Dólar tem leve alta ante real no pregão desta segunda-feira (11) com realização de lucros

Publicado em 11/09/2017 18:23

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Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - Depois de operar praticamente toda a segunda-feira em queda e ir a 3,07 reais na mínima, o dólar acabou atraindo compradores e encerrou o dia com leve alta ante o real, com um movimento de realização de lucros.

O dólar avançou 0,30 por cento, a 3,1038 reais na venda, interrompendo uma sequência de sete quedas seguidas. Neste período, acumulou baixa de 2,17 por cento.

Na mínima do dia, a moeda marcou 3,0795 reais, menor nível intradia desde os 3,06 reais de 21 de março. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,50 por cento.

"A moeda tem uma forte resistência no patamar de 3,08 reais. Muitos investidores acabaram aproveitando os níveis para comprar", justificou um profissional da mesa de câmbio de uma corretora local.

Até então, o dólar cedia ante o real em meio ao maior apetite global pelo risco e ao ambiente político doméstico mais favorável. Também favoreceu a prisão de Joesley Batista, do grupo J&F, com a interpretação dos investidores de que isso deve fortalecer o presidente Michel Temer para enfrentar nova eventual segunda denúncia contra ele.

"Os mercados que já haviam relegado o assunto (nova denúncia contra Temer) a segundo plano, esperam que o episódio seja resolvido o mais breve possível a fim de permitir ao governo que avance na agenda das reformas", afirmou em relatório a Correparti Corretora.

No fim de semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin determinou a prisão temporária e a suspensão dos benefícios da colaboração firmada pelos delatores da J&F Joesley Batista e Ricardo Saud. A delação dos executivos da J&F serviu de base para a apresentação da primeira denúncia contra o presidente Michel Temer pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Fachin afirmou que os elementos apresentados por Janot, que pediu a prisão dos executivos, indicam que os delatores entregaram provas de maneira "parcial e seletiva". Fachin, contudo, negou pedido para deter o ex-procurador da República Marcelo Miller.

Com isso, o mercado passou a acreditar que são cada vez maiores as chances de que uma segunda denúncia de Janot contra Temer, que provavelmente será apresentada nesta última semana do procurador no cargo, será recebida de forma esvaziada pela Câmara dos Deputados.

Diante desta perspectiva, o mercado aumentou as apostas de que o governo conseguirá avançar com a reforma da Previdência.

"Passada a TLP e a meta fiscal com relativa folga, a tendência agora é de uma tentativa do governo de aproveitar o contexto político favorável para avançar novas pautas e entrar 2018 praticamente incólume em termos de agenda e aguardando o resultado das mudanças econômicas", comentou a gestora Infinity em relatório.

No exterior, a perda de força do furacão Irma, que até terça-feira pode se tornar uma tempestade tropical, e a calmaria na Coreia do Norte, que não fez nenhum teste nuclear no final de semana, favoreceram o clima mais tranquilo nesta segunda-feira.

O dólar, assim, subia ante uma cesta de moedas, e operava misto ante divisas de emergentes, em alta ante o peso chileno, mas em queda ante o peso mexicano e a lira turca.

O Banco Central brasileiro não anunciou qualquer intervenção no mercado de câmbio nesta sessão. Em outubro, vencem 9,975 bilhões de dólares em contratos de swap cambial tradicional --equivalentes à venda de dólares no mercado futuro.

Bolsa bate recorde e supera 74 mil pontos com otimismo dos investidores (FOLHA)

A Bolsa brasileira bateu seu recorde histórico nesta segunda-feira (11) com a avaliação dos investidores de que uma segunda denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o presidente Michel Temer está mais distante, após a suspensão parcial do acordo dos delatores da JBS, e com o cenário externo favorável.

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas, fechou em alta de 1,70%, para 74.319 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 9,54 bilhões, acima da média diária do ano, que é de R$ 8,12 bilhões.

No mercado cambial, o dólar chegou a ser cotado a R$ 3,08 na mínima, mas acabou ganhando força no final da tarde. O dólar comercial se valorizou 0,32%, para R$ 3,105. O dólar à vista subiu 0,04%, para R$ 3,089.

