Renova Energia entra com pedido de recuperação judicial com dívida de R$3,1 bi
SÃO PAULO (Reuters) - A Renova Energia, empresa de geração limpa que tem entre seus controladores a estatal mineira Cemig, entrou com pedido de recuperação judicial nesta quarta-feira, informou a companhia em comunicado.
O pedido de recuperação judicial contempla obrigações totais de 3,1 bilhões de reais, sendo 834 milhões correspondentes a débitos "intercompany" e 980 milhões de reais a débitos com os atuais acionistas.
O movimento acontece após o fracasso neste mês de uma tentativa da companhia de vender à AES Tietê seu parque eólico Alto Sertão III, que está paralisado por falta de recursos após 90% das obras concluídas. O empreendimento ainda tem uma dívida de quase 1 bilhão de reais com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Criada em 2001, a Renova chegou a ser vista como uma das mais promissoras empresas do setor de energia limpa do Brasil e atraiu em 2011 aportes da Cemig e de sua então controlada Light, que queriam utilizar a companhia como veículo para expansão em renováveis.
Mas a empresa passou a sofrer dificuldades após o fracasso em 2015 de uma associação com a norte-americana SunEdison, o que levou a um longo processo de reestruturação e vendas de ativos.
Após o mais recente contratempo, com o fim das negociações com a AES Tietê, a Light, que não é mais controlada pela Cemig desde uma oferta de ações em julho, anunciou na segunda-feira que vendeu sua fatia de 17% na Renova por 1 real ao fundo CG 1, que reúne participações em empresas dos fundadores da Renova, Ricardo Lopes Delneri e Renato do Amaral.
Nesta quarta-feira, a Renova disse que o plano de recuperação "pretende restabelecer seu equilíbrio econômico-financeiro e honrar os compromissos assumidos com seus diversos stakeholders e, em um futuro próximo, retomar uma trajetória de crescimento sustentável, dentro das reais possibilidades operacionais e financeiras da Renova e de seus acionistas".
O bloco de controle da Renova é formado pela Cemig e pelo fundo CG I, dos fundadores da companhia, que ainda tem como acionistas relevantes o braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar), com 5% do capital, e o FIP Caixa Ambiental, com 3,93%.
(Por Luciano Costa)
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