Doria: Brasil corre risco de se tornar, infelizmente, epicentro da pandemia

Publicado em 06/05/2020 18:14 e atualizado em 06/05/2020 18:46

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que "o Brasil, infelizmente, corre o risco de se tornar o novo epicentro mundial do coronavírus". Segundo Doria, "o vírus está se espalhando rapidamente para cidades menores em todo o País e, em São Paulo, o vírus também se expandiu, segundo dados do Comitê de Saúde, para o interior e o litoral".

Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, Doria afirmou que "tem visto manifestações políticas inadequadas" e que o momento não é de "misturar eleição, partido e ideologias" nem de "fazer comício em cemitérios". Doria não mencionou a participação do presidente da República em ato de protesto no domingo contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso. Segundo Doria, "a politização da pandemia custa caro e custa vidas".

O governador de São Paulo elogiou o ministro da Saúde, Nelson Teich, após visita da pasta à cidade de Manaus. De acordo com Doria, "o ministro teve a coragem de ir a Manaus para ver de perto o colapso da Saúde no Estado do Amazonas". Doria também parabenizou Teich pela "decisão acertada" de não afastar o isolamento social.

"...o que estimula relaxar o isolamento das pessoas é a conduta do presidente"

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), acusou o presidente Jair Bolsonaro de dar um "péssimo exemplo aos brasileiros" no combate ao novo coronavírus.

Ao comentar os números de isolamento social, Doria afirmou: "O que tem estimulado lamentavelmente o relaxamento das pessoas é a conduta errática do presidente que, dando maus exemplos, todos os finais de semana sai para fazer passeios na Esplanada dos Ministérios ou em cidades satélites de Brasília".

Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, Doria disse que, no mundo, além do presidente Bolsonaro, apenas dois ditadores, o da Bielorússia, Aleksandr Lukashenko, e da Nicarágua, Daniel Ortega, são contra o isolamento social.

SP não vai flexibilizar com taxa de isolamento abaixo de 50%

Doria disse mais uma vez que o Estado não irá adotar nenhuma medida de flexibilização da quarentena caso a média da taxa de isolamento social registrada pelo governo não estiver pelo menos entre 50% e 60%, números considerados seguros pela secretaria estadual de Saúde para reabrir alguns setores da economia em meio à pandemia do novo coronavírus.

Nesta terça, 5, São Paulo registrou um índice de 47% de adesão da população ao isolamento social em todo Estado, enquanto a capital paulista registrou 48%. "Em ambos os casos (Estado e capital), abaixo da média mínima desejada para qualquer análise futura sobre isolamento social", afirmou o governador.

Segundo o secretário de Saúde de São Paulo, José Henrique Germann, houve um acréscimo de 3.800 novos casos de covid-19 no Estado, em aumento de 10%, além de mais 194 mortes confirmadas pela doença, representando uma alta de 7% nas últimas 24 horas. Ao todo, são 37.853 infectados e 3.045 óbitos em São Paulo. O secretário ainda informou que a ocupação de leitos de UTI voltados ao tratamento de infectados pela covid-19 no Estado é de 67%, enquanto a região da Grande São Paulo registra 86% de leitos ocupados.

Por ter ultrapassado a marca de 3 mil mortes pelo novo coronavírus, Doria informou que o governo estadual irá publicar um decreto amanhã (7) no Diário Oficial que determina luto oficial em São Paulo. A decisão, segundo o governador, terá validade até o fim da pandemia.

Teich pede para isolamento não se transformar em ‘disputa política’

Em coletiva, Nelson Teich voltou a dizer que o governo não vai se posicionar contra ou a favor o isolamento social, de maneira geral, em meio à pandemia da Covid-19.

O ministro da Saúde defendeu “fazer o que é certo no lugar certo”.

“Peço que a gente não transforme uma política que tem que ser desenhada para tentar flexibilizar o dia a dia das pessoas em disputa politica, em tudo ou nada.”

Teich diz que ainda hoje haverá resultado preliminar sobre estudo da cloroquina

Em coletiva, Nelson Teich disse que no fim da noite de hoje poderão surgir os primeiros resultados do estudo brasileiro sobre o uso da cloroquina em pacientes com Covid-19.

“A avaliação do tratamento é feito por um grupo australiano. A gente vai poder ter informação preliminar sobre a segurança e algum nível de efetividade. É uma informação preliminar.”

Teich diz que lockdown será importante em locais com situação muito difícil de Covid-19

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Saúde, Nelson Teich, afirmou nesta quarta-feira que o chamado lockdown --fechamento completo de atividades de uma cidade, exceto serviços essenciais-- será uma ferramenta importante em locais com situação "muito difícil" do novo coronavírus, na primeira vez em que levantou a hipótese de adoção da forma mais rígida de quarentena para conter o avanço da doença.

Teich disse ainda, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, que haverá locais em que vai se recomendar o lockdown, mas que em outros ocorrerá a sugestão de um afrouxamento do isolamento. O ministro fez a declaração ao antecipar pontos das diretrizes preparadas pelo ministério para Estados e municípios sobre o distanciamento social.

Segundo Teich, existem vários níveis de medidas de distanciamento, não há apenas a defesa ou não defesa da medida.

"Cada lugar vai ter a sua necessidade de distanciamento, nós vamos mapear com base nos casos novos e infraestrutura para atender", disse.

Nesta semana o Estado do Maranhão decretou o primeiro lockdown do país para a região da capital São Luís, sendo seguido pelos governos do Ceará e do Pará.

O ministro ressalvou que qualquer medida que seja tomada na direção do isolamento poderá ser revista a "qualquer momento".

Teich repetiu que a diretriz do Ministério da Saúde para definição de Estados e municípios sobre isolamento está pronta. Ele disse que "talvez" uma revisão por Estados seja melhor para ter uma estratégia do país inteiro e não só do governo federal.

Casos de vírus continuam a aumentar nas Américas e África, afirma OMS

Diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus afirmou nesta quarta-feira, 6, que já foram reportados mais de 3,5 milhões de casos de coronavírus à entidade, com quase 250 mil mortes reportadas. No início de uma entrevista coletiva da entidade, Ghebreyesus notou que em parte da Europa os casos têm diminuído, mas em outros ainda crescem, inclusive nas Américas.

"Embora o número de casos da covid-19 reportados pela Europa Ocidental esteja declinando, mais casos têm sido reportados a cada dia no Leste Europeu, na África, no Sudeste Asiático, no leste do Mediterrâneo e nas Américas", afirmou Ghebreyesus.

Em suas declarações iniciais, o diretor-geral da OMS informou que a entidade, aliada a outras, como o Unicef, publicam hoje diretrizes para os países sobre como manter a saúde comunitária, mesmo em um contexto de combate à pandemia. Ele também alertou para o risco de que uma crise como atual acentue desigualdades. "Precisamos lidar com isso agora e no mais longo prazo, ao priorizar aqueles em mais risco", defendeu, dizendo que "isso não apenas é o certo a se fazer, é o mais esperto".

Além disso, Ghebreyesus voltou a insistir na importância de que os países continuem a rastrear os casos de novo coronavírus, a isolar, testar e tratar os doentes confirmados.

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Fonte:
Estadão Conteúdo

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1 comentário

  • Washington Campos Morada Nova de Minas - MG

    Responsabilidade do Dória! Por que não cancelou o carnaval? ... Já havia casos de coronavírus no Brasil ... Até o Datena avisou ! .. Aonde estava o infectologista do Dória ? Aonde estava a FioCruz ?

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