julgamentos do sérgio moro sejam cancelados. ... Ah! ... O maior ladrão do país é o LULA ... PARA QUEM NÃO SABE !!! ...Aonde isso vai parar ... NINGUÉM SABE !!!

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