Soja: Mercado busca recuperação das últimas baixas e opera em alta nesta 4ª feira em Chicago
Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago parecem recuperar parte das baixas registradas nos últimos dias e opera em campo positivo na manhã desta quarta-feira (25). Entre os principais vencimentos, por volta das 7h40 (horário de Brasília), as altas variavam de 4,25 e 7,50 pontos, levando o julho/16 a US$ 10,62 por bushel. Já a posição novembro/16, referência para a safra dos EUA, era cotado a US$ 10,32.
O mercado internacional vem ainda atuando com volatilidade, porém, esperando por um novo fator que possa movimentar as cotações. OS fundamentos e fatores externos, como explicam os analistas, já são conhecidos e vêm sendo precificados. Assim, são esperadas novidades, principalmente, vindas da nova safra dos Estados Unidos em relação ao clima e à área de plantio da soja no país.
Paralelamente, há ainda o andamento do dólar que, nesta terça-feira (23), alcançou sua máxima em 8 semanas no cenário internacional e esse fator ainda exerce alguma pressão sobre as cotações.
Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:
Soja tem sessão de volatilidade e fecha no vermelho em Chicago, mas se recupera das mínimas
A sessão desta terça-feira (24) foi de volatilidade para os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago. O mercado iniciou o dia com baixas fortes, atingiu suas mínimas em duas semanas, voltou a subir, mas fechou em queda. "Mas apesar de os preços estarem no negativo, o fechamento foi positivo", diz o diretor da Cerealpar e Consultor do Kordin Grain Terminal, de Malta, na Europa.
As baixas, no encerramento do pregão, ficaram entre 3,75 e 6,75 pontos entre os principais contratos. O julho/16, o mais negociado neste momento, fechou com US$ 10,54 por bushel, enquanto o novembro/16, referência para a safra americana, foi a US$ 10,29. Já o março/17 fechou o dia com US$ 10,09.
Ainda de acordo com o analista, esse é um movimento de correção dos preços já esperado - depois da intensa volatilidade da última semana - principalmente diante do conhecimento que os traders possuem sobre os atuais fatores que pautam o andamento do mercado internacional. "Isso não significa dizer, porém, que os preços vão continuar caindo. Mas se espera agora um novo fator para dar movimento às cotações", explica.
Para analistas internacionais, a alta do dólar no exterior também foi motivo de pressão sobre as cotações. A moeda norte-americana, nesta terça, registrou sua máxima em oito semanas, ainda atraindo os investidores, principalmente após a indicação do Federal Reserve (o banco central norte-americano) de que pode aumentar as taxas de juros nos Estados Unidos.
Dessa forma, para Cachia os patamares de preços em Chicago já foram definidos, por hora, e vão agora aguardar pelas novidades, especialmente as que poderiam chegar da nova safra dos Estados Unidos, com foco voltado para a área de plantio. Até o momento se fala em uma área inalterada ou menor do que a da safra anterior. Com os últimos ganhos registrados em Chicago, no entanto, os produtores poderiam promover um aumento dessa área para aproveitar os preços melhores.
"É nítido que o mercado se recuperou da mínimas, porém, ainda pode ficar indeciso sobre seu caminho a partir de agora por algumas semanas. Mas contamos ainda com a forte demanda pela soja americana (após as quebras na América do Sul, onde há oferta, e isso também é altista para os preços", completa Steve Cachia.
E essa demanda já deu alguns sinais nesta semana. Nesta segunda e terça-feiras, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou novas vendas de soja e derivados e trouxe algum ânimo para o mercado. Na segunda, foram 140 mil toneladas da oleaginosa em grão da safra 2016/17 para destinos não revelados e mais 20 mil toneladas de óleo de soja da temporada 2015/16. Já nesta terça, mais 140 mil toneladas de soja da safra 2016/17.
De acordo com o último reporte semanal de acompanhamento de safras divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o plantio da oleaginosa, até o último domingo (22), alcançou os 56% da área, mesmo índice de 2015, e acima da média dos últimos cinco anos, de 52%. O departamento informou ainda que 22% das lavouras de soja já emergiram, contra 10% da semana anterior e 27% do ano passado. A média dos últimos cinco anos é de 21%.
Mercado Brasileiro
No Brasil, os negócios nesta semana estão limitados. As baixas em Chicago, apesar do dólar em alta - responsável pela manutenção das cotações no mercado interno - acabaram, como explicam analistas, afugentando os vendedores. Os compradores, porém, seguem presentes e ainda ávidos pelo produto, como indicam, entre outros fatores, os prêmios que seguem positivos nos portos.
Nesta terça-feira, entretanto, os preços não encerraram os dias com uma direção comum, nem mesmo nos portos. Em Paranaguá, a soja disponível subiu 1,14% para R$ 89,00 por saca e, em Rio Grande, recuou 2,25% para R$ 87,00. Já para o produto da nova safra, alta de 1,15% para R$ 88,00 no porto paranaense e baixa de 2,25% no gaúcho, para os mesmos R$ 88,00 por saca.
No interior do Brasil, a situação foi semelhante. Algumas praças registraram altas de mais de 1% mais uma vez, com Sorriso/MT, no Oeste da Bahia e Avaré/SP, enquanto outras recuaram até 1,32%. Outras, principalmente no Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás encerraram os negócios com estabilidade.
Os valores têm variado entre R$ 71,00 e R$ 87,00 no disponível das principais praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas e mostram que, apesar de toda essa volatilidade em Chicago, os patamares praticados no Brasil ainda se mantêm elevados.
Parte da pressão exibida em algumas localidades veio do dólar, que nesta sessão voltou a recuar e fechou com baixa de 0,19% e cotado a R$ 3,5755. No pregão anterior, a divisa subiu 1,82% diante de novas preocupações políticas, que foram amenizadas nesta terça.
A queda do ministro do Planejamento, Romero Jucá, foi um golpe duro para o mercado nesta segunda-feira (23), que reagiu com nervosismo, porém, foi acalmado na manhã desta terça diante de algumas medidas anunciadas pela equipe econômica do presidente interino Michel Temer. O bom momento, no entanto, pode ter vida curta, segundo apontam especialistas.
"Finalmente está tendo início o governo. As medidas parecem estar na direção correta, tentando blindar os gastos e evitar crescimento exagerado da despesa. Na minha opinião, (as medidas) passam no Congresso, mas vai ter muita briga", disse o operador da corretora Spinelli, José Carlos Amado à agência de notícias Reuters.
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