Dólar passa a subir ante o real, seguindo exterior e de olho no Fed
Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar anulou a queda vista pela manhã e operava em alta ante o real nesta sexta-feira, com fluxo de saída e seguindo o comportamento do exterior, mantendo o movimento visto na véspera após o aperto monetário nos Estados Unidos. Os investidores ainda estavam atentos ao cenário político brasileiro conturbado.
Às 12:46, o dólar avançava 0,44 por cento, a 3,3863 reais na venda, após ter saltado 1,14 por cento na véspera.
Na mínima desta sessão, o dólar marcou 3,3432 reais num movimento de correção e, na máxima, 3,3873 reais. O dólar futuro subia cerca de 0,40 por cento.
"É uma sexta-feira um pouco mais pacata e o dólar voltou a ficar pressionado lá fora. O comunicado do Fed mudou um pouco o paradigma do mercado, empurrou o dólar mais para cima", afirmou o operador de um banco nacional.
No final da tarde de quarta-feira passada, o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, elevou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual e sinalizou ritmo mais rápido de altas em 2017, em meio a promessas do presidente eleito Donald Trump de impulsionar o crescimento por meio de cortes de impostos, aumento de gastos e desregulamentação.
A chair do Fed, Janet Yellen, disse a eleição de Trump colocou o Fed sob uma "nuvem de incerteza" e levou algumas autoridades a mudar sua visão sobre o que está por vir. O banco central do país vê agora três aumentos da taxa de juros em 2017 em vez de dois como previsto em setembro.
No exterior, o dólar subia frente a algumas moedas emergentes, como os pesos chileno e mexicano. O euro, depois de mostrar leve recuperação ante o dólar, era negociado praticamente estável no início desta tarde.
Juros mais altos nos Estados Unidos tendem a atrair recursos aplicados atualmente em outros mercados, como o brasileiro.
Internamente, os investidores também têm preferido focar no andamento das medidas de ajuste no Congresso, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o crescimento do gasto público por 20 anos e foi aprovada, mas a cautela continuava em meio ao nervosismo com denúncias envolvendo até mesmo o presidente Michel Temer.
"O sentimento de que o governo brasileiro vem conseguindo aprovar medidas no Congresso, mesmo em meio às turbulências, contribui para o recuo da moeda (norte-americana)", comentou mais cedo o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.
Nesta sexta-feira, a Folha de S.Paulo noticiou que um ex-executivo da Odebrecht disse em delação à força-tarefa da operação Lava Jato que Temer participou de um encontro para tratar de doações da empreiteira para campanha do PMDB em 2010 em troca de facilitar a atuação da empresas em projetos da Petrobras.
Como pano de fundo do mercado, profissionais chamaram a atenção para a perda de fôlego dos mercados daqui para a frente, já com muitos investidores entrando de férias, o que deve enxugar consideravelmente o volume até o final do ano.
O Banco Central brasileiro, pela terceira vez seguida, não anunciou nenhuma intervenção no mercado de câmbio até o momento.
(Reportagem adicional de Bruno Federowski)
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