Em áudio, Temer diz que programas sociais vão continuar e que se faz política rasteira no país

Publicado em 11/04/2016 17:53
por REINALDO AZEVEDO, de veja.com

Gostei do conteúdo que veio a público. Espero novos vazamentos oriundos do vice. Ajudam indecisos a se decidir

Veio a público um áudio, com a voz de Michel Temer, com o que seria um discurso dirigido a deputados do partido, saudando a aprovação pelo plenário da Câmara da denúncia contra Dilma Rouseff. A hipótese na qual investe a maioria é a de que o material vazou por acidente.

Huuummm… Pode ser. Sempre é tempo de aprender a usar o WhatsApp. Os que conhecem Temer, no entanto, têm claro que ele  não é do tipo que manda mensagens de voz a interlocutores. Vai saber por que decidiu abrir uma exceção justamente num tema delicado como esse.

Comecemos pelo óbvio: não há ilegalidade nenhuma no que vai ali. O vice, que está sendo demonizado pelo PT nas ruas, na Câmara, no Senado e na Comissão do Impeachment, dirigiu, para todos os efeitos, uma mensagem a seus correligionários. Até onde se sabe, isso continua permitido no país.

Confesso que gostei do que ouvi. Na hipótese de ser um vazamento, é um sinal, então, de que o vice está otimista, né? Conta que a maioria deve aprovar mesmo o relatório a ser aprovado pela comissão, que pede a continuidade do processo contra Dilma.

Lembro, desde logo, que, atacado por todos os lados e em todos os flancos, Temer não tem como se defender. Não pode usar o Palácio do Jaburu para receber apoiadores. Imaginem se o fizesse, com manifestantes gritando “Dilma golpista…” Lembro, e ainda voltarei ao caso, que, ao acolher chicaneiros no Palácio do Planalto em defesa do seu mandato, a senhora presidente da República comete novos crimes.

Gostei também de outro trecho da gravação: o vice deixa claro que, caso se torne presidente, não vai acabar com programas sociais. Lá está dito: “Sei que dizem de vez em quando que se outrem assumirem, nós vamos acabar com o Bolsa Família, com o Pronatec… Isso é falso, é mentiroso e é fruto dessa política mais rasteira que tomou conta do país”.

Dilma tem o Palácio e a caneta para comprar consciência, além de ter Lula num quarto de hotel. O vice só tem o silêncio e, felizmente, a consciência da esmagadora maioria dos brasileiros.

Se foi um vazamento, espero que, na Presidência, Temer tenha mais cuidado com esses meios eletrônicos. Se não foi, tratou-se de uma ótima oportunidade para denunciar a o terrorismo que o governo está fazendo em relação aos programas sociais. Até a votação do dia 17, espero que outras mensagens do mesmo nível sejam vazadas.

Podem colaborar para que os indecisos se decidam.

 

Vaza uma gravação em áudio em que Temer faz como se impeachment tivesse sido aprovado pela Câmara

Por Daniela Lima, na FolhaVolto no próximo post.
O vice-presidente da República, Michel Temer, enviou um discurso de 15 minutos a parlamentares de seu partido, o PMDB, em que fala como se o impeachment tivesse sido aprovado pela Câmara dos Deputados. A votação só está prevista para ocorrer neste domingo (17). A fala é uma espécie de carta de apresentação do que seria uma gestão capitaneada por ele.

No áudio, ao qual a Folha teve acesso, Temer diz estar fazendo seu primeiro “pronunciamento à nação”. Ele diz que decidiu falar “agora, quando a Câmara dos Deputados decide por uma votação significativa declarar a autorização para a instauração de processo de impedimento contra a senhora presidente”. O vice ainda afirma que estava recolhido “há mais de um mês para não aparentar que eu estaria cometendo algum ato, praticando algum gesto com vistas a ocupar o lugar da senhora presidente”.

Temer diz, no entanto, que “muitos me procuraram para que eu desse pelo menos uma palavra preliminar à nação brasileira, o que faço com muita modéstia, cautela, moderação mas também em face da minha condição de vice-presidente e também como substituto constitucional da senhora presidente da República”.

 

A assessoria de Temer confirmou a veracidade do áudio e disse que o vice o enviou “por acidente” aos aliados. “Trata-se de um exercício que o vice estava fazendo em seu celular e que foi enviado acidentalmente para a bancada”.

No áudio, o vice diz que é preciso ter em mente que ainda haverá “um longo processo pela frente”, se referindo à etapa do processamento do impeachment que ocorrerá no Senado. O vice ainda declara sua confiança nos senadores e diz que “aguardarei respeitosamente a decisão do Senado Federal”. “Portanto, também as minhas palavras são provisórias. Nós temos que aguardar e respeitar a decisão soberana do Senado sobre esse tema”, pondera o vice no áudio.

