Ex-ministro Paulo Bernardo é denunciado pelo MP na operação Custo Brasil
SÃO PAULO (Reuters) - O ex-ministro Paulo Bernardo foi denunciado nesta segunda-feira pelo Ministério Público Federal em São Paulo acusado dos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da operação Custo Brasil, que investiga supostas irregularidades no Ministério do Planejamento.
Bernardo, que foi ministro dos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente afastada Dilma Rousseff, é acusado pelo MPF de receber recursos de propina de uma empresa contratada pelo Planejamento para gerenciar os empréstimos consignados de servidores públicos federais.
"Segundo apurado pelo MPF, Polícia Federal e Receita Federal, Paulo Bernardo participava diretamente da operação. Ele... continuou a receber a sua parte mesmo como ministro das Comunicações", disse o MPF em comunicado.
"Email apreendido no bojo das operações mostra que ele era tratado por um dos integrantes do esquema como o 'patrono' da organização", acrescenta a nota.
Além de Bernardo, outras 19 pessoas também foram denunciadas no âmbito da Custo Brasil, que é um desdobramento da operação Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de corrupção na Petrobras.
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso e condenado na Lava Jato, também foi denunciado na Custo Brasil. De acordo com os investigadores, parte dos recursos do suposto esquema era destinado ao partido e era Vaccari quem operacionalizava o recebimento.
Bernardo chegou a ser preso quando a Custo Brasil foi deflagrada em junho, mas foi posteriormente solto por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
O advogado de Bernardo, Rodrigo Mudrovitsch, disse em nota que o ex-ministro não recebeu qualquer vantagem do acordo para gerenciamento dos empréstimos consignados e disse que isso ficará claro ao término do processo.
"Paulo Bernardo não teve qualquer envolvimento com os fatos na denúncia", disse o advogado. "Não houve qualquer benefício, direto ou indireto, a Paulo Bernardo decorrente desse acordo. Acredito que isso ficará claro ao final do processo."
O PT tem negado quaisquer irregularidades e, à época em que a Custo Brasil foi deflagrada, o partido disse que, em relação a acusações feitas contra filiados, "é preciso que lhes sejam assegurados o amplo direito de defesa e o princípio da presunção de inocência".
A Justiça Federal de São Paulo terá agora de decidir se aceita ou não a denúncia feita pelo MPF. Caso a peça seja aceita, Bernardo passará a ser réu.
(Reportagem de Eduardo Simões)
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