Ibovespa fecha em alta liderada por ações da Estácio e Kroton com chance de fusão

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou com o seu principal índice em alta pelo segundo pregão consecutivo nesta quinta-feira, com as ações da Estácio Participações e da Kroton Educacional disparando com chance de fusão entre as duas empresas de ensino.

O Ibovespa subiu 1,78 por cento, a 49.887 pontos. O volume financeiro somou 5,8 bilhões de reais.

A aprovação pela Câmara dos Deputados da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que recria de 2016 a 2023 a Desvinculação de Receitas da União (DRU) foi um dos fatores para o tom positivo na Bovespa.

Agentes financeiros avaliaram favoravelmente a notícia, como uma vitória do presidente-interino Michel Temer, após vários revezes no ambiente político, incluindo a queda de dois ministros, embora admitam que permanecem riscos no horizonte.

"Há riscos, mas o governo parece estar na direção correta, com uma equipe econômica boa, uma coordenação política boa. É que o abacaxi é grande mesmo", disse o gestor Joaquim Kokudai, sócio na sócio na administradora de recursos JPP Capital.

A Câmara também aprovou, nesta madrugada, 14 projetos de lei para reajustar os salários de diversas categorias do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, medida que terá impacto bilionário no Orçamento.

A melhora externa, com o índice acionário norte-americando S&P 500 fechando no azul e tocando a máxima em sete meses e os contratos futuros de petróleo subindo, corroborou a trajetória positiva na Bovespa.

DESTAQUES

- KROTON disparou 13,56 por cento, após a maior companhia de ensino superior privado do país anunciar que está avaliando a compra da rival ESTÁCIO PARTICIPAÇÕES em uma operação envolvendo apenas ações. Os papéis da Estácio saltaram 23,74 por cento. Analistas veem sinergias relevantes com a potencial união das duas empresas.

- BRADESCO teve mais um dia de recuperação e subiu 3,23 por cento, capitaneando os ganhos do setor bancário no Ibovespa e respondendo por contribuição relevante para a alta do índice, assim como a valorização de 1,12 por cento de ITAÚ UNIBANCO.

- PETROBRAS fechou com as preferenciais em alta de 2,69 por cento e os papéis ordinários subindo 2,79 por cento, abandonando fraqueza inicial diante da melhora do petróleo. Investidores também monitoraram declarações do novo presidente da estatal, Pedro Parente, incluindo de que vê venda de ativos da Petrobras como crucial e descarta capitalização.

- VALE encerrou com as ações ordinárias subindo 3,6 por cento e as preferenciais em alta de 3,35 por cento, apesar do recuo nos preços do minério de ferro na China, tendo no radar reportagem do jornal Valor Econômico de que o governo do presidente interino Michel Temer planeja tirar Murilo Ferreira da presidência-executiva da mineradora.

- OI, que não está no Ibovespa, saltou 23,3 por cento, liderando as altas do índice de Small Caps. Na véspera, a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei que transforma concessões de linhas fixas em autorizações. O projeto ainda precisa se aprovado no Senado. De acordo com um analista do setor de telecomunicações, uma potencial mudança regulatória beneficiaria a empresa. "Os benefícios não viriam a tempo de prevenir uma restruturação de dívida, mas acho que isso é motivo o suficiente para investidores cobrirem posições vendidas", disse o analista.

- RESTOQUE, que também não está no Ibovespa, fechou com elevação de 16,16 por cento, em meio a expectativas ligadas a uma possível fusão. O colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, publicou na versão online de sua coluna durante a tarde que a Restoque e a Inbrands anunciarão "uma fusão entre hoje e amanhã". Restoque e Inbrands não comentaram o assunto de imediato.