Temer afirma que poderia falar apenas após o fim do processo no Senado, mas que “evidentemente, sabem todos os que me ouvem que, após a decisão do Senado Federal, eu preciso estar preparado para enfrentar os graves problemas que hoje afligem o nosso país”.

Como a fala foi gravada para um cenário em que o impeachment de Dilma teria sido aprovado pela Câmara, e Temer faz uma espécie de “discurso da vitória” e esboça o que seria um governo sob sua tutela. Ele defende amplo papel da iniciativa privada na recuperação do país, mas se compromete a manter e ,”se possível”, ampliar os programas sociais que já existem, como o Bolsa Família e o Pronatec.

POLÍTICA RASTEIRA
Temer afirma que o discurso de que se outros personagens que não os petistas assumirem o governo acabarão com programas sociais é “mentira” e sintoma da “política rasteira” que, segundo ele, tomou o país nos últimos tempos.

“Sei que dizem de vez em quando que se outrem assumirem, nós vamos acabar com o Bolsa Família, com o Pronatec… Isso é falso, é mentiroso e é fruto dessa política mais rasteira que tomou conta do país”, afirma.

Temer afirma que serão necessárias várias reformas para recuperar o setor produtivo e diz não querer gerar expectativa falsa. “Tudo isso significará sacrifícios iniciais para o povo brasileiro”. Em seguida, ele completa: “não pensemos que em três ou quatro meses estará tudo resolvido”.

Temer diz ainda que a prioridade deve ser a “pacificação da nação”. “A grande missão é a da pacificação do país, da reunificação do país. (…) Aconteça que acontecer no futuro, é preciso um governo de salvação nacional, de unificação nacional. Que todos os partidos estejam dispostos a dar a sua contribuição para tirar o país da crise. Para tanto é preciso diálogo. O fundamental agora é o diálogo. Em segundo, compreensão. E, em terceiro lugar, para não enganar ninguém, a ideia de que nós vamos ter muitos sacrifícios pela frente para retomar o crescimento”.
(…)

 

Polícia Federal indicia ex-presidente do Postalis e mais seis por rombo de US$ 95 milhões

A Polícia Federal indiciou o ex-presidente do Postalis, fundo de pensão dos trabalhadores dos Correios,  Alexej Predtechensky, o Russo, por fraude de 400 milhões de reais em operações do fundo de pensão dos Correios. Além dele, foram indiciados o operador do mercado financeiro Fabrizio Dulcetti Neves e outras cinco pessoas. A fraude consistia na compra de títulos por uma corretora americana, que os revendia por um valor superfaturado para empresas ligadas aos investigados. Em seguida, esses títulos eram adquiridos pelo Postalis com preço ainda mais elevado, chegando a ficar 60 por cento acima do real valor de mercado. Até 2015, a PF calculava o rombo do Postalis em 180 milhões de reais, mas as investigações apontaram que as irregularidades dobraram o valor. Esses prejuízos do fundo afetarão os 71 mil funcionários da ativa e 30 mil aposentados dos Correios.

O “Muro da Vergonha” de Brasília merece, sim, ser chamado de “Muro de Berlim”

A confusa administração de Brasília, a cargo do governador Rodrigo Rollemberg, do PSB — e refiro-me a desencontros em várias áreas, dos quais me dispenso de falar agora; fica para outras oportunidades —, decidiu erguer um muro em Brasília, na Esplanada dos Ministérios, para separar, com placas de metal de dois metros altura, defensores e opositores do impeachment. Desde logo, note-se que a escolha está errada: na matemática, na simbologia e no fato.

Erra no fato a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. Melhor seria ter destinado áreas distintas da enorme Praça dos Três Poderes para os manifestantes de ambos os lados, não alimentando o que eu chamaria de “A Arquitetura do Confronto”. Não se trata de uma guerra, mas do exercício do Estado de Direito.

Erra na simbologia quando faz crer que o que estarão em disputa no próximo domingo expressam visões igualmente legítimas. Essa, no fim das contas, é a maior de todas as falácias. No dia 17, os que defendem o triunfo do Artigo 85 da Constituição e da Lei 1.079, que o disciplina, hão de enfrentar aqueles que querem rasgar diplomas legais que são pilares do regime democrático.

E erra na matemática o governo do Distrito Federal quando faz supor que a sociedade brasileira está dividida, em partes iguais, sobre o impeachment da senhora Dilma Rousseff. Não! De uma lado, estão quase dois terços da sociedade brasileira, querendo que Dilma apeie ou seja apeada do poder; do outro, menos de um terço, que defendem a sua continuidade.

A burocracia do governo do Distrito Federal resolveu igualar os desiguais. E sempre que isso acontece é a virtude que se vê obrigada a ceder à indignidade do vício, não o vício às qualidades da virtude.

O “Muro da Vergonha” entrará para a história como o único legado do PT, que, infelizmente, ainda vai durar muito tempo, como uma ferida a incomodar os brasileiros. Mas um dia será uma cicatriz, da qual se tem uma triste memória, junto com a satisfação decorrente do fim da dor.

Lula e o PT separaram o Brasil entre “nós” e “eles”, de sorte, como já escrevi aqui, que o “eles” éramos nós, pessoas que o partido e seu demiurgo consideravam desprezíveis, e “nós” eram eles, os indivíduos de moral supostamente superior, acima das vicissitudes humanas, ocupados apenas em fazer o bem comum.

Erguidos os panos da República, expuseram-se — e estamos longe de saber tudo —  os horrores de uma máquina organizada para assaltar o Estado brasileiro. A realidade se revelou sem véus: “nós” éramos nós mesmos, os assaltados, os espoliados, os enganados, os humilhados pelo maior esquema de corrupção da história, tome-se qualquer país como exemplo. E “eles” eram eles na sua pureza criminosa.

Muro de Berlim
Um amigo me ligou no domingo à noite afirmando que parte da imprensa — a de esquerda, oram vejam! — estava se referindo de maneira pejorativa às placas de metal, chamando-as de “Muro de Berlim”. Esquerdistas dos dias que correm não estudam. Informam-se e deformam-se só pelas redes sociais. Não usam a Internet nem para baixar livros. Contentam-se com o que outros tão ignorantes como eles próprios expelem por aí.

Alguém mais informado deve ter dado o alerta, e a metáfora foi enfiada no saco. Mas eu a recupero. Trata-se, sim, do nosso Muro de Berlim —  erguido, o original, pelo regime comunista da Alemanha Oriental no dia 13 de agosto de 1961, separando, então, a Berlim Oriental, comunista, da Berlim Ocidental, capitalista. O muro só caiu em 1989, com a derrocada da União Soviética e dos regimes comunistas do Leste Europeu.

Durante 48 anos, o muro se tornou o símbolo de um mundo falsamente dividido em duas moralidades, ambas supostamente legítimas e assentadas em justas aspirações humanas. Uma ova! No mundo comunista estavam a ditatura, o terror, o atraso, a violência, a destruição da individualidade, o esmagamento dos direitos.

Do outro lado, assentavam-se as chances de uma vida digna — o que nunca quis dizer que todos os países capitalistas tivessem ou tenham oferecido — ou ofereçam ainda hoje — condições dignas de vida a seus cidadãos. Mas, antes como agora, isso quer dizer que a democracia só é compatível com o capitalismo, embora possa existir capitalismo sem democracia. Tal realidade nos conduz ainda a outra implicação: não existe socialismo sem ditadura, embora nem toda ditadura seja socialista.

Sim, o socialismo, como alternativa civilizatória, morreu em 1989, restando, mundo afora, não mais do que aleijões morais como Cuba, Coreia do Norte ou Angola, onde autoritários disputam com ladrões para saber quem impõe com mais determinação a sua agenda.

Mas o muro sobrevive nas mentalidades de grupelhos que aparelharam o Estado brasileiro, a serviço do PT, e que se organizam para cassar direitos inalienáveis do povo brasileiro.

Não se enganem: o Muro da Vergonha que se ergue na Esplanada dos Ministérios não traduz o que se passa na alma e nos anseios da esmagadora maioria do povo. Por isso mesmo, cumpre lembrar ainda uma vez: foi o regime comunista que ergueu o Muro de Berlim, não o contrário; era a tirania com medo da liberdade, nas a liberdade com medo da tirania. Porque não havemos de ter medo. Agora é hora da coragem serena.

Recomendo a todos que assistam ao filme “Adeus, Lênin”, de 2003, dirigido por Wolfgang Becker. Trata justamente da queda do Muro de Berlim e do fim do horror comunista da Alemanha Oriental. Mas não só: ali também se compreende que a pior de todas as ditaduras é aquela que se apodera da nossa consciência.

De certa forma
De certa forma, é mesmo verdade. Vinte e sete anos depois da queda do Muro de Berlim, foi preciso erguer o nosso próprio muro, simbolizando o que Lula e o PT fizeram com o Brasil nos últimos 14 anos, para que possamos derrubá-lo.

Também daremos o nosso “Adeus, Lênin”. Vamos dar o nosso “Adeus, Lula”. E vamos aproveitar para nos despedir também de Don Corleone.

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo, veja.com

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