Dólar firma alta ante real com cautela eleitoral
Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar firmou trajetória de alta e já operava na casa de 4,17 reais nesta quinta-feira, com os investidores retomando a cautela diante da cena eleitoral brasileira indefinida a poucas semanas do pleito.
Desta forma, a moeda norte-americana se descolava do exterior, onde uma busca pelo risco favorecia o avanço das divisas emergentes e ainda o recuo do dólar ante moedas fortes.
Às 12:12, o dólar avançava 0,70 por cento, a 4,1744 reais na venda, depois de marcar a mínima de 4,1245 reais no dia e 4,1825 reais na máxima. O dólar futuro avançava cerca de 0,30 por cento.
"Os mercados seguem atentos às pesquisas e também aos boletins médicos após nova cirurgia em Jair Bolsonaro que, apesar de passar bem, segue na UTI, com cuidados redobrados", escreveu a Advanced Corretora em relatório.
Na noite passada, o líder das pesquisas de intenção de votos passou por uma nova cirurgia e seu retorno à campanha pode ser afetado.
O mercado aguardava ainda novas pesquisas de intenção de votos, com destaque para o Datafolha, na sexta-feira. Os dados para esse levantamento estão sendo colhidos nesta quinta-feira.
Os investidores temem que um candidato que considere menos comprometido com o ajuste fiscal ganhe a disputa pela Presidência em outubro.
Para contrabalançar o nervosismo com as eleições, o mercado externo estava em dia de busca pelo risco, após a Turquia elevar os juros e os dados de inflação ao consumidor nos Estados Unidos não reforçarem apostas de aumento mais intenso de juros no país.
"Se o núcleo da inflação não melhorar significativamente no próximo ano, isso resultaria em ritmo ainda mais gradual de elevação das taxas", comentou o analista da gestora CIBC Andrew Grantham, em nota.
Juros elevados nos Estados Unidos têm potencial de atrair recursos aplicados em outras praças financeiras, como a brasileira.
Na véspera, os Estados Unidos convidarem os chineses para retomar as conversas comerciais, no momento em que Washington se preparava para intensificar a guerra comercial entre os dois países com tarifas sobre 200 bilhões de dólares em bens chineses.
O dólar caía ante divisas de países emergentes, com destaque para a lira turca, após o banco central do país subir os juros para 24 por cento. Também perdia força ante outras divisas fortes.
O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu integralmente 10,9 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando 4,360 bilhões de dólares do total de 9,801 bilhões de dólares que vencem em outubro.
Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.
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