Dilma diz que declaração de ministro gera suspeita de abuso de autoridade da PF na prisão de Palocci
SÃO PAULO (Reuters) - A ex-presidente Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira que as declarações dadas no domingo pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, sobre a operação Lava Jato na véspera da prisão do ex-ministro Antonio Palocci levantam suspeitas de abuso de poder por parte da Polícia Federal.
Dilma, que teve o mandato cassado em um processo de impeachment em agosto, teve Palocci como ministro-chefe da Casa Civil no início de seu primeiro mandato, em 2011, e usou sua conta no Twitter para criticar Moraes e afirmar que o Brasil caminha para um "Estado de exceção".
"O anúncio de nova fase da Lava Jato pelo ministro da Justiça num palanque eleitoral, em plena atividade de campanha em Ribeirão Preto na véspera da prisão de Antonio Palocci, lança suspeitas de abuso de autoridade e uso político da Polícia Federal", escreveu a ex-presidente.
Moraes disse no domingo a integrantes do movimento Brasil Limpo, um dos que fez manifestações a favor do impeachment de Dilma, que haveria uma nova fase da Lava Jato nesta semana. A declaração foi feita durante um evento de campanha do deputado federal Duarte Nogueira, candidato do PSDB à prefeitura de Ribeirão Preto, terra de Palocci e cidade que já teve o ministro como prefeito.
"Se tal situação tivesse ocorrido em meu governo, seríamos duramente criticados pela imprensa e pela oposição", afirmou Dilma na rede social.
Após a declaração de Moraes, o Ministério da Justiça divulgou nota em que afirma que o ministro usou de uma "força de expressão". Nesta manhã, o ministro voltou a justificar sua declaração dizendo que se tratou de "uma afirmação genérica porque as operações vão continuar".
A declaração de Moraes, que segundo fontes do Palácio do Planalto causou irritação no governo, também levou a Polícia Federal a ler uma nota no início da entrevista coletiva que detalhou a nova fase da Lava Jato, na qual Palocci foi preso. Na nota, a PF nega que o Ministério da Justiça seja informado com antecedência sobre a realização de operações.
O episódio fez com que parlamentares da oposição ao governo do presidente Michel Temer apontassem um "aparelhamento tucano" na prisão do ex-ministro, ao passo que governistas elogiaram a Lava Jato.
(Por Eduardo Simões)
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