Na FOLHA: Liderados por Tarso Genro, deputados do PT cogitam fazer desfiliação coletiva

Publicado em 11/04/2016 06:33
por CATIA SEABRA

Com a simpatia do ex-ministro Tarso Genro, 26 deputados federais do PT discutem o desembarque coletivo do partido após as eleições municipais de outubro. Esses descontentes representam quase a metade da bancada do PT hoje em exercício na Câmara de Deputados: 57.

O movimento inclui nomes como os de dois ex-presidentes da Casa —Arlindo Chinaglia (SP) e Marco Maia (RS)— e da ex-ministra Maria do Rosário (RS). A desfiliação começou a ser organizada no segundo semestre de 2015, tendo como ponto de partida a criação da tendência Muda PT, que somava 35 deputados à época.

Originalmente, esses insatisfeitos se valeriam de uma janela aberta para que parlamentares deixassem seus partidos sem perda de mandato, mas essa brecha foi fechada em 31 de março.

A saída não foi explorada por causa do avanço do processo de impeachment de Dilma Rousseff no Congresso. Com o risco de afastamento da presidente, os petistas tiveram que concentrar seus esforços na defesa do mandato de Dilma. Daí a decisão de retomar o debate após a corrida municipal.

Até lá, será possível mensurar os danos sofridos pelo partido e suas perspectivas para as eleições de 2018.

"Nossa prioridade é defender o governo", afirma Maria do Rosário.

Segundo articuladores do movimento, o ex-líder do governo Henrique Fontana (RS) também integra o grupo numa aliança com Tarso Genro.

No Rio Grande do Sul, Tarso organiza a criação de um novo partido, que poderia servir de porta de saída para petistas desiludidos com a atual direção da sigla.

Deputados estaduais gaúchos ligados a Fontana já avisaram a seus apoiadores a decisão de sair do PT depois das eleições. A hipótese foi aventada numa reunião com Tarso há cerca de 20 dias.

"Alertei nesta conversa que agora nossa tarefa é enfrentar o impeachment. E que só depois das eleições municipais esse assunto teria pertinência", afirma Tarso, sem descartar a possibilidade.

Fontana, no entanto, nega qualquer articulação: "Estou filiado ao PT há 27 anos e desautorizo qualquer especulação em meu nome".

Petistas ligados ao movimento temem que a explicitação de seus nomes prejudique a defesa do governo Dilma, num momento tão decisivo. Eles alegam que a maior fonte de descontentamento está nos caminhos escolhidos pelo partido desde a explosão do escândalo do mensalão. Os descontentes criticam práticas adotadas pela tendência CNB, que controla a sigla.

DISPUTAS LOCAIS

Além do desgaste na imagem do PT, disputas internas e locais ditam a decisão de saída. O prefeito de Embu das Artes (SP), Chico Brito, anunciou na quinta-feira (7) sua desfiliação sob o argumento de que não poderia apoiar exclusivamente o candidato petista à sua sucessão. Na cidade, foi acusado de privilegiar um adversário.

Com sua saída, chega a 25 o número de prefeitos que deixaram o PT no Estado de São Paulo, berço da sigla –um terço dos 72 eleitos em 2012.

O maior desfalque foi em Osasco (SP), onde o prefeito Jorge Lapas trocou o PT pelo PDT. Ao se desfiliar, Lapas levou com ele todos os partidos então aliados ao PT e uma fatia significativa da base petista. Ele também compôs com o DEM. Na saída, culpou o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha, condenado no mensalão.

"João Paulo lidera um grupo do partido que só me atrapalhou. Sofri o desgaste do partido nessa crise e nunca tive reconhecimento", disse.

 

Não tá favorável (por VALDO CRUZ)

Brasília - Na semana decisiva para o futuro da presidente Dilma Rousseff, a vida não está tranquila nem favorável para ninguém.

Pelos gabinetes da Esplanada dos Ministérios, só se faz o básico. Às vezes, nem isso. O governo parou à espera da votação do impeachment. O único departamento a todo vapor é o da distribuição de cargos.

