A posição da pasta, que vê condições de a demanda da região ser atendida por termelétricas em caso de problemas no suprimento pelo país vizinho, vem após a governadora de Roraima, Suely Campos, enviar ofício em que expressa preocupação a diversas autoridades, incluindo o presidente Michel Temer.
A informação sobre a ameaça da Venezuela de cortar a oferta de energia a Roraima foi publicada primeiramente pelo jornal Valor Econômico na semana passada.
"Caso ocorra o noticiado corte de energia será instalado um caos institucional em Roraima, inclusive com real risco de falência nos serviços públicos de saúde, agravando ainda mais a crise humanitária decorrente da imigração venezuelana", escreveu a governadora no documento, enviado também ao ministro de Minas e Energia, Moreira Franco.
Segundo a pasta de Minas e Energia, o imbróglio com a Venezuela é causado pela dificuldade da Eletronorte, subsidiária da Eletrobras, em efetivar pagamentos à Corpoelec devido a problemas no sistema bancário do país, e não à falta de recursos brasileiros para acertar as contas.
Em busca de uma solução para a situação, o ministério acionou o Banco Central para ajudar na viabilização do pagamento, segundo informações da assessoria de imprensa do ministério.
LINHÃO
Em paralelo, o governo brasileiro busca destravar a construção de uma linha de transmissão que conectará Boa Vista, em Roraima, ao sistema elétrico brasileiro, o que poderia dispensar em definitivo o abastecimento por meio da Venezuela.
A energia de Roraima é atualmente enviada pelo país vizinho por uma linha de transmissão de energia impactada por problemas de manutenção, segundo autoridades, mas o Estado tem capacidade térmica para cobrir toda a demanda, embora a custos mais elevados.
Para reduzir a dependência da Venezuela e de térmicas, o presidente Temer autorizou na semana passada um licenciamento ambiental em duas etapas do linhão que ligará Roraima ao sistema brasileiro.
Primeiro, será concedida autorização para cerca de 600 quilômetros do projeto que não adentram uma área indígena. A licença para o restante do projeto é prevista para o início do próximo ano, quando é esperada uma autorização dos índios para cerca de 123 quilômetros da obra que adentrariam suas terras.