O otimismo dos investidores com o noticiário político que alivia o cenário para o presidente Michel Temer ajudou a Bolsa brasileira a atingir seu maior nível histórico. O pico anterior havia sido registrado em 20 de maio de 2008, quando o Ibovespa alcançou 73.516 pontos.

O mercado repercutiu a decisão do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), de decretar a prisão dos delatores Joesley Batista e Ricardo Saud, afirmando que há "indícios suficientes de que os colaboradores omitiram" informações sobre a participação do ex-procurador Marcello Miller no processo de delação premiada da JBS.

Na decisão, Fachin usa a expressão "parcial suspensão" porque, por ora, continuam válidos os acordos celebrados por outros dois delatores do grupo, Francisco Assis e Silva e Wesley Batista.

O ministro decidiu suspender o acordo dos delatores até o fim da apuração sobre o caso.

"Até Joesley deu uma flechada nele mesmo, o que tira força da segunda denúncia do [procurador-geral da República Rodrigo] Janot. Ele tem praticamente essa semana para fazer alguma coisa. Me parece que, do lado político, Temer já está mais forte para seguir adiante", afirma Pedro Galdi, analista-chefe da Magliano Corretora. Com isso, o presidente poderia, em tese, conseguir mais apoio para tocar a agenda reformista.

ECONOMIA

Dados econômicos também deram subsídio a esse patamar histórico, afirma Ronaldo Patah, estrategista de investimentos do UBS Wealth Management.

"O principal motivo seria a volta do crescimento econômico. Tivemos um primeiro trimestre de 2017 com crescimento após trimestres negativos. O PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre deu mais base para dizermos com convicção que a economia está com uma retomada sólida", afirma. "É o primeiro sinal positivo para a volta do crescimento dos lucros das empresas listadas na Bolsa."

Apesar do recorde histórico, ainda há espaço para a Bolsa crescer, de acordo com a consultoria Economática. Em seu maior patamar em dólares, registrado em 19 de maio de 2008, o Ibovespa atingiu 44.616 pontos. Nesta segunda, ficou em 24.089 pontos, o que significa que há um potencial de 20.527 pontos de valorização em dólares.

Além do fator local, um cenário mais favorável do exterior também colaborou para esse otimismo dos investidores. "A percepção de risco está caindo não só no Brasil, mas nos emergentes. Há uma diminuição da tensão envolvendo a Coreia do Norte, que não fez testes nucleares, como era temido. O furacão Irma está perdendo força nos EUA, o que diminui o estrago sobre a economia americana, e há uma agenda de indicadores na Europa e nos Estados Unidos que sustentam essa alta", ressalta Ignácio Crespo, economista da Guide Investimentos.

No mercado cambial, o dólar se valorizou ante 23 das 31 principais divisas do mundo.

Aqui, o CDS (credit default swap, espécie de seguro contra calote de um país) recuou 0,53%, para 180,51 pontos. É o menor nível desde 9 de dezembro de 2014.

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados fecharam com sinais distintos. A taxa para janeiro de 2018 se manteve estável em 7,660%. A taxa para janeiro de 2019 avançou de 7,620% para 7,680%.

AÇÕES

Das 59 ações do Ibovespa, 51 subiram, 5 caíram e três se mantiveram estáveis.

As ações da Petrobras subiram cerca de 2%, ajudadas pela alta do petróleo no exterior. A estatal informou nesta segunda que iniciou processo para vender duas fábricas de fertilizantes.

Os papéis mais negociados da estatal avançaram 1,90%, para R$ 14,99. As ações que dão direito a voto ganharam 2,17%, para R$ 15,52.

As ações da Vale encerraram o dia no azul, com a alta dos preços do minério de ferro no exterior. Os papéis ordinários da empresa subiram 1,77%, para R$ 35,09. As ações preferenciais subiram 1,01%, para R$ 32,16.

No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco avançaram 1,69%. Os papéis preferenciais do Bradesco se valorizaram 3,85%. As ações ordinárias tiveram alta de 2,10%. O Banco do Brasil ganhou 3,58%, e as units –conjunto de ações– do Santander Brasil fecharam com valorização de 1,68%. 

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Fonte:
Reuters + FOLHA

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