Dólar sobe com demanda por proteção em meio a receio sobre Covid-19
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia ante o real na primeira meia hora de negócios nesta sexta-feira, refletindo dia mais arisco nos mercados externos em meio a renovadas preocupações sobre efeitos econômicos do coronavírus diante de um salto de novos casos nos Estados Unidos.
Às 9:29, o dólar avançava 0,45%, a 5,3679 reais na venda.
Na B3, o dólar futuro tinha alta de 0,64%, a 5,3810 reais.
No exterior, o dólar subia contra praticamente todos os seus principais rivais, com destaque para as altas ante divisas de perfil semelhante ao real, como peso mexicano, rand sul-africano e peso chileno, que perdiam entre 0,4% e 0,5%.
O receio do mercado é que as novas quarentenas impostas por alguns Estados norte-americanos prejudiquem a recuperação na maior economia do mundo, que ainda luta para sair da recessão.
Mais de 60.500 novas infecções por coronavírus foram relatadas nos Estados Unidos na quinta-feira, a maior contagem de casos em um único dia em qualquer país desde que o vírus surgiu no final do ano passado na China.
E no Brasil a pandemia também segue resiliente, com 42.619 novos casos de coronavírus na quinta, elevando o total para 1.755.779. Foram mais 1.220 mortes informadas na véspera, com o número agregado indo a 69.184. [nL1N2EG2HR]
"Frente ao aumento dos riscos do cenário, investidores optam por manter posições mais cautelosas", disse em nota Alejandro Ortiz Cruceno, da equipe econômica da Guide Investimentos e chamando atenção para a queda nos yields dos Treasuries e alta do ouro, ativos demandados em tempos de incerteza.
Do lado macro, o setor de serviços registrou queda em maio, ainda afetado pelas quarentenas impostas para conter a disseminação do Covid-19. E o IPCA de junho subiu em linha com as expectativas, o que orienta as atenções do mercado para eventuais leituras mais altas nos próximos meses. [nE6N2E701K] [nAQN02SOI5]
Em entrevista à Reuters na noite de quarta-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o BC precisa entender o impacto do crescimento na inflação para avaliar se ainda há espaço para corte residual nos juros básicos, complementando que dados na margem mostram inflação acima das expectativas. [nL1N2EG0K0]
Leituras de inflação mais altas poderiam barrar expectativas adicionais de cortes de juros pelo Banco Central, evitando nova deterioração nas análises de risco/retorno para o real.
(Por José de Castro; Edição de Paula Arend Laier)
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