Wall St recua mais lentamente com investidores analisando receios em torno de coronavírus

Publicado em 26/02/2020 21:15

NOVA YORK (Reuters) - O S&P 500 caiu pelo quinto dia consecutivo nesta quarta-feira e, embora seu declínio tenha sido mais ameno do que nos últimos dias, a sessão foi volátil, já que os investidores reagiram ao noticiário sobre o coronavírus e procuraram avaliar suas consequências econômicas.

Depois de chegar a subir até 1,7% pela manhã, o S&P 500 caiu depois que as autoridades de saúde do condado de Nassau, no estado de Nova York, disseram estar monitorando 83 pessoas que visitaram a China e podem ter entrado em contato com o vírus. Ainda assim, o governador Andrew Cuomo disse que o estado não teve casos confirmados.

Aumentando a pressão, houve um aviso dos funcionários da Administração de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos de que o surto estava a caminho de se tornar uma pandemia, de acordo com um relatório.

Anteriormente, as ações perderam terreno depois que a Alemanha disse que estava caminhando para enfrentar uma epidemia de coronavírus e não conseguia mais rastrear todos os casos, e a Noruega confirmou seu primeiro caso. Pela primeira vez, o número de novas infecções fora da China ultrapassou as ocorridas no país, fonte do surto.

O volume de negociações ficou muito mais ativo do que o habitual, embora alguns investidores tenham ficado aliviados com a velocidade da queda, mais lenta. O índice S&P encerrou em queda de 0,38%, ante perda de 6,3% nas duas sessões anteriores.

"A função padrão de reação do mercado é, quando em perigo ou em dúvida, correr em círculos, gritar e gritar. É o que vimos nos últimos dias", disse Brad McMillan, diretor de investimentos da Commonwealth Financial Network.

"A história real de hoje foi que parou de cair rapidamente... as notícias chegaram e o mercado pensou sobre isso e agiu de maneira adequada, vendendo um pouco, mas não muito", afirmou McMillan.

O Dow Jones recuou 0,46%, para 26.957,59 pontos, o S&P 500 caiu para 3.116,39 pontos e o Nasdaq Composite avançou 0,17%, encerrando em 8.980,78 pontos.

Taxas de navios-tanque despencam mais de 80% diante de epidemia de coronavírus

GENEBRA (Reuters) - As taxas de afretamento de navios-tanque despencaram mais de 80% à medida que a epidemia de coronavírus pressiona as principais economias do mundo, custando ao setor centenas de milhões de dólares em negócios perdidos, disse uma autoridade da indústria.

Ainda que parte das perdas sejam definitivas, uma recuperação comercial no final deste ano poderia colocar o setor de volta em águas mais calmas, afirmou à Reuters o secretário-geral da Câmara Internacional de Navegação (ICS, na sigla em inglês), Guy Platten, em entrevista nesta quarta-feira.

A ICS é a principal associação comercial de proprietários de empresas do setor e operadores, representando mais de 80% da frota comercial do mundo.

Platten classificou a epidemia de Covid-19 como "extremamente disruptiva" para o setor de transportes, desencadeando uma redução maciça das importações de matérias-primas pela China, uma vez que fábricas registraram paralisações e estão apenas começando a se recuperar.

"Em relação aos bens acabados, você tem contêineres vazios na China, por exemplo, e uma escassez de contêineres nos Estados Unidos, pois os produtos manufaturados não estão saindo da China e sendo transportados ao redor do mundo. Isso está afetando toda a cadeia de suprimento em todo o setor do transporte marítimo", disse Platten.

Ele acrescentou que é difícil estimar os custos gerais para o setor.

"Tudo o que sabemos é que houve uma queda absoluta nas taxas para várias classes de navios... Sabemos que há filas de contêineres navegando vazios. Neste momento, seriam centenas de centenas de milhões de dólares em risco", afirmou.

"No setor de navios-tanque, sabemos que as taxas recuaram mais de 80% somente em uma área", acrescentou Platten.

China eleva exportação de combustíveis após coronavírus impactar demanda doméstica

CINGAPURA/MELBOURNE (Reuters) - A China elevou as exportações de combustíveis para compensar perdas na demanda doméstica, enquanto lida com as consequências de uma epidemia de coronavírus.

O país, segundo maior consumidor global de petróleo, não conseguiu evitar a formação de um excesso de oferta após cortes na produção de refinarias.

As exportações de produtos refinados de petróleo da China subiram para níveis muito acima dos vistos um ano atrás, disseram fontes comerciais e analistas do setor, aumentando a oferta na Ásia, onde outros países também lidam com uma demanda enfraquecida devido ao vírus.

A demanda por produtos refinados de petróleo na China deve cair 35,7% no primeiro trimestre quando na comparação com mesmo período do ano anterior, levando a uma sobreoferta de 27,08 milhões de toneladas no mercado local, disse a área de pesquisa da China National Petroleum Corp (CNPC).

A epidemia do vírus, que teve origem no polo industrial de Wuhan, no centro da China, já matou mais de 2,6 mil pessoas no país e levou a diversas restrições a viagens e no transporte.

"Nós agora vemos as exportações chinesas pós-Ano Novo Lunar em 156 mil toneladas por dia, ante 139 mil toneladas no mesmo período do ano passado, alta de 12% na comparação anual", disse o chefe de análises de mercado na empresa de dados de commodities Kpler, Alexander Booth.

A consultoria SIA Energy, com sede em Pequim, disse esperar que as exportações desses produtos no primeiro trimestre cresçam em 58 mil bpd, com alta de 3,9% na comparação com mesmo período do ano anterior. Isso representa cerca de 7 mil toneladas por dia, principalmente em gasolina e combustível para aviação.

"A alta será principalmente em fevereiro e março, por causa do Ano Novo Chinês em janeiro", disse Seng Tick Tee, da SIA.

"Nós estimamos que a redução na demanda da China (por combustível de aviação) vai superar os cortes de produção em 0,1 milhão de barris por dia em fevereiro, o que significa que as exportações devem vir fortes em março", disseram analistas da consultoria Energy Aspects.

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Fonte:
Reuters

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