Varejão que fez o vento soprar a favor da presidente, mas que logo mudou de rumo depois da delação da Andrade Gutierrez. Doações, segundo seus executivos, foram feitas com propina para a petista.

Tucanos também não têm o que comemorar. Seus candidatos a presidente despencaram na pesquisa Datafolha. Pior, enquanto eles caem, Lula sobe nas intenções de voto e divide a ponta com Marina.

Se tem o que festejar com o resultado do Datafolha, o ex-presidente, de outro lado, vê cada vez mais ameaçada sua posse na Casa Civil. Rodrigo Janot mudou de ideia e quer anular sua nomeação.

Um recado, por sinal, nada favorável para a presidente Dilma. A decisão do procurador-geral indica que ele pode pedir autorização ao STF para investigar a petista por tentativa de obstrução da Justiça.

Já o vice Michel Temer descobre que a delação da Andrade pode derrubá-lo junto com Dilma. E o Datafolha mostra que a maioria do eleitorado deseja que ele tenha o mesmo destino da presidente.

Num cenário de tanta incerteza, quem não está nada tranquilo é o país. A inflação caiu não por méritos do governo, mas por causa da brutal recessão, fruto dos equívocos cometidos pela presidente.

O desemprego continua a subir e não se enxerga, no horizonte, nada que esteja sendo feito para contê-lo. Pelo contrário, Dilma, para escapar da degola, compromete a cada dia mais o equilíbrio fiscal.

Não por outro motivo tem petista que se pergunta se vale a pena tudo isso diante de uma queda que muitos consideram quase inevitável. 

 

A última chance de perder

Por CELSO ROCHA DE BARROS, na FOLHA DE S. PAULOCelso Rocha de Barros

Se o impeachment for derrotado, o PT terá desperdiçado sua última chance de perder a eleição de 2014. O novo governo precisará tomar decisões difíceis. É preciso que a esquerda entenda que a batalha do próximo fim de semana será sobre quem as tomará.

Torço para que o impeachment seja rejeitado. Mas é importante saber o que se está defendendo. O mandato sobrevivente, faça o que fizer além disso, precisará fazer um ajuste fiscal sério. E precisará deixar a Lava Jato continuar seu trabalho.

Há rumores de que uma nova Carta ao Povo Brasileiro esteja em processo de redação. Só faz sentido se forem Lula e PT aceitando que algum tipo de ajuste fiscal precisa ser feito. Podem embrulhar o ajuste em um pacote com coisas mais palatáveis, e, se conseguirem fazê-lo sem prejudicar demais as contas públicas, será ótimo. Mas o ponto de partida tem que ser o que Nelson Barbosa vem propondo. Se não for assim, o novo "WhatsApp ao povo brasileiro" não conseguirá nem aquele segundo traço do lado indicando que a mensagem foi lida.

Se o PT quer salvar o mandato de Dilma para continuar se opondo ao ajuste como estava fazendo no começo do ano, que não o salve. Vá para a oposição com o PSOL, retire-se, reorganize-se. Não é o que quero que aconteça: quero que Dilma mantenha seu mandato e faça o ajuste.

É claro, minha crítica não vale para a oposição de esquerda que se juntou à luta contra o impedimento. Essa turma não tem cargos no governo, e pode continuar se opondo ao que quiser. O PT tem muitos cargos no governo. Se o partido quiser se opor às medidas de Barbosa, que os entregue, como o PMDB fez. Ou disse que ia fazer. Enfim, vocês entenderam.

Também é óbvio que ninguém precisa parar de brigar por justiça tributária ou reforma agrária, por bandeiras LGBT ou pela preservação ambiental, e propostas nessas áreas que não destruam o orçamento serão bem-vindas (como já deveriam ter sido antes). Mas se tivermos uma nova carta ao povo brasileiro ela precisa começar com uma adaptação da carta de Temer: "Verba acabouns".

Além disso, se você se opõe ao impeachment na esperança de parar a Lava Jato, não se iluda: será muito mais fácil fugir no governo Temer. Não vão deixar o PT fazer tudo o que o PMDB fará. Tenho certeza de que os corruptos de direita aceitarão petistas em um eventual acordão pós-impeachment. Se você é um petista querendo fugir da cadeia, meu conselho é trair o PT e se acertar com o outro lado. Até porque, se essa for sua situação, você já deve ter feito coisa pior.

Em 2002, a Carta ao Povo Brasileiro não tinha como objetivo só tranquilizar o mercado. Era também um aviso à militância: governaremos conversando com o outro lado. É justo que se diga a mesma coisa agora, quando os militantes de esquerda novamente mostram que são melhores que seus dirigentes. O primeiro mandato de Lula tinha, entre outras missões, a de mostrar que a esquerda podia governar responsavelmente. O segundo governo Dilma tem exatamente a mesma tarefa. No longo prazo, isso é fundamental para todos os outros objetivos dos progressistas.

O mais provável é que o impeachment passe. Se a sorte der a vitória ao PT, que ela não seja desperdiçada com aventuras. A deusa Fortuna é mulher, e adora derrubar marmanjo marrento.

 

Integrantes do governo até admitem novas eleições para presidente e vice, mas mediante condições

nA COLUNA PAINEL (desta 2a.-feira)

Confabulações O governo está menos reticente do que parece à proposta de novas eleições presidenciais. O tema ainda é proibido, pois o foco é vencer o impeachment, mas já circulou por ministérios petistas. Para os defensores da ideia, só seria possível discutir a hipótese de renúncia mediante duas condições: o vice Michel Temer também abrir mão do cargo e a realização de uma profunda agenda de reformas para recolocar o país nos trilhos. Tudo isso, claro, se Dilma vencer a votação de domingo (17).

Ouvi falar O assunto foi discutido de forma discreta tanto no Planalto quanto no Royal Tulip — onde Lula está hospedado — antes mesmo de o Datafolha mostrar o ex-presidente em condição eleitoral competitiva.

Não vinga A ideia de uma eleição “solteira” para presidente e vice parte da avaliação de que seria impossível viabilizar eleições gerais, pois exigiria a renúncia coletiva dos 513 deputados, 81 senadores e de todos os seus suplentes.

Pressão Eduardo Cunha e líderes de oposição procuraram neste domingo (10) o governador Rodrigo Rollemberg (DF) pedindo que ele permita o avanço de manifestantes sobre o gramado do Congresso no dia da votação do impeachment no plenário.

Sei não Partidários da deposição de Dilma querem que os deputados possam ouvir os protestos do lado de fora da Câmara durante a sessão. A proposta é dividir a área externa entre as duas torcidas. O governador, porém, mostrou-se receoso.

Vale pra um Advogados próximos à oposição veem no parecer de Rodrigo Janot sobre a posse de Lula margem para pedir a reversão de todas as nomeações recentes.

Vale pra outro Dizem que, se houve desvio de finalidade no convite ao ex-presidente, podem argumentar o mesmo sobre as nomeações para atrair votos contra o impeachment.

Passa a régua? Tucanos apostam que a Procuradoria-Geral da República não levará adiante uma investigação contra Aécio Neves (PSDB-MG) a partir da delação de Delcídio do Amaral.

Fogo antigo Sustentam que as citações contra o senador mineiro já foram objeto de arquivamento em casos anteriores.

Carece não Um dos trechos da delação de Delcídio do Amaral diz não ser preciso checar as datas registradas na agenda parlamentar do senador: “Nem é preciso submetê-la a uma perícia oficial”.

Gato por lebre? Uma parte dos investigadores da Lava Jato aponta falha de colegas procuradores ao dar de barato que o documento de Delcídio é totalmente verídico. “Um pouco de dúvida não faz mal a ninguém, né?”, ironiza um deles.

Agiotagem O presidente do Sebrae, Afif Domingos, está furioso com a ideia do governo federal de usar o compulsório bancário para resgatar dívidas de grandes empresas no exterior. “É revoltante, pois as pequenas continuam sem ser atendidas”, disse ele.

Não está sendo fácil Do presidente do PPS, Roberto Freire, sobre Paulo Maluf e Fernando Collor terem se posicionado a favor do impeachment: ‘Quando até essas duas figuras abandonam o barco, é porque a situação é mesmo insustentável’.”

 

Por uma Constituinte exclusiva

Por EDUARDO GIANETTI

Em qualquer lugar do mundo, as regras do jogo e a qualidade dos jogadores são os dois elementos essenciais de um sistema político. No curto prazo, gostemos ou não, a qualidade dos políticos em exercício e dos postulantes a cargos públicos está dada: os jogadores são o que são e o que é razoável esperar deles dependerá do seu caráter e das oportunidades com que se deparam.

As regras do jogo, ao contrário, são passíveis de mudança. Elas definem os parâmetros, as restrições e os incentivos dentro dos quais correrá a partida.

É natural que o embate entre os que apoiam e rejeitam o impeachment de Dilma Rousseff –ou a realização antecipada de novas eleições– mobilize as paixões do momento, mas isso não deveria desviar a atenção do cerne da crise brasileira: a falência do presidencialismo de coalizão. Nenhuma troca de governantes –muito menos pela cúpula do PMDB– será capaz por si só de desatar o nó e solucionar o impasse a que chegamos.

O presidencialismo de coalizão tornou-se o modus operandi do poder no Brasil. Para governar, o presidente eleito precisa garantir maioria no Congresso. E, para obtê-la, ele cede nacos de poder –ministérios, cargos, verbas, estatais– aos partidos interessados em troca de apoio. "Quid pro quo": toma lá da cá.

À medida que o capital político do presidente se deprecia, o preço do apoio sobe. Quando FHC saiu a campo para aprovar a emenda da reeleição e quando Lula viu sua sobrevivência ameaçada pelo mensalão, ambos se aliaram ao que há de mais sinistro na política brasileira.

No governo Dilma, essa prática foi levada às raias do absurdo. No início do seu segundo mandato, com o capital político renovado nas urnas, ela loteou 39 ministérios entre dez partidos e nem sequer elegeu o presidente da Câmara dos Deputados. Entregou e não recebeu.

O Brasil tem 35 partidos registrados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) –28 com assento no Congresso Nacional– e não possui de fato nenhum partido. O que temos são grupos de interesse fragmentários –PMDB à frente– que se especializaram num jogo não cooperativo e predatório com o Executivo, baseado em táticas de bloqueio, chantagem e sucção de benesses.

O modelo é análogo ao da relação entre hospedeiro e parasita na biologia: quanto mais se enfraquece o executivo-hospedeiro, mais assanhados e gulosos se tornam os partidos-parasitas. A novidade é que o parasita-mor vislumbra agora a chance de virar hospedeiro. Alguns dos partidos "aliados" chegam a ser tão corruptos que não podem ser comprados, apenas alugados.

A disfuncionalidade da política brasileira decorre de um problema institucional. Daí que a simples troca dos atores ou uma improvisada gambiarra parlamentarista sejam, no melhor cenário, apenas paliativos fadados a ser rapidamente atropelados por novas crises e impasses.

A falência do presidencialismo de coalizão, precipitada pelo desastre do governo Dilma, impõe repensar o modus operandi da política brasileira: sistema de representação, financiamento de campanha e regras para a formação de uma quadro partidário sólido e consistente com a boa governança democrática.

O caminho é a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva e restrita à reforma política. A regra primordial –daí o termo "exclusiva"– é separar o processo constitucional, responsável pela definição das regras do jogo, dos interesses em jogo no embate político-partidário: quem se eleger e participar da Constituinte fica impedido de se candidatar a cargos eletivos durante cinco anos.

A gravidade da crise permite sonhar com a possibilidade de que a nossa democracia deixe de ser um lamentável mal-entendido.

EDUARDO GIANNETTI, 59, economista e escritor, é autor de "O Valor do Amanhã", publicado pela Companhia das Letras, e de "Trópicos Utópicos", que sairá em junho pela mesma editora. Foi assessor da ex-senadora Marina Silva nas campanhas à Presidência da República em 2010 e 2014

 

 

Para inglês ver (por FERREIRA GULLAR)

O país está assistindo, nestes últimos meses, a uma inacreditável farsa, cujos personagens principais são o ex-presidente Lula, a presidente Dilma Rousseff, os dirigentes do PT e seus representantes no Congresso Nacional.

Em face da revelação do uso que fizeram da Petrobras e da máquina estatal, saqueando-as para se manterem no poder; em face das delações premiadas feitas pelos participantes desses crimes contra a nação brasileira; em face das comprovadas propinas que encheram os bolsos dos sócios de Lula e subvencionaram as campanhas eleitorais e os cofres do PT e dos partidos aliados; em face de tudo isso, não resta ao Lula, à Dilma e a seus sócios, senão inventar uma falsa versão dos fatos para assim passarem de vilões a vítimas.

E foi então que surgiu a versão do golpe que estaria sendo tramado contra o governo de Dilma Rousseff. Mas tramado por quem? Pela Procuradoria da República? Pela Justiça? Pelo Supremo Tribunal Federal?

Ou seja, trata-se de um golpe que seria consumado pelas instituições legais do país? Noutras palavras, um golpe que segue o que as leis determinam?

Então será esta a primeira vez na História que se chama de golpe, não a violação dos princípios constitucionais, mas sua aplicação!

Quer dizer, nesta nova e surpreendente concepção petista, segundo a qual golpe é cumprir a lei, respeitar a democracia seria não punir os corruptos que a Operação Lava Jato identificou e que levaram a Petrobras à beira da falência. Prender os donos das empreiteiras que, através de contratos fraudulentos, roubaram bilhões de reais à empresa estatal, seria antidemocrático, conforme a nova concepção petista de democracia, defendida por Lula, Dilma e seus comparsas. Democrático é deixá-los livres e felizes, já que, generosamente, doaram milhões ao Instituto Lula e financiaram a campanha eleitoral de Dilma Rousseff.

Quem viveu no Brasil dos anos de 1960 aos 80 sabe muito bem o que é golpe e o que não é democracia.

Os militares golpistas de 1964 não propuseram que o Congresso votasse o impeachment do então presidente João Goulart. Simplesmente puseram os tanques na rua, fecharam o Congresso e entregaram o governo a um general.

Os que teimaram em defender a democracia foram simplesmente encarcerados e muitos deles assassinados. Os meios de comunicação foram censurados, de modo que nenhuma palavra contra o golpe podia ser veiculada.

Aliás, a presidente Dilma Rousseff conhece muito bem essa história, pois participou dela, integrando o movimento da luta armada, o que a levou à prisão por parte dos militares.

Que o ex-presidente Lula –que, como sempre, jogou com um pau de dois bicos, já que se entendia muito bem com o general Golbery do Couto e Silva, homem-chave do governo militar– queira se fazer de desentendido, já era de se esperar.

Mas Dilma, não, ela experimentou na carne o que é golpe e o que é ditadura. Não obstante, está agora representando um papel que lamentavelmente não condiz com seu passado.

Alguma coisa parecida com 1964 está ocorrendo no Brasil de hoje? Muito pelo contrário. O que estamos assistindo é a uma sucessão de medidas da presidente de República para comprar, com ministérios e cargos, os votos do partido que rompeu com ele –o PMDB– e de partidos menores que se vendem por qualquer cargo.

O suposto golpe de hoje, a que Dilma se refere, portanto, é diferente, tanto que ela mesma afirmou estar disposta a "lançar mão de todos os recursos legais" para defender-se e evitar que o impeachment se concretize. É bom lembrar à "presidenta" que, quando se trata de golpe, os recursos legais não funcionam. Não é, portanto, o caso.

Pois bem, mas se há uma coisa que me surpreende em tudo isso é alguns artistas e intelectuais acreditarem nesse golpe inexistente, inventado pelos petistas.

Por que acreditam em tão deslavada mentira? Por ignorância não é, pois são todos muito bem informados. E, se não é por ignorância, só pode ser porque têm necessidade de se enganarem. Preferem a mentira à verdade.

E por falar nisso, que constrangedora a defesa que fez o advogado-geral da União também repetindo que o impeachment é golpe. E diz isso com a ênfase de quem fala a verdade! Haja saco! 

 

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Fonte:
Folha de S. Paulo

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