Temer fará agrado a governadores e acena com renegociação de dívidas junto a bancos públicos
Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO/BRASÍLIA (Reuters) - Imerso em intensa crise, o presidente Michel Temer deverá fazer um agrado a governadores nesta terça-feira durante jantar no Palácio da Alvorada, com o objetivo de angariar mais apoio político para garantir sua sobrevivência.
Segundo um governador que participará do encontro nesta noite, que pediu anonimato, estará em discussão renegociação de dívidas dos Estados e securitização.
"Um dos temas é a renegociação da dívida com bancos públicos. É uma primeira reunião e temos que ver no que pode dar", afirmou o governador à Reuters.
No jantar, informou o Palácio do Planalto, estavam confirmados mais de 15 governadores e três vice-governadores.
O governo deve dar o aval final para a renegociação das dívidas dos Estados junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), mas podem entrar também o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.
O caminho para os Estados renegociarem seus passivos com o banco de fomento já havia sido aberto no fim do ano passado, quando foi aprovada lei prevendo alongamento de até 20 anos no prazo para pagamento, com até quatro anos de carência, para operações contratadas até 31 de dezembro de 2015.
Para os benefícios serem colocados em prática, contudo, resta ser editada ainda uma resolução do Senado. Segundo uma fonte da equipe econômica, o assunto está na pauta da Casa e é necessária para o avanço das tratativas.
Em outra frente, o governo também se debruça sobre projeto que permita a securitização da dívida ativa tanto da União quanto dos governos regionais, num esforço para elevação de receitas.
No ano passado, a investida já havia sido tornada pública pelo governo, que acabou deixando-a de lado em detrimento de outros esforços fiscais.
Na prática, a securitização representa venda de recursos devidos por terceiros que o governo espera embolsar ao longo do tempo. Em troca dessa antecipação, o governo concorda em receber um volume menor do que originalmente tem direito.
Segundo o governador, a securitização é outra via na qual "achamos que podemos conseguir mais recursos".
(Reportagem adicional de Marcela Ayres, em Brasília